Em 2024, o Ministério da Saúde do Brasil queimou aproximadamente 6,4 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 que estavam vencidas, com um valor estimado de R$ 227 milhões. As vacinas, produzidas pela Janssen com tecnologia de vetor viral, perderam popularidade no Sistema Único de Saúde (SUS) após a preferência ser dada às vacinas de RNA mensageiro, como as da Pfizer e Moderna.
O ministério destacou que conseguiu evitar o desperdício de R$ 251,2 milhões em vacinas em 2023, o que corresponde a mais de 12,3 milhões de doses. As doses descartadas estavam armazenadas desde dezembro de 2021 e venceram entre setembro e outubro de 2023, tendo uma validade de dois anos.
Do total de 41 milhões de doses da vacina da Janssen recebidas pelo ministério, 38 milhões foram compradas e 3 milhões foram doadas pelos Estados Unidos. Anteriormente, foi reportado que o ministério havia perdido cerca de R$ 2 bilhões em vacinas de vários fabricantes até o início de 2023.
Segundo o portal de notícias Banda B, as perdas foram atribuídas à gestão anterior do governo Jair Bolsonaro (PL). As informações sobre o estoque foram mantidas em sigilo desde o governo Michel Temer (MDB) e só foram divulgadas pelo governo Lula (PT) em 2023.
Desde 2021, o ministério distribuiu 643 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, sendo 34,5 milhões da Janssen. Em 2024, produtos avaliados em cerca de R$ 314 milhões foram descartados, incluindo as vacinas da Janssen.
No estoque central em Guarulhos, ainda há cerca de R$ 200 milhões em produtos vencidos, incluindo roupas de proteção doadas durante a pandemia, avaliadas em R$ 120 milhões. O descarte desses itens é caro e prejudicial ao meio ambiente.
A gestão atual, que herdou um estoque desorganizado e cheio de produtos vencidos, agora administra milhares de produtos avaliados em R$ 4,8 bilhões. O controle do estoque é feito por uma empresa privada e está sob fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria-Geral da União (CGU).
Para 2024, o ministério planeja comprar 70 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, mas houve atraso na aquisição emergencial de 12 milhões de doses. As primeiras vacinas atualizadas da Moderna, que deveriam chegar em março, só começaram a ser entregues em maio.
O atraso gerou críticas ao governo Lula (PT), inclusive de grupos políticos influentes. Um abaixo-assinado foi lançado por cientistas e profissionais de saúde exigindo a entrega das vacinas e mais ações para combater a doença.
O ministério ainda não iniciou a compra do restante das doses planejadas para este ano. Segundo a pasta, o processo licitatório está em andamento e haverá vacinas suficientes para a população. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a vacinação periódica seja oferecida aos grupos de maior risco e vulnerabilidade.