Você já ouviu a frase “penso, logo existo” do filósofo francês René Descartes? A intenção dele na época dentro do movimento iluminista era colocar a razão humana como única forma de existência. Parafraseando a grande descoberta de Descartes em relação a sua existência, hoje temos como metáfora a análise do perfil profissional dos jovens nascidos após 1995 e que já estão no mercado de trabalho como a geração “existo logo mereço”.
Mas qual o sentido dessa “rotulagem”, para uma geração que traz consigo muitos simbolismos em relação à vida? Que tem a oportunidade de se formar no ensino superior em universidades de renome e até mesmo alguns, fazerem intercâmbio fora do País? Porque o mercado de trabalho acompanha uma queda na qualidade da mão de obra, sendo que jovens dessa geração, tiveram um tudo ao seu dispor ou quase tudo, comparado às gerações passadas?
Qual o impacto de terem sido tratados como “bibelôs” pelos seus Pais para as empresas? E terem sidos blindados de responsabilidades, compromissos, respeitar hierarquia, ou até mesmo passar por dificuldades para valorizar as oportunidades que são apresentadas a eles?
Como lidar com profissionais que hoje sabem o que querem, mas amanhã já mudaram de opinião e não tem mais certeza nenhuma sobre seu futuro? Uma geração que tem muita informação, mas não tem conhecimento, não tem vivência e não tem prática?
Profissionais que não permitem serem definidos, não querem ser rotulados, e que preferem compor a sua identidade através de várias experiências?
Se encontram pressão, já existe motivo para a empresa ser ruim, para repensar a vida, para reverem as escolhas profissionais e pedir demissão? Mas quando o assunto é ganho financeiro essa geração tem conhecimento e sabem exigir a melhor remuneração, mas sem garantia de entrega nenhuma. Pelo simples fato de estarem dentro da empresa já se deve ganhar xy mil reais de salário.
A taxa de desemprego para essa geração dobrou de 2018 para 2020. E a crise pode ter influência no jeito de ver a vida profissional questionado acima.
O mundo do trabalho na sua maioria não é nada simpático, por mais que existam práticas de gestão e desenvolvimento humano, para transformá-lo em um ambiente de prazer e satisfação, é preciso ter foco, responsabilidade, respeitar hierarquia, cumprir compromissos, ter pontualidade, fazer entrega de trabalho com qualidade, fazer as atividades bem feito, ouvir, se relacionar com as pessoas, atender clientes entre outras necessidades que se tornam parte do mundo adulto.
É nesse momento que essa geração precisa de uma liderança transformacional. O Líder precisa estar aberto para ser questionado e ter paciência para explicar os porquês de sua postura e/ou tomada de decisão. É necessário transparência e ética nas ações e relações. No entanto, há transparência alinhada com o grau de maturidade do profissional e/ou equipe. Se posicionar dentro de uma relação “manda quem pode” e “obedece quem tem juízo” não surtirá efeito.
É preciso estabelecer uma relação de cooperação e ensino, mas nunca de poder sobre a pessoa do liderado. Eles querem estar envolvidos nas tomadas de decisão e aqui é importante a maturidade do líder em saber até qual nível da estratégia esse envolvimento pode ser permitido e claro não sendo, deve comunicar e explicar os porquês, não para que você líder o convença, mas sim para que o conquiste.
Seja aberto e comunitário na comunicação fortalecendo a sua intenção e ação. A geração “existo logo mereço”, assim como Descartes são hipercognitivos, e especificamente no caso desta geração que transita em várias realidades, e são hiperpersonalistas, vão querer as experiências customizadas.
Nesse momento você Líder já deve estar pensando qual a segunda possibilidade que eu tenho? Antes de falar da segunda vamos ainda tentar a primeira que dialogue com a sua equipe, ouça os pontos de vista, veja o que pode ser desenvolvido e aplicado, seja flexível, se coloque à disposição para aprender com eles. Saia do casulo da liderança tradicional, seja humano, real e como vimos disponível, não precisa ser perfeito, pois eles sabem que perfeição não existe, compartilhe seu propósito, sua causa e o legado que quer construir. Foram essas ações que os conduziram para a obtenção dos resultados.
Se você fizer tudo isso e não der certo, lamento informar, mas talvez tenha chegado a hora de então você rever a sua carreira, pois o futuro do comportamento humano no trabalho está totalmente conectado com o avanço do comportamento da sociedade. E essa é infelizmente a segunda opção.
Para finalizar deixo a você leitor a sugestão de leitura do livro “ 7 Things Employers Should Know about the Gen Z workforce” ( 7 coisas que empregadores devem saber sobre a força de trabalho da geração Z), de Kathryn Dilis, esse livro ainda sem tradução para o português, é uma leitura obrigatória para os líderes de hoje.
Nele Kathryn nos informa que para essa geração a internet é importante então precisamos trazer essa realidade para o desenvolvimento de nossos times de diversas maneiras; É uma geração que quer flexibilidade em sua carreira, por isso o mercado de trabalho vivencia uma alta rotatividade em cargos ocupados por esses profissionais. Gostam de pacotes de benefícios flexíveis e que de fato os beneficiem. Como já dito nesse artigo eles querem algum tipo de comunicação pessoalmente do líder para com eles (importante o líder acordar o como?).
A geração “existo logo mereço” não vê propósito em esperar. Eles cresceram com tudo instantâneo e rápido. É por isso que, se você líder deseja ter uma liderança transformacional frente esse perfil de profissionais, você precisa estar com a cabeça aberta para mudar e rever seus conceitos. Não existe receita de bolo, é uma ação por dia, e claro persistência para rever a rota e fazer alterações no plano de gestão a todo momento que for necessário!
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