O Governo do Paraná, por meio da Secretaria de Educação do Estado (Seed), admitiu ter utilizado dados internos para distribuir um vídeo contra a greve de professores a pais de alunos da rede estadual de ensino.
De acordo com a apuração do portal Banda B, o envio em massa do vídeo ocorreu nos dias 28 de maio e 1º de junho, com a seguinte mensagem: “Proteja seu filho ele pode estar em risco. Assista ao vídeo!”.
O número utilizado é o mesmo que a Seed usa para comunicar-se com os pais. Com erros ortográficos, a mensagem tinha a intenção de alertar os pais sobre os supostos riscos das manifestações, que foram categorizadas como “repletas de violência” e “perigosas” para os alunos.
O vídeo ainda acusa o APP-Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública no Paraná) de espalhar desinformação sobre a terceirização das escolas.
Assista a seguir:
A greve dos professores, iniciada em 3 de junho, é uma reação ao projeto de lei que terceiriza a gestão administrativa de 204 colégios estaduais. Organizada pela APP-Sindicato, a paralisação levou mais de 20 mil pessoas às ruas de Curitiba, segundo a entidade.
Um dia após o início da greve, o governo, por meio da Procuradoria Geral do Estado (PGE), pediu a prisão imediata da presidente da APP-Sindicato, Walkiria Olegário Mazeto, e a paralisação foi encerrada pela entidade.
Em nota à imprensa, a Seed justificou o vídeo como um alerta sobre os riscos das manifestações, promovendo a reflexão e prevenindo situações adversas. Ao ser novamente procurada pelo portal Banda B, nesta sexta-feira (7), a secretaria anunciou a abertura de uma sindicância para apurar as circunstâncias do ocorrido.
O disparo do vídeo foi atribuído a um funcionário da Seed, contratado via convênio com a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e a Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura (Fapec).
Em comunicado, a APP-Sindicato condenou o vídeo, classificando-o como “apócrifo” e acusando o governo de usar táticas de “grupos extremistas” para criminalizar a greve.
Segundo a entidade, o governo do Paraná utilizou informações falsas e alarmistas para atacar a greve e os docentes. “Esse tipo de estratégia é comumente utilizada por grupos extremistas ao redor do mundo, para provocar crises políticas, atacar direitos de minorias sociais e espalhar o caos”, declara o APP-Sindicato.
O caso será denunciado à Organização Internacional do Trabalho (OIT).
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