As histórias por trás da popular “estampa de oncinha”

Por: - 16 de dezembro de 2021
Bettie Page e a sensualidade do animal print

Cafona, sexy, glamourosa. Definições não faltam quando o assunto é a famosa padronagem de oncinha. Mas você sabe por que associamos estes adjetivos a esta estampa tão popular? Tem tudo a ver com as suas origens e as modificações que foi sofrendo durante a história do vestuário. 

Não deve ser difícil de imaginar que antes das estampas, eram as peles dos animais em si que eram usadas para cobrir o corpo. É difícil determinar exatamente a partir de quando o

homem passou a usar a pele de leopardos e onças, mas é possível afirmar que na antiguidade o hábito de vestir-se com a pele dos animais estava relacionado com a crença em adquirir os poderes e habilidades do animal em questão. Em diversas culturas, esse costume estava intimamente ligado à demonstração de poder. A deusa egípcia Seshat, por exemplo, é muitas vezes retratada vestindo pele de leopardo; antigos líderes do continente africano usavam as peles como símbolo de autoridade e realeza. 

 

Da tradição para a moda

Estampa de leopardo na luxuosa coleção de 1947 de Christian Dior.

O cinema dos anos 30, com o lançamento de filmes como Tarzan, teve papel importante na transformação da estampa em objeto de desejo. No entanto, a primeira vez que estampas imitando a pele de onça foram parar na passarela foi em 1947, em uma coleção do icônico estilista Christian Dior. Ele foi o primeiro a substituir a pele verdadeira pela padronagem, desenhando um conceito de mulher poderosa e independente. Na década de 50, graças a volúpia das pin-ups, como Bettie Page, a padronagem foi ganhando uma interpretação mais sensual, usada em peças de lingerie. 

Mesmo com o surgimento das padronagens que imitavam pele, as pessoas de alto poder aquisitivo ainda faziam questão de usar as peles verdadeiras, como demonstração de sua riqueza. Foi só na década de 60, quando a exploração do mercado das peles estava no auge e muitos animais entraram em risco de extinção por conta da indústria, que as estampas de leopardo começaram a verdadeiramente se popularizar.

Jackie Kennedy usando casaco com estampa de leopardo em 1967

Na década de 70 com o movimento punk e o glam rock a estampa de onça mais uma vez passou por uma mudança de símbolos. Rebeldes e subversivos começam a usar peças com a padronagem, muitas vezes em materiais baratos e de baixa qualidade – o que contribuiu muito para que começasse a ser lida como algo cafona e vulgar. Dos anos 80 em diante ela foi adotada por marcas com um DNA extremamente sensual, como Versace e Roberto Cavalli, um mix de kitsch e sedução. 

id Vicious, líder da banda punk Sex Pistols

Independente de gosto, o fato é que a estampa de oncinha já é um clássico da moda, que vai e volta, revisitada de maneiras diversas. E por mais que seus símbolos flutuem e mudem de tempos em tempos, usar o desenho da pele de um animal tão potente como o leopardo ou a onça sempre estará ligado com uma mensagem de imponência e poder.

Marc Bolan, da banda glam T.Rex

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