Em entrevista ao Maringá Post, o deputado estadual afirmou que pretende usar recursos municipais para bancar a contrapartida da União, caso a mesma não se concretize. Ainda na Saúde, Do Carmo fala em ampliar os mutirões de cirurgias eletivas e torná-los mensais.
Por Victor Ramalho
Novela que se arrasta mais de um ano após a conclusão da estrutura física, a abertura do Hospital da Criança de Maringá é uma incógnita até o momento. Em maio, a Prefeitura de Maringá informou que a unidade entraria em funcionamento ainda em 2023, mas sem precisar uma data. De acordo com o município, ainda é aguardada a confirmação da contrapartida da União, de R$ 1,5 mi mensais, para o custeio do Hospital.
O Hospital da Criança funcionará em um modelo tripartite, com R$ 1,5 mi bancados pela Prefeitura de Maringá – embora essa verba não conste no texto do Orçamento de 2024 -, R$ 1,5 mi pelo Governo do Paraná e mais R$ 1,5 mi pelo Governo Federal.
A situação, no entanto, poderia ser resolvida pelo próprio Executivo maringaense, na visão do deputado estadual e pré-candidato à Prefeitura de Maringá, Do Carmo (União Brasil). Entrevistado desta segunda-feira (16) na Série de Entrevistas do Maringá Post com os pré-candidatos, ele afirmou que abrirá a unidade, caso eleito, mesmo sem a contrapartida federal. A ideia dele é usar recursos do próprio município para bancar a parte da União, caso ela não chegue.
“Nós estaremos também abrindo o Hospital da Criança efetivamente. Sabemos que já existe um aporte de R$ 1,5 mi da Prefeitura e outro de R$ 1,5 mi do Governo do Estado, apenas aguardando a contrapartida da União. Se a União não fizer, nós o faremos, para que essa unidade possa funcionar de forma plena, atendendo mais de 115 municípios”, disse.
Maringá está em negociações com o Governo Federal sobre o assunto ao menos desde fevereiro, com ao menos duas reuniões entre representantes do Ministério da Saúde e da Prefeitura de Maringá ocorrendo em Brasília neste período, após intermédio de deputados paranaenses.
Ainda sobre a Saúde, Do Carmo revelou o desejo de tornar os mutirões de cirurgias eletivas algo fixo dentro do calendário municipal, sendo realizados ao menos uma vez no mês. “Outra demanda muito grande é a questão das cirurgias eletivas, que faremos mutirões mensais e buscaremos aporte tecnológico, para acompanhar a situação de cada pessoa que está na fila. Sabemos que muitas delas entram, não são atendidas e acabam desistindo ou buscando apoio na rede privada. Com a tecnologia, queremos fazer justamente esse acompanhamento, saber o número real de pessoas que precisamos atender”, citou.
Na entrevista, o pré-candidato também falou sobre Segurança Pública, sua principal bandeira de atuação como deputado estadual. Um dos caminhos para solucionar esse problema em Maringá, segundo ele, seria a unificação dos agentes de trânsito à Guarda Municipal. Confira outros trechos da entrevista abaixo:
- Neste momento, como está a questão política? O senhor está bem colocado em algumas pesquisas, mas tem pretensão de disputar o Executivo em Maringá?
Do Carmo: “Nessa construção para o Executivo, nós buscamos escutar muito as ruas, que são de onde vem esses números. Hoje, temos a condição real de ser um dos candidatos à Prefeitura de Maringá e se materializar em mais uma opção para o povo de Maringá escolher o próximo gestor”.
- Como estão as conversas com outras legendas? Já temos um desenho de coligação pensando em 2024?
Do Carmo: “Acho que nosso cenário político, e quando falo nosso digo o meu, do União Brasil e também do Delegado Jacovós, com o PL, é o mais claro que temos na cidade de Maringá, é uma parceria já confirmada por ambas as partes. É óbvio que o Delegado Jacovós também caminha muito bem nas pesquisas e nós caminharemos juntos, para entender a possibilidade de um ou de outro e fazer frente com o que está sendo posto, no cenário político, aqui em nossa cidade. Sabemos que temos um ex-prefeito que busca novamente comandar a cidade, temos o grupo do atual prefeito e secretários, então nós juntamos dois deputados estaduais e entendemos que precisamos caminhar juntos. Ficaremos com mais de 40% do tempo de televisão, um poder financeiro grande do partido. Essa construção partidária entre PL e União Brasil está bem consolidada, diria. Claro, ainda temos o partido do governador e por ser dois deputados estaduais caminhando juntos, não conseguimos vislumbrar o PSD com uma candidatura própria, pois as pessoas que estão sendo apresentadas já têm compromissos com seus partidos, então se for para simplesmente o PSD lançar uma chapa, tenho quase certeza que estará conosco, até pela proximidade que temos com o governador do Paraná”.
- O senhor tem uma ligação muito forte com a área da Segurança Pública. Que visão tem a respeito desse setor em Maringá atualmente?
Do Carmo: “Nós precisamos de uma atitude muito enérgica na cidade de Maringá. Como eu disse semanas atrás, seria muito conveniente eu chegar para vocês, da imprensa, e dizer que Segurança Pública é apenas um dever do Estado, mas nós sabemos que legalmente nós temos a Guarda Municipal, com mais de 100 homens com muita vontade de trabalhar por nossa cidade. Então acho que temos que dar estrutura, motivação e condições para que os guardas realmente fiquem nas ruas. Em Maringá, temos um índice de resolução de crimes bem alto e, por vezes, somos teoricamente ‘prejudicados’ na distribuição de homens por conta do nosso dever de casa ser bem feito. Mas sabemos que a população está crescendo, temos mais de 79 bairros, então precisamos de uma Guarda respeitada e ativa. Acredito que essa questão vá além dos equipamentos, mas também de tentar buscar uma parceria junto aos agentes de trânsito, unificar as duas pastas e transformar esses agentes também em guardas municipais. É uma ideia que nós temos e conversaremos muito para que, nos primeiros meses de mandato, nós consigamos retomar uma sensação de Segurança Pública em Maringá. Criminosos em Maringá não terão vez”.
- Qual avaliação o senhor faz da administração pública em Maringá atualmente?
Do Carmo: “Acredito que os gestores que passaram por Maringá somaram com a cidade e não falo só dessa gestão. Apesar de estar candidato e as pessoas nessa tendência de fazer críticas, é óbvio que teremos alguns apontamentos a fazer, coisas que faríamos de forma diferente, até pelo novo contexto da população que está crescendo. Mas sabemos que o prefeito atual concluiu o Terminal, que foi uma obra muito importante, tem uma gestão voltada para as pessoas, com a reforma de praças, entrega dos uniformes escolares, a iniciação do Eixo Monumental, que eu começaria pela praça Raposo Tavares, mas que são pontos importantes. No entanto, penso que os pontos que deveríamos dar mais atenção em uma eventual eleição sejam a Saúde, a questão dos moradores de rua, Segurança Pública, recape da cidade e Hospital da Criança, pontos cruciais que daremos a máxima atenção já nos primeiros seis meses de gestão”.
- Na sua opinião, qual o maior problema que Maringá enfrenta atualmente? E o que fazer para resolvê-lo?
Do Carmo: “Eu citei a Segurança Pública e tenho essa ideia de unificar os agentes de trânsito a Guarda, é algo que tentaremos fazer mas, que se não for possível por um desejo desses servidores, buscaremos outros caminhos. Nós estaremos também abrindo o Hospital da Criança efetivamente. Sabemos que já existe um aporte de R$ 1,5 mi da Prefeitura e outro de R$ 1,5 mi do Governo do Estado, apenas aguardando a contrapartida da União. Se a União não fizer, nós o faremos, para que essa unidade possa funcionar de forma plena, atendendo mais de 115 municípios. Outra demanda muito grande é a questão das cirurgias eletivas, que faremos mutirões mensais e buscaremos aporte tecnológico, para acompanhar a situação de cada pessoa que está na fila. Também daremos muita atenção para o recape, mesmo sabendo que é um serviço caro, mas nós temos uma situação que acho que poderíamos firmar um consórcio com outros municípios, com Maringá sendo a sede, reativando a usina que já tivemos para baratear os custos de fabricação dos insumos de recape. Temos uma malha viária de mais de 2 mil quilômetros e pretendemos, solucionar de imediato, ao menos 300 quilômetros. Nos últimos anos, gastamos cerca de R$ 150 milhões para fazer 70 quilômetros de recape, então é um serviço muito caro, mas se encontrarmos outros municípios com a mesma demanda, fazer um consórcio, nós iremos avançar para fazer o recape que Maringá precisa”.
Sobre a Série de Entrevistas do Maringá Post com os pré-candidatos a prefeito
Iniciada no dia 11 de setembro, a Série de Entrevistas do Maringá Post se propõe a ouvir todos os pré-candidatos à Prefeitura de Maringá. Dois pré-candidatos serão entrevistados por semana, com as reportagens indo ao ar nas segundas e quintas-feiras, sempre às 12h. Até o momento, já foram ouvidos Homero Marchese (Republicanos), Humberto Henrique (Solidariedade), Sidnei Telles (Avante), Doutor Batista (União Brasil), Flávio Mantovani (Solidariedade), Professora Ana Lúcia (PDT) , Edson Scabora (MDB), Delegado Jacovós (PL) e Silvio Barros II (Progressistas)
Foto: Arquivo/Alep
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