Ver um bom filme, sozinho ou com quem a gente gosta, é uma ótima maneira de se entreter sem sair de casa, né? Afinal, hoje em dia, nos serviços de streaming, você encontra todos os títulos que você quiser a um clique de distância. Até mesmo os filmes mais recentes, lançados nas telonas, ficam disponíveis rapidinho.
Serviços como o Claro NOW — oferecido gratuitamente, com mais de 30 mil conteúdos entre filmes e séries para assinantes dos planos de internet, TV por assinatura e telefonia da Claro —, permite que você alugue os maiores lançamentos por um precinho bem mais camarada que o ingresso do cinema.
Mas, tão interessante quanto acompanhar os filmes em si é ficar por dentro de seus bastidores. Tanto que há várias produções dedicadas a mostrar as emoções que rolam por trás das câmeras. Uma das que mais fez sucesso recentemente é “Era uma Vez em… Hollywood”, em que o diretor faz uma crônica sobre as mudanças na indústria do entretenimento nos anos 60, misturando ficção e uma reinterpretação de fatos reais.
Recentemente, os irmãos Coen também arrasaram com “Ave, César”, uma comédia que satiriza os filmes épicos dos anos 1950.
Os bastidores do cinema são tão ricos em histórias que há filmes sobre eles sendo feitos há muito tempo. Dois exemplos que devem ser citados são os clássicos “Crepúsculo dos Deuses”, de 1950, que mostra uma ex-estrela do cinema mudo, que fica louca com o ostracismo, e “Cantando na Chuva”, de 1952, um lindíssimo musical sobre a mudança do cinema mudo para o falado. É dele a cena clássica em que Gene Kelly canta “I’m singing in the rain, just singing in the rain…”.
Se histórias fictícias sobre o que acontece em Hollywood já geram tanta fascinação, imaginem o que realmente acontecia por trás das câmeras! Por isso, nesse artigo, separamos dez histórias incríveis sobre a produção de filmes famosos.
Atores que se arrependeram de recusar papéis
Filmes: Matrix (1999), Toy Story (1995)
Dá para imaginar o Neo, de “Matrix”, sendo feito por outro ator que não Keanu Reeves? Pois saiba que a primeira escolha das irmãs Wachowski para interpretar o herói era Will Smith. Ele recusou participar da ficção científica para estrelar a comédia “As Loucas Aventuras de James West”, que parecia ter mais probabilidade de fazer sucesso. O filme de Smith foi um fracasso de público e crítica, enquanto “Matrix” se tornou um clássico. O ator já afirmou em entrevistas que se arrepende da escolha.
Outro ator que perdeu a oportunidade de fazer parte de um grande sucesso foi Bill Murray, a primeira voz selecionada para dublar Buzz Lightyear no clássico “Toy Story”. Ele foi convidado nos estágios iniciais de produção e não tinha ideia de que o personagem e o filme tornariam-se tão icônicos. Por isso, ele disse que quando a produtora Pixar fez um novo convite para ele — dessa vez para viver o Mike de “Monstros S.A.” —, ele aceitou sem pensar duas vezes.
Mudamos de ideia, Pixar!
Filme: Toy Story (1995)
Outro “personagem” que se arrependeu de não participar do filme em que brinquedos ganham vida foi a Barbie. Explicando melhor, a Pixar fez uma proposta para a Mattel, fabricante da boneca mais famosa do mundo, para que ela fosse o “crush” do cowboy Woody, no filme.
Contudo, a empresa se recusou, dizendo que não queria a boneca em nenhum filme de animação, para que as meninas que brincam com ela pudessem imaginá-la com a personalidade que quisessem. Porém, depois do sucesso do primeiro filme, a Mattel repensou sua decisão e ofereceu a Barbie para participar das sequências de Toy Story.
Simpático demais, só que não!
Filme: O Exterminador do Futuro (1988)
O Exterminador ou “The Terminator”, no original, se tornou um personagem clássico do cinema nas mãos do futuro governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger. Mas, antes disso, os produtores cogitaram escalar o ex-jogador de futebol americano O.J. Simpson para interpretá-lo. Sabe por que eles mudaram de ideia? Porque O.J. era muito simpático para interpretar um personagem “sombrio” como o Exterminador.
Pois bem… Anos depois, O.J. Simpson foi acusado de algo muito mais macabro que qualquer filme: o assassinato de sua própria esposa. Os Estados Unidos pararam para acompanhar o julgamento, que resultou na absolvição de O.J., embora ainda existam dúvidas sobre o caso. A carreira do ex-jogador afundou e, posteriormente, ele foi preso por outros crimes menores.
Músicas que quase não entraram nos filmes
Filmes: O Mágico de Oz (1939), A Pequena Sereia (1989) e Frozen (2013)
Como você deve se lembrar, “O Mágico de Oz” conta a clássica história da menina Dorothy, vivida pela jovem Judy Garland, que é levada com o seu cachorro Totó para um mundo fantástico. Antes disso, ela canta a belíssima canção “Over the Rainbow” (ou “Além do Arco-Írís”, em português), uma das mais conhecidas e regravadas de todos os tempos. Você sabia que a música quase não entrou no filme? Os produtores achavam que ela era triste demais para ser cantada logo no início. Ainda bem que eles mudaram de ideia, né?
A mesma coisa aconteceu em “Frozen – Uma Aventura Congelante”, com a canção “Você Quer Fazer um Boneco de Neve?”. Ela mostra a pequena Anna triste por não poder brincar com sua irmã Elsa e é importante para dar o tom da relação fraternal que é o centro da história. Contudo, os produtores achavam que a canção tornava o filme lento demais e só se decidiram por mantê-la na última edição, momentos antes do filme ser lançado.
Para terminar, outra canção clássica que quase ficou de fora da edição final foi “Parte de Seu Mundo”, que Ariel canta em “A Pequena Sereia”. Em uma das primeiras exibições do filme, um menininho deixou cair seu pacote de pipoca no meio da música, fazendo com que o diretor pensasse que ela era “chata” para as crianças pequenas e quisesse tirá-la da edição final. Mas o resto da equipe bateu o pé e a música continuou, ficando marcada na memória de milhões de pessoas que assistiram ao filme.
Um clássico (quase) injustiçado
Filme: Cidadão Kane (1941)
“Cidadão Kane” é uma obra prima do diretor Orson Welles e considerado por muitos críticos como o melhor filme de todos os tempos, simplesmente. Ele conta a história do milionário da mídia Charles Foster Kane, que morre logo nos primeiros minutos de filme repetindo a palavra “Rosebud…”. Isso faz com que os jornalistas fiquem malucos para descobrir o que é o tal Rosebud e o filme volta no tempo para mostrar a trajetória de Kane.
O filme causou uma polêmica imensa nos Estados Unidos, na época, por ser claramente inspirado na vida de um milionário real: William Randolph Hearst, dono de uma enorme empresa de mídia, que tinha vários jornais por todo o país. As confusões começaram desde antes do lançamento, com os rumores sobre a inspiração de Welles.
Louella Parsons, uma das maiores colunistas de fofocas de Hollywood, na época, almoçou com o diretor e acreditou quando ele disse que tudo não passava de boatos. Até que, nas primeiras exibições de “Cidadão Kane”, a inspiração ficou clara e a rival de Parsons — Hedda Hopper — escreveu uma crítica ferrenha ao filme, dizendo que a produção era “um ataque irresponsável a um grande homem”.
Hearst, que era chefe das duas, ficou furioso e humilhou Parsons por não tê-lo avisado antes sobre o assunto. Isso fez que as duas colunistas começassem uma campanha contra o filme, enquanto Hearst tentou convencer o estúdio a cancelar o lançamento de “Cidadão Kane”. A rivalidade entre Parsons e Hopper começou aí e durou décadas, se tornando uma das histórias mais clássicas Hollywood.
O estúdio se recusou e o magnata começou uma campanha feroz para boicotar a obra-prima de Welles: os críticos de seus jornais simplesmente ignoraram “Cidadão Kane” ou falaram muito mal dele. Além disso, há boatos de que Hearst tentou incriminar Welles por abuso de menores, escondendo uma menina menor de idade em seu quarto de hotel.
Todos os esforços do magnata deram resultado, fazendo com que “Cidadão Kane” tivesse apenas uma bilheteria modesta. Porém, nas décadas que se seguiram, mais e mais críticos reconheceram as qualidades técnicas e as inovações dessa verdadeira obra de arte do cinema. Os bastidores do embate entre Welles e Kane acerca de “Cidadão Kane” inspiraram documentários e até um filme de ficção, “RKO 281”, lançado em 1999.
Dando o sangue pela arte, literalmente
Filme: Django Livre (2012), Meu Pé Esquerdo (1989),
Os filmes do diretor Quentin Tarantino são conhecidos pela quantidade de sangue despejada nas telas, mas por essa cena de “Django Livre” nem ele mesmo esperava. No filme, Jamie Foxx vive um escravo alforriado, que acompanha o caçador de recompensas Dr. Schultz (Christoph Waltz) e enfrenta o poderoso Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), para libertar sua mulher, Broomhilda (Kerry Washington).
Em um cena, DiCaprio socou a mesa com tanta força que ele quebrou uma taça e cortou sua mão feio. O sangue começou a jorrar, mas o ator se recusou a parar as filmagens, continuando no personagem. Ele até mesmo passou a mão ensanguentada no rosto da atriz Kerry Washington. Nem precisamos dizer que Tarantino adorou a entrega do ator e a cena foi para a versão final de “Django Livre”, né?
Outro ator que sentiu na pele os esforços para permanecer no personagem foi Daniel Day-Lewis, em “Meu Pé Esquerdo”. Para viver o papel de um homem que só podia usar esse pé, ele fez um intenso trabalho corporal e andava o tempo todo dessa maneira. Isso fez com que ele quebrasse duas costelas, durante as filmagens.
Brigas em frente e atrás das câmeras
Filme: O que Terá Acontecido a Baby Jane? (1962)
Esse filme de suspense narra a tensão entre as irmãs Jane e Blanche Hudson, vividas por Bette Davis e Joan Crawford, respectivamente. Jane faz um enorme sucesso quando criança, enquanto Blanche se torna uma atriz famosa na juventude, despertando a inveja da primeira.
Em uma noite, Blanche sofre um grave acidente, que a torna paraplégica, e a culpa recai sobre Jane. Muitos anos depois, Blanche está presa em sua cadeira de rodas, aos cuidados de Jane, que está cada vez mais próxima da loucura. Nada disso é spoiler e acontece logo nos primeiros minutos de filme, então você imagina o que vem depois disso…
Mas ainda mais tenso do que o próprio roteiro do filme foram os bastidores de “O que Terá Acontecido a Baby Jane?”. Joan Crawford e Bette Davis tinham algumas diferenças desde antes da produção, já que a primeira sentia que a segunda não a respeitava como atriz. Mesmo assim, quando foi convidada para viver Blanche Hudson, foi ela quem sugeriu o nome de Davis para viver sua irmã. Esta, por sua vez, levava seu trabalho muito a sério e não gostava das atitudes de diva que Crawford tinha no set.
Tudo começou a piorar quando os produtores observaram que a tensão entre as duas estrelas podia render buzz para o lançamento do filme. Então eles começaram a armar diversas situações para causar ainda mais brigas! Lembra de Louella Parsons e Hedda Hopper, as colunistas de fofoca que citamos no item sobre “Cidadão Kane”? Elas têm papel central aqui. Hopper era amiga próxima de Crawford e publicou várias notícias sobre os bastidores do filme, que aumentaram as confusões no set.
Entre vários outros problemas, Joan Crawford ficou especialmente furiosa com o destaque que Bette Davis estava ganhando, se sentindo ofuscada. O ponto alto da confusão foi quando, entre as duas, apenas Davis foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz por seu papel em “O que Terá Acontecido a Baby Jane”.
Crawford procurou cada uma das outras atrizes indicadas na mesma premiação, pedindo para subir ao palco e pegar a estatueta no lugar delas. Enquanto isso, Hedda Hopper “fez a caveira” de Bette Davis com as pessoas que votavam no prêmio, minando suas chances. Quem acabou ganhando foi Anne Bancroft, que estava em Nova York trabalhando e aceitou o pedido de Crawford.
Sobre isso, Bette Davis afirma que: “teria sido significado um milhão de dólares a mais para o nosso filme se eu tivesse ganhado. Mas Joan estava extasiada que eu não ganhei”. As brigas entre as estrelas se tornaram lendárias na indústria e até inspiraram o enredo de uma série, “Feud”, lançada em 2017.
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