O governo concedeu o que podia e o que não devia. Oito das nove entidades estaduais e nacionais que se autointitulam representantes dos caminhoneiros e do transporte rodoviário presentes à reunião assinaram o acordo na noite de quinta-feira (24/5). O resultado do encontro em Palácio foi anunciado como se a greve tivesse chegado ao fim.
Mas como diz a letra de Zé Ninguém, “aqui embaixo as leis são diferentes”. A sexta-feira amanheceu com as coisas como estavam na noite passada, ou melhor, pior: os 200 bloqueios no Paraná permanecem, a Ceasa de Maringá não comercializou nenhuma batata, acabou o gás, as bombas dos postos estão desligadas e novas restrições vieram.
A prefeitura suspendeu as aulas nas creches e escolas de ensino fundamental por três dias, porque não tem gás para fazer a merenda nem combustíveis para o transporte. Tá bom. E os pais desses quase 40 mil pequenos, vão deixar os filhos com quem? Faltarão ao trabalho? Talvez os caminhoneiros façam um mutirão para ajudá-los.
A UEM e a Unicesumar seguiram no mesmo trilho. As aulas foram suspensas nas duas instituições, a partir desta sexta-feira, até que a crise no abastecimento dos combustíveis passe. Só na estadual são cerca de 20 mil estudantes. Os alimentos do RU da UEM foram levados para o Hospital Universitário, para dar uma sobrevida ao estoque.
O Hospital Municipal, assim como a Santa Casa de Maringá, nesta sexta, também deixou de realizar cirurgias eletivas até que a situação se normalize. Tudo bem, só faz alguns meses que os pacientes estão na fila mesmo. Vão sobreviver com os males que lhes acometem por mais alguns dias. Sabe-se lá quantos.
Os frangos deixaram de morrer para matar a fome, agora morrem de fome. O mesmo tende a ocorrer com os suínos, já que a ração não está chegando nas granjas. Leite está sendo jogado fora, gôndolas de supermercados começam ficar com espaços vazios e o principal jornal de Maringá está impedido circular na região.
O governo demorou para agir e quando agiu falou com as pessoas erradas. Parcelas importantes da população manifestaram solidariedade aos caminhoneiros, fizeram carreata, buzinaço e baixaram portas de lojas. Bacana, o Brasil precisa disso, mas os direitos de uns terminam exatamente onde começam os dos demais.
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