Por Clóvis Augusto Melo
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Após a comoção causada pela pintura em verde por cima de um graffiti feito no festival “Vidas nos Muros”, de 2023, na Vila Olímpica, a prefeitura de Maringá prometeu realizar novo evento para renovar as obras.
Um dos problemas é a falta de comunicação – quem sabia da intenção da administração de fazer novos graffitis no local?
Tem também a infelicidade do timing: ontem, dia em que a denúncia foi feita por Ângelo Rigon, comemorava-se o Dia Mundial do Graffiti.
Oi?
Apagar a obra, pintando com tinta verde por cima do graffiti, revoltou a comunidade grafiteira. A primeira pintura a ser apagada com tinta verde foi a produzida pelo artista Don X e ficava na parede externa do Ginásio Chico Neto. Sem aviso prévio.
Audios de whatsapp mostram a incredulidade dos grafiteiros em relação à ação da administração municipal. “O novo prefeito e o novo secretário estão apagando os graffitis do nada”, diz o grafiteiro Jon.
Vai pras redes
Diversos comentários pipocaram no Instagram do prefeito Silvio Barros. “Não apague as artes do Centro Olímpico”, escreveu Ricardo H.
Combinou com os russos?
A coluna teve acesso a uma conversa entre o Secretário Municipal de Esportes e Lazer, Paulo Biazon, e um dos grafiteiros. Na mensagem, Biazon diz que já havia feito um acordo com o pessoal do graffiti. “Queremos coisas novas com a caricatura dos nossos grandes atletas na Vila Olímpica, escreveu.
Mas foi questionado na sequência. “Mas que acordo? Eu participei do festival e não estou sabendo de nada, creio que os outros artistas também não estão sabendo!”
O que diz a prefs…
A coluna entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Maringá, pedindo esclarecimentos sobre a medida. Veja as perguntas feitas e as respostas da administração:
Antes de pintar por cima da parede do ginásio Chico Neto, onde ficava um grande graffiti, a administração entrou em contato com o artista?
A gestão entende e valoriza a importância do grafite como expressão artística e cultural. O assunto foi tratado durante reunião realizada no início do ano com representantes das secretarias de Esporte e Lazer e Cultura e artistas participantes do Festival de 2023. Na ocasião, houve o entendimento de que o grafite é uma arte efêmera, que pode ser substituída a cada dois ou três anos, especialmente em espaços públicos que passam por readequações e novas propostas de comunicação visual.
O objetivo não é apagar a arte, mas abrir caminho para uma nova etapa que represente ainda mais a identidade esportiva de Maringá.
Outros graffitis feitos no Festival de 2023 sofrerão a mesma ação (pintura por cima da obra)?
A proposta é revitalizar os espaços da Vila Olímpica e, futuramente, lançar um edital com critérios claros para que novos murais sejam produzidos com curadoria temática, valorizando o esporte e os atletas de Maringá que conquistaram medalhas em Olimpíadas e campeonatos mundiais. As obras atuais fazem parte de uma edição específica do Festival e não foram pensadas para permanência definitiva. O intuito é promover um novo ciclo artístico com a participação dos próprios grafiteiros, com uma proposta estética alinhada à vocação esportiva da área.
O secretário Biazon disse, em conversa com um grafiteiro, que havia um acordo para produção de novos graffitis. Que acordo é esse e quem são as pessoas (grafiteiros) envolvidas?
Durante conversas preliminares entre as secretarias de Esporte e Lazer e Cultura e alguns artistas do movimento de grafite em Maringá, foi discutida a intenção de substituir as artes atuais por novas obras futuramente, a partir de um edital público. A proposta compartilhada foi a criação de um projeto para homenagear atletas maringaenses, mantendo o grafite como linguagem central, mas agora com uma temática direcionada e escolhida de forma participativa. Ainda não há um grupo definido de artistas, pois o processo será aberto e transparente, por meio de edital.
O município ressalta, ainda, que durante o Carnaval deste ano foi realizada uma parceria entre as secretarias de Esporte e Lazer e de Cultura, em os bloquinhos que utilizaram os espaços esportivos do município contribuíram com a doação de sprays para viabilizar essa futura ação artística, evidenciando o espírito colaborativo entre cultura, esporte e sociedade.
Quem são?
Como o assunto rendeu no País inteiro, com falas de grafiteiros do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Rio Grande do Sul e outros Estados, a coluna aguarda a manifestação dos artistas de Maringá que participaram das conversas preliminares, citadas pela administração.
OPINIÃO – Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Maringá Post.