Grandes obras idealizadas por Ulisses podem ser entregues apenas na próxima gestão

Enquanto tenta inaugurar o Hospital da Criança ainda em 2024, administração municipal iniciou as obras do Eixo Monumental e do Centro de Eventos Oscar Niemeyer, cujo os contratos preveem, no mínimo, 1 ano para conclusão.

  • Calçamento da Praça Renato Celidônio, já completamente removido para a construção da Fase 1 do Eixo Monumental | Foto: Rafael Macri/PMM

    Enquanto tenta inaugurar o Hospital da Criança ainda em 2024, administração municipal iniciou as obras do Eixo Monumental e do Centro de Eventos Oscar Niemeyer, cujo os contratos preveem, no mínimo, 1 ano para conclusão.

    Por Victor Ramalho

    Em novembro de 2019, durante entrevista à rádio CBN Maringá, o ex-prefeito de Maringá na gestão 2013-2016, Roberto Pupin, afirmou que a cidade sentia falta de grandes obras. Na conversa, Pupin chegou a dizer que estava feliz em ver obras idealizadas na administração dele, como o Terminal Intermodal e a ampliação do Aeroporto Regional de Maringá, tendo continuidade.

    “Não foram só os dois grandes projetos, como o do Terminal e do Aeroporto, mas outros projetos que ficaram aí para serem terminados. E eu fico contente por ter havido uma continuidade dos bons projetos que nós deixamos, seja na área da Saúde ou da Mobilidade Urbana, que são os casos do próprio Terminal e do Aeroporto, que nós trabalhamos muito para deixar em condições melhores do que encontramos. […] No meu governo, houve gestão das grandes obras que Maringá carecia. […] O que Maringá está carecendo é de grandes projetos, foram devolvidos recursos na Saúde, do Velódromo, da Educação, é isso que precisamos ficar atentos, pois isso não se reflete agora, mas irá se refletir em uma próxima gestão”, afirmou na época.

    Naquele momento, Ulisses Maia (à época no PDT) estava na metade do primeiro mandato, iniciado em janeiro de 2017. Se uma análise for levar em consideração os números, é possível dizer que Ulisses priorizou o básico na primeira gestão. Entre janeiro de 2017 e dezembro de 2019, o município firmou pouco mais de 180 contratos de obras, de acordo com dados do Portal da Transparência. Do total, 92 eram de obras de infraestrutura básica, que envolvem a manutenção da estrutura e espaços públicos já existentes.

    Nesse rol, entram contratos para serviços de recape, construção de calçadas, alambrados em fundos de vale, serviços de drenagem e intervenções pontuais em prédios públicos. Houve ainda outros 34 contratos envolvendo reformas ou construções de escolas e CMEIS e outros 5 envolvendo reformas ou construções de praças.

    Passada a eleição de 2020, Maia mudou o perfil de gestão das obras públicas, buscando os chamados ‘grandes projetos’. A primeira grande tentativa, que não saiu do papel, foi o chamado ‘Parque das Águas’. Durante coletiva de imprensa no dia 4 de janeiro de 2023, chegou-se a anunciar o prazo de entrega: dezembro de 2024.

    Sem alarde, o município foi deixando o projeto de lado, após imbróglios envolvendo a compra do terreno e críticas de adversários políticos. O último ato foi na elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024, onde a construção da ‘prainha’ não foi lembrada.

    Apesar da ‘derrota’ com a prainha, a atual gestão teve três importantes vitórias no quesito obras públicas no segundo mandato: o início das obras do Centro de Eventos Oscar Niemeyer, do Eixo Monumental e do Trevo do Catuaí, esta última licitada pelo Governo do Estado. Apesar disso, é pouco provável que o atual chefe do Executivo esteja ‘cortando a fita’ desses projetos.

    Enquanto o Centro de Eventos, que terá custo aproximado de R$ 75 milhões, sendo cerca de R$ 25 milhões em recursos próprios, tem prazo de conclusão estimado de 2 anos e 9 meses, o Eixo Monumental tem, por contrato, prazo estimado de entrega de 1 ano, caso não existam contratempos.

    Enquanto isso, a Prefeitura trabalha para ter outra grande obra inaugurada ainda na atual gestão: o Hospital da Criança. Com a estrutura física pronta há mais de 1 ano, consultas e audiências públicas já realizadas, a estimativa da administração é de publicar o edital de concessão até março. Uma data provável de abertura do Hospital seria o mês de maio, conforme já divulgado pelo prefeito Ulisses Maia anteriormente.

    Ao Maringá Post, a Prefeitura de Maringá informou, por meio de nota, que a administração não vê problemas em deixar obras para serem inauguradas por futuros gestores. De acordo com o município, “o objetivo da gestão municipal é investir em obras e melhorias que garantam a qualidade de vida dos maringaenses. Isso inclui obras de curto, médio e longo prazo, que beneficiarão a população nas diversas áreas”.

    Ulisses não demonstra incômodo em deixar inaugurações para a próxima gestão

    Publicamente, o prefeito Ulisses Maia (PSD) não demonstra descontentamento caso as obras idealizadas por ele fiquem para serem inauguradas em uma próxima administração. No dia 1º de fevereiro, durante a abertura dos trabalhos da Câmara em 2024, o gestor chegou a falar no desejo em “deixar a próxima gestão em condições de iniciar e executar diversas obras”.

    A fala do chefe do Executivo foi feita em forma de defesa ao empréstimo de R$ 200 milhões que o município visa contrair com a Caixa Econômica Federal. O texto foi aprovado nesta terça-feira (6), por 9 votos a 5.

    “É uma segurança para que a próxima gestão continue o trabalho sem a interrupção de obras. […] Quando assumimos a gestão, tocamos aproximadamente R$ 400 milhões em obras executadas a partir de recursos de empréstimos. Quero deixar a próxima gestão em condições de iniciar e executar diversas obras. […] O próximo prefeito ou prefeita não terá nenhuma dificuldade quando assumir o município”, destacou em sua fala.

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