Humberto Henrique defende a realização de consultas públicas antes de grandes obras em Maringá: “A população precisa ser ouvida”

Pré-candidato à Prefeitura de Maringá pelo Solidariedade, o ex-vereador citou o Parque das Águas e a PPP da Iluminação Pública como exemplos.

  • Pré-candidato à Prefeitura de Maringá pelo Solidariedade, o ex-vereador citou o Parque das Águas e a PPP da Iluminação Pública como exemplos de projetos que, na visão dele, precisam ser debatidos com os contribuintes antes de serem executados.

    Por Victor Ramalho

    Um dos grandes nomes do campo progressista em Maringá no século XXI, Humberto Henrique (Solidariedade) voltou ao cenário eleitoral em 2022, após cinco anos afastado. Após ter ficado em 4º lugar na disputa pela Prefeitura de Maringá, em 2016, o ex-vereador decidiu concentrar suas atenções na atividade como Contador, função que já exercia antes da vida pública.

    No ano passado, no entanto, surgiu o convite para comandar a executiva do Solidariedade em Maringá, além de ter sido candidato a deputado federal pelo mesmo partido. A primeira corrida eleitoral desde 2016 foi o suficiente para que o nome de Humberto fosse novamente ventilado como um possível candidato ao executivo maringaense, em 2024.

    E na condição de pré-candidato, Humberto Henrique conversou com o Maringá Post nesta quinta-feira (14), na Série de Entrevistas com os pré-candidatos à Prefeitura de Maringá. Iniciada nesta semana, a série já conversou com Homero Marchese (Republicanos) e ainda tem uma agenda completa de pré-candidatos que serão ouvidos.

    De acordo com o ex-vereador, a candidatura ainda está em construção, mas o partido enxerga uma possibilidade real de lançar um nome ao Executivo no ano que vem.

    “Eu fui vereador por três mandatos, foram 12 anos na Câmara pelo PT (Partido dos Trabalhadores), até que em 2017 acabei me desfiliando. Fiquei cinco anos fora da política partidária, até que no ano passado recebi o convite para voltar, desta vez pelo Solidariedade. Me candidatei a deputado federal, para contribuir com o partido e também para meu nome voltar ao cenário. A ideia era justamente essa, tendo em vista que o prefeito Ulisses Maia está encerrando um ciclo, vemos essa eleição de 2024 como algo aberto. Como eu já fui candidato a prefeito, em 2016, nosso grupo entendeu que era uma possibilidade (de ser candidato no ano que vem), então nossa pré-candidatura está posta. Claro, agora tudo depende das articulações, estamos fazendo reuniões com alguns partidos da ala progressista para tentarmos construir uma candidatura”, disse.

    O pré-candidato do Solidariedade afirma já ter na cabeça algumas ideias de propostas que gostaria de implementar, caso eleito. Uma das principais, conforme ele, é o investimento na educação de tempo integral na rede municipal de ensino.

    “Hoje, o orçamento de Maringá está na casa dos R$ 2,6 bi, mas quando analisamos o que é investido em Cultura, Esporte e Lazer, por exemplo, temos apenas 2,75% desse total e acredito que sejam áreas muito importantes de inclusão social, que podemos usar no âmbito da educação no contraturno. Então uma grande proposta que queremos pensar é a da educação em tempo integral, mas um pouco diferente do que é feito hoje. O que eu penso nessa área seria algo no sentido da criança ter a educação regular em um período e, no outro, ela não precisar, necessariamente, voltar para a mesma escola, que ela possa ter atividades na área da cultura, do esporte, do lazer, mas para isso é preciso mexer no orçamento e dar uma condição melhor nessa questão”, afirmou.

    Um outro projeto pensado por Humberto Henrique tem relação com a moradia. De acordo com o pré-candidato, sua gestão planeja pensar em políticas habitacionais para pessoas que já estudam e/ou trabalham em Maringá, mas que moram em outras cidades. Na visão dele, é preciso trabalhar, para além da Cidade Canção, pelo “desenvolvimento da região metropolitana”.

    “Uma outra situação que entendo é a questão da moradia: temos pessoas que trabalham aqui, estudam aqui, mas que acabam não tendo o direito de morar aqui, indo então para cidades vizinhas, sendo que toda a estrutura de vida delas está aqui dentro. Por isso, queremos pensar em políticas de habitação para que as pessoas tenham condição não apenas de estudar, trabalhar, mas também de morar aqui. Não podemos mais pensar Maringá apenas como Maringá, precisamos pensar a cidade como parte de uma grande região metropolitana. Nós temos Maringá, mas temos também as cidades do entorno, como Sarandi, que já estão praticamente coladas a nossa. Logo, precisamos pensar em políticas que consigam integrar todas essas cidades. Se não pudermos dar condições para que as pessoas que trabalham e estudam consigam morar aqui, que pelo menos busquemos opções para que as condições de vida delas sejam mais adequadas, que elas tenham um transporte público barato e de qualidade”, explicou.

    Ainda na entrevista, Humberto Henrique fez uma avaliação da atual administração, pontuou quais considera os principais problemas que a cidade enfrenta atualmente e defendeu que a população seja ouvida antes de projetos com custos mais elevados, como o Parque das Águas. Confira os demais pontos da entrevista:

    • O senhor pertence ao Solidariedade, que tem outra figura se apresentando como pré-candidato também, que é o Flávio Mantovani. Como essa questão será conduzida? Há possibilidade dos dois formarem uma chapa ou algum de vocês mudar de partido?

    Humberto: “Essas possibilidades existem. O Flávio está em um segundo mandato de vereador, agora licenciado. Ele tem essa vontade e eu também. Acredito que para o partido são dois nomes importantes se colocando à disposição. No momento, veremos quem estará melhor. Eu pretendo continuar no Solidariedade, ainda não sei qual será a situação. Fato é que, se os dois quiserem sair, alguém terá de ir para outra legenda, mas também existe sim a possibilidade dos dois formarem uma composição só, de repente um sair como prefeito e o outro como vice, acho que temos sim como fazer essa conversa. O importante é seguirmos construindo e, lá na frente, vermos quem estará melhor e poderemos avaliar”.

    • Como tem sido as conversas com outras legendas? Já temos o desenho de uma possível coligação pensando em 2024?

    Humberto: “Atualmente, uma eleição municipal em Maringá é bastante complicada. É muito difícil um partido só sair com uma candidatura própria, isolado, e se eleger. É preciso estar juntando forças, mesmo porque já temos vários grupos e pelo menos umas três candidaturas praticamente postas. Se for possível formar uma frente de partidos em torno de um único candidato, acredito que existam boas possibilidades de irmos para um segundo turno e lutarmos para ganhar. Estamos conversando com PSDB, Cidadania, PT, PDT, PCdoB, PV, Rede, PSOL, são alguns exemplos de partidos onde estamos nos reunindo com os presidentes. De repente, talvez não seja possível reunir todos em um primeiro turno, mas conversamos para tentar juntar forças e lutar de igual para igual com esses outros partidos que, naturalmente, têm uma força maior. Também há a possibilidade de conversarmos e, quem sabe, buscar o apoio do atual prefeito e, assim, ampliarmos ainda mais as possibilidades nessa disputa”.

    • Considerando que o senhor se lance como candidato, assumiria uma posição de situação, oposição ou independência da atual gestão?

    Humberto: “Nosso partido hoje tem um vereador, que é o próprio Flávio (Mantovani), que acaba sendo da base do prefeito. Mas acredito que nossa proposta é pensar na cidade de Maringá. Acredito que seríamos de uma situação de independência, nem oposição e nem situação. Da administração atual, buscaríamos manter o que está sendo bem feito e melhorar o que precisa ser melhorado. Nossa proposta é pensar Maringá, ouvir dos maringaenses o que eles acreditam que precisa mudar”.

    • De forma geral, que avaliação o senhor faria da gestão pública em Maringá atualmente?

    Humberto: “De uma maneira geral, é uma gestão bem avaliada pelas pessoas, mas há pontos que podemos melhorar. Eu olho para a questão da Saúde, por exemplo, onde temos essa situação de filas de consultas especializadas e cirurgias, é algo que precisa ser visto. A parte boa é que a cidade tem um bom orçamento e uma boa estrutura de Saúde para suprir essa demanda. Entendemos que, na questão específica da Saúde, tivemos um represamento por conta da pandemia, mas penso que agora precisamos de uma política mais ativa com relação a isso para tentar resolver o problema, que penso ser um dos mais sérios que temos atualmente. Na parte da Educação, penso que temos uma boa estrutura física e o foco agora seja em dar boas condições de trabalho aos profissionais, enquanto que no setor de Serviços, temos alguns problemas nos bairros, como por exemplo com as ruas esburacadas e as quedas de árvores. Penso que é possível realizar um plano de manejo para solucionar essa questão e fazer um corte mais rápido das árvores. É muita coisa para ser melhorada é sempre possível melhorar, acredito que toda administração, por melhor que ela seja, precisa sempre estar em evolução, tratando bem a população e fazendo jus aos impostos que ela arrecada”.

    • Na visão do senhor, qual o maior problema que a cidade enfrenta atualmente?

    Humberto: “Elenquei um na área da Saúde, que é a questão das consultas especializadas. Há uma fila, que deve hoje estar em torno de 25 mil pacientes. São pessoas aguardando atendimento em uma fila, é algo que não dá para esperar. Acho que o maior problema é esse, precisa ser resolvido urgente. Por outro lado, temos outra situação que são os buracos nas ruas, é um problema de infraestrutura que também precisa de atenção. Penso que na Saúde seja uma questão de prioridade, pois orçamento tem. Nesse primeiro momento, precisamos investir no que é prioridade. Investir na cidade é importante, mas há algumas situações que poderiam esperar”.

    • O senhor mencionou que acredita que a população precisa ser mais ouvida antes da realização de grandes projetos. Como isso pode ser colocado em prática?

    Humberto: “Quando formos fazer alguns projetos que vão custar mais, penso que deveriam haver mais audiências e consultas públicas. Acredito que quando pensamos obras que terão um custo mais elevado, é sempre importante ouvir a população, para poder saber se esses investimentos, de fato, são necessários. Temos por exemplo a questão da prainha, que gerou um debate muito grande e imagino que poderia ter tido uma discussão melhor. Um outro exemplo é a PPP da Iluminação. Hoje, nós arrecadamos cerca de R$ 50 milhões com a iluminação, gastamos R$ 33 milhões para manter e agora vamos passar para uma parceria privada? É uma discussão que precisaria ser melhor debatida, no meu entendimento”.

    Sobre a Série de Entrevistas do Maringá Post com os pré-candidatos a prefeito

    Iniciada nesta segunda-feira (11), a Série de Entrevistas do Maringá Post se propõe a ouvir todos os pré-candidatos à Prefeitura de Maringá. Dois pré-candidatos serão entrevistados por semana, com as reportagens indo ao ar nas segundas e quintas-feiras, sempre às 12h.

    A ordem das entrevistas foi definida a partir da disponibilidade de agenda dos entrevistados e o calendário completo das publicações do mês de setembro pode ser conferido neste link. A agenda das entrevistas do mês de outubro será divulgada nos próximos dias.

    Foto: Arquivo/Câmara de Maringá

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