Vai ser realizado nesta sexta-feira (15/5) Ato Virtual da Campanha #AdiaEnem, realizada pela União Brasileira de Estudantes Secundaristas, União Nacional dos Estudantes e Associação Nacional de Pós-Graduandos.
A programação começa às 10 horas com um tsunami de comentários nas redes do MEC com a tag #AdiaEnem.
A partir das 14h30 tem a Live Tsunami da Educação Virtual nas redes sociais da entidade e às 16 horas tem uma live debate.
A partir das 18 horas, a chamada do ato virtual é de um tuitaço do #AdiaEnem, Com fotos, cartazes e ilustrações com a tag #AdiaEnem.
Para Rozana Barroso, presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas, a manutenção da data do Exame Nacional do Ensino (ENEM) é mais uma demonstração da falta de responsabilidade do governo Bolsonaro.
A entidade destaca que o país foi atingido em cheio pela Covid-19, as aulas estão suspensas, assim como muitos outros serviços. “A vida das pessoas mudou e o governo continua fazendo de conta que nada está acontecendo. São mais de 10 mil mortes, mas e daí?, afirma o presidente”, argumenta a entidade.
Em São Paulo, as mortes pelo Covid-19 aumentaram dez vezes entre crianças e adolescentes desde o inicio de abril, e seis vezes entre pessoas de outras faixas etárias. O motivo é que a doença se espalha para a periferia onde condições de saúde e saneamento são ainda mais precárias.
Lavar as mãos e manter distância mínima entre pessoas é a melhor forma de se prevenir. Mas como fazer isso em locais onde a água não chega, o esgoto não é tratado e famílias inteiras convivem em um ou dois cômodos.
Segundo o Perfil dos Municípios Brasileiros (IBGE, 2018), são quase 35 milhões de brasileiros sem o acesso à água potável. Uma, em cada sete mulheres brasileiras, não tem acesso à agua, assim como 14,3% das crianças e dos adolescentes. E 7,5% das crianças e dos adolescentes têm água em casa, mas não é filtrada ou procedente de fonte segura.
As disparidades regionais também se apresentam. Enquanto no Sudeste, 91,25% têm acesso à agua, no Norte esse percentual cai para 57,49%; e no Nordeste, são 73,25%.
Quando se fala de coleta de esgoto. São quase 100 milhões de brasileiros sem acesso. Cerca de 13 milhões de crianças e adolescentes não têm acesso ao saneamento básico. E 3,1% das crianças e dos adolescentes não têm sanitário em casa. “Essa é a realidade de milhões de brasileiros que o governo não enxerga”.
Além disso, há no Brasil um número alarmante de desempregados e submetidos ao subemprego; a maioria dos estudantes secundaristas não tem a mesa, o celular nem o computador “presente no comercial inadmissível do Ministério da Educação”.
“O que dizer da manutenção do Enem, com milhares de estudantes sem aula e sem condições de estudar? Esses estudantes que não tem acesso à agua teriam computador e internet para o ensino a distância? Não tem. Sua realidade é muito diferente da propaganda governamental”, questionam os estudantes.
“Queremos que o Enem seja adiado para garantir condições mínimas de estudo para todos. As condições de participação dos estudantes das escolas públicas e mais pobres são mais difíceis mesmo em condições normais. A pandemia amplia essas desigualdades sociais”, defendem os organizadores do ato virtual #adiaEnem
Os dirigentes das Universidades Estaduais que compõem a APIESP – Associação Paranaense de Instituições Públicas de Ensino Superior, UEL, UEM, UEPG, UNIOESTE, UNICENTRO, UENP e UNESPAR, considerando o edital 25, de 30 de março de 2020, publicado pelo INEP, que estabelece o calendário ENEM para este ano, manifestam-se no termos a seguir.
“Neste momento, em números oficiais, o Brasil possui mais de 160.000 pessoas contaminadas e acima de 12.000 mortos pela COVID-19, doença provocada pelo novo CORONAVÍRUS. Governos, dirigentes de instituições, empresários e todo o sistema de saúde do país, assim como institutos e organizações não governamentais encontram-se em atividades para reduzir danos e buscar uma saída segura da situação, cuja causa e conseqüências não são facilmente controláveis.
Entre as medidas, acertadas, o isolamento social e, especialmente, a suspensão de aulas em todos os níveis de ensino obrigou dirigentes, professores e estudantes a buscarem formas alternativas para a necessária conexão entre instituições escolares e a comunidade. Entretanto, tanto os estudantes de ensino médio como os de nível superior, dadas as condições econômicas da população brasileira, são, em sua maioria, trabalhadores e filhos de trabalhadores que sentem, neste momento, as conseqüências financeiras e emocionais provocadas pela incerteza no mundo do trabalho, pelo cuidado necessário com familiares idosos ou doentes.
Diversos estados e municípios, assim como escolas privadas, instituíram atividades educacionais remotas. No entanto, o acesso aos equipamentos de comunicação e à rede WWW não é igual para todos e, ainda que de forma paliativa e precária, o modelo não atinge todos os estudantes brasileiros que pretendem realizar a prova do ENEM – esta que é a mais acessível condição para que boa percentagem de jovens das classes populares acesse o ENSINO SUPERIOR.
Em condições normais, maior parte de jovens trabalhadores necessita do auxílio de professores e outras pessoas, inclusive, para realizar a inscrição para a prova, quando não deixam de o fazer pelo simples fato de não serem lembrados e motivados pelas escolas onde estudam ou pelos grupos mais próximos. Nessas condições atuais, de isolamento social, de menor acesso a equipamentos e do desafio de manter as condições básicas de existência, corre-se o risco de se ampliar ainda mais a distância de oportunidade entre a juventude brasileira e, consequentemente, provocar um lapso irreparável de ocupação de vagas no ensino superior pelos estudantes das Escolas Públicas.
Todas as Universidades Brasileiras que possuem processo próprio de seleção, certamente, devem alterar seus calendários para provas.
Neste sentido, as Universidades Estaduais Paranaenses solicitam ao Ministério da Educação que prorrogue o prazo para inscrições e adie a data de realização das provas do ENEM.”
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