Na reta final, construção de novas UPAs se torna principal pauta dos candidatos à Prefeitura de Maringá

Posicionamento de alguns candidatos sobre o tema mudou no decorrer da campanha. Atualmente, Maringá gasta quase R$ 60 milhões por ano no custeio das UPAs Zona Norte e Sul, mas apenas 15% dos recursos são bancados pelo Ministério da Saúde.

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    Elencada como uma das principais preocupações dos maringaenses na atualidade, a bandeira da Saúde foi incorporada com força pelos candidatos à Prefeitura Municipal. Se no período de pré-campanha as propostas para o setor eram as mais variadas, como o uso da telemedicina ou a criação das ‘UBSs Corujinha’, nas últimas semanas a pauta se tornou uma só: a construção de novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

    Nos últimos dias, a proposta foi incluída no horário eleitoral gratuito de Silvio Barros II (Progressistas) e Edson Scabora (PSD), candidatos com mais tempo de rádio e TV na disputa pelo Executivo. Ambos prometem a construção de duas novas unidades, nas zonas leste e oeste da cidade.

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    Publicação de Edson Scabora (PSD) nas redes sociais, prometendo as construções das UPAs Zona Leste e Oeste | Foto: Reprodução/Instagram

    Apesar da inclusão do projeto em suas propagandas, a construção de novas UPAs não está presente nos planos de governo de Barros e Scabora, entregues à Justiça Eleitoral e disponíveis para consulta pública no site do Tribunal Superior Eleitoral. No período de pré-campanha, ambos os candidatos tinha posicionamentos diferentes sobre o tema.

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    Recorte do horário eleitoral gratuito de Silvio Barros, publicado em seu perfil no Instagram, também prometendo a construção de duas novas UPAs | Foto: Reprodução/Instagram

    Em suas participações na Série de Entrevistas do Maringá Post com os então pré-candidatos à Prefeitura de Maringá, realizada nos meses de junho e julho, eles pediram calma na análise sobre o assunto. Silvio Barros, na época, afirmou que era preciso ‘ter coerência’ e que só poderia falar sobre o tema após ter acesso aos dados do Ministério da Saúde. Na ocasião, ele não prometeu a construção de novas UPAs.

    “Como as duas UPAs de Maringá foram construídas sob minha gestão, estou familiarizado com isso. Cabe uma terceira? Enquanto eu não tiver essas informações, dentro das regras, não poderei responder, estaria cometendo uma falha grave em dizer que vou fazer uma coisa que não pode ser feita, então é preciso ser muito coerente”, afirmou na ocasião. Relembre a entrevista aqui.

    Edson Scabora, por sua vez, afirmou em sua participação que uma reforma da UPA Zona Norte, que elevaria a unidade para o porte 3 e que estava com a licitação em andamento, seria o caminho mais inteligente. Ele citou, na época, o custeio da operacionalização de uma nova Unidade de Pronto Atendimento como um dos empecilhos.

    “Nós já temos aqui duas UPAs, a UPA Zona Norte é Porte 2, já estamos reformando ela e passará para Porte 3. O Porte 1, que seria uma nova UPA, tem 7 leitos. Com a reforma da UPA Zona Norte, teremos muito mais do que 7 leitos, então não é inteligente termos uma nova UPA que não será avalizada pelo SUS, sendo que uma UPA em Maringá hoje custa cerca de R$ 3 milhões por mês e o município teria que arcar sozinho com isso, fora que, com essa reforma da UPA Zona Norte, passando de Porte 2 para Porte 3, já resolve o problema de uma nova UPA em Maringá”, disse na época. Relembre a entrevista aqui.

    O custeio pode ser um desafio para tirar o projeto de novas UPAs do papel. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, disponibilizados para a reportagem, atualmente o Governo Federal banca apenas 15% do custo de operacionalização das UPAs Zona Norte e Zona Sul. Ambas tem custo médio anual de R$ 57,9 milhões, com R$ 9,6 milhões enviados para o custeio pelo Ministério da Saúde.

    O Maringá Post também entrou em contato com o Ministério da Saúde, que informou que para Unidades de Pronto Atendimento ampliadas, comportando acima de sete médicos, o repasse mensal pode chegar a até R$ 300 mil. Os valores dos repasses estão tabelados pela Portaria de Consolidação nº 6, Título VIII, Cap. II, art. 885 a 909, da União.

    A título de comparação, a UPA Zona Norte, que é porte 2, tem custeio mensal estimado de R$ 2 milhões, enquanto a Zona Sul, porte 3, custa R$ 2,8 milhões por mês.

    Incômodo dos demais candidatos

    Conforme apurado pela reportagem, a inclusão da promessa de novas UPAs nas promessas de Silvio Barros e Edson Scabora causou incômodo nas demais campanhas, em especial de Humberto Henrique (PT), primeiro a candidato a falar sobre o assunto.

    Também na Série de Entrevistas do Maringá Post, tanto Humberto Henrique quanto Evandro Oliveira (PSDB) haviam falado sobre o desejo de construir novas UPAs em Maringá. Ambos incluíram as propostas em seus planos de governo. Pastor José (Mobiliza), que não era candidato na época, também incluiu a proposta em seu Plano de Governo entregue à Justiça Eleitoral.

    O assunto, inclusive, chegou a ser pauta do debate entre os candidatos, promovido pela Arquidiocese de Maringá, na última segunda-feira (30). Humberto Henrique, em uma das perguntas, afirmou que sua proposta foi copiada pelos concorrentes.

    “Eu, desde a minha pré-campanha, já tenho defendido a necessidade de uma nova UPA, exatamente para desafogar a UPA Zona Norte. Infelizmente, alguns candidatos acabaram copiando a nossa ideia. Tem um candidato que não compareceu, esse candidato falava que não havia necessidade de uma nova UPA, dizendo que com a ampliação do horário de atendimento das UBSs seria suficiente e agora ele vem prometendo duas UPAs, sem qualquer critério ou estudo. O candidato Scabora, até uma semana atrás, dizia que não era inteligente uma nova UPA, que uma reforma era melhor, e agora ele vem também de uma semana para cá, duas novas UPAs. Acho muito estranho que esses candidatos não tenham conhecimento suficiente da cidade para propor isso”, afirmou.

    Scabora, por sua vez, se defendeu, afirmando que a reforma da UPA Zona Norte permitiria a ampliação de leitos, mas que o terreno da construção de uma terceira UPA já estaria definido.

    “Eu sempre falei que seria muito mais inteligente nós pegarmos a UPA Zona Norte, que é de porte 2, e passarmos para porte 3. Isso já equivale a uma nova UPA aqui em Maringá e termos de números de leitos, isso eu falei desde o início. A partir de uma quantidade de habitantes em nossa cidade, uma terceira UPA, que já tem local definido, será ali construída. Uma nova UPA pode levar até 3 anos para ser construída. Até lá, a cidade já terá atingido esse número de habitantes. O que eu sempre falei é, passar a UPA Zona Norte para porte 3 é muito mais inteligente do que fazer uma nova UPA, transformando a Zona Norte em porte 3 a gente já consegue suprir essa demanda”, disse Scabora.

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