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Com a proximidade das convenções partidárias, Maringá deverá confirmar um cenário nada positivo para candidaturas femininas. Pela primeira vez em vinte anos, a cidade não terá nenhuma mulher como candidata a prefeita.
A última vez que isso ocorreu foi em 2004, quando oito homens disputaram o Executivo: João Ivo (PT), Silvio Barros (PP), Doutor Batista (PTB), Edmar Arruda (PPS), Wilson Quinteiro (PSB), Joba (PV), Nilson Santos (PSC) e Rogério Mello (PTC). Na ocasião, Barros saiu vencedor em segundo turno.
Desde então Maringá vinha tendo, ao menos, uma mulher candidata. Em 2008, foi Ana Pagamunici (PSTU); em 2012 foram Maria Iraclézia (DEM) e Débora (PSOL); em 2016 foi a vez de Priscila Guedes (PSTU) e, em 2020, Akemi Nishimori (PL).
Para o pleito de 2024, duas mulheres haviam se lançado como pré-candidatas, mas desistiram da corrida eleitoral. Foram elas Professora Ana Lúcia (PDT), vereadora e pré-candidata a reeleição e Cláudia Bocchi, então presidente do Democracia Cristã (DC) e que anunciou a desistência em carta, publicada no fim de maio.
Ana Lúcia deverá apoiar para o Executivo o atual vice-prefeito e candidato apoiado pela administração municipal, Edson Scabora. Até o momento, Maringá tem seis pré-candidatos a prefeito, cujo os nomes devem ser oficializados nas convenções que iniciam neste fim de semana.
Entre as pré-candidaturas a vice, o cenário também não é positivo para as mulheres. Conforme levantando pela reportagem, apenas duas são sondadas para o cargo: Sandra Jacovós (PL), ex-secretária de Assistência Social e que pode compor a chapa do Progressistas, que terá como candidato a prefeito Silvio Barros, e Ana Nerry (MDB), ex-secretária de Juventude e Cidadania, que é cotada para a vice de Edson Scabora.
Processo lento e gradual
Em entrevista à Agência Brasil, a advogada Luciana Lóssio, especialista em jurisprudência para candidaturas femininas, lembra que o que podia ser feito para a inserção deste grupo na política foi feito, em termos jurídicos.
“O que tinha que ser feito em termos de aprimoramento legislativo e jurídico foi feito. Agora é contar com o amadurecimento civilizatório dos dirigentes dos partidos políticos. […] Os atores do processo eleitoral precisam se conscientizar de que a Justiça não vai mais tolerar o jeitinho que se dava”, disse.
A advogada lembra como, no início, praticamente não havia instrumentos jurídicos para se caracterizar uma candidatura como laranja, por exemplo. “Se exigia requisitos tão precisos, tão difíceis de serem alcançados, que realmente não se vislumbrava a concretização dessa fraude”, recorda.
“Hoje, a jurisprudência está altamente solidificada no sentido de combater a fraude na cota de gênero com indícios muito mais concretos e de fácil percepção”, acrescenta.
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