Duas mulheres concorrem à superintendência do Hospital Universitário de Maringá (HUM). A professora do departamento de enfermagem da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e que também já ocupou a superintendência do hospital, Magda Lúcia Félix de Oliveira, é candidata pela “Chapa 1 – Unidos Pelo HUM”. Na “Chapa 2 – Somos Todos HUM” concorre a médica e professora do departamento de Medicina da UEM, Elisabete Mitiko Kobayashi.
Comandar o HUM não será uma tarefa fácil, já que o hospital enfrenta vários problemas como a falta de funcionários. Além disso, o Serviço de Urgência e Emergência da unidade está sob indicativo de interdição ética do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) desde dezembro do ano passado. Se a falta de médicos, enfermeiros, material hospitalar e estrutura não for resolvida até abril, restará ao CRM-PR interditar o HUM.
Em meio a todo esse cenário, o governador Ratinho Junior (PSD) congelou R$ 153 milhões em recursos que seriam destinados para obras e custeio na UEM e no hospital. Para conhecer as propostas das candidatas e entender como elas pretendem lidar com esses problemas caso sejam eleitas, o Maringá Post encaminhou as mesmas perguntas por e-mail para as duas chapas.
Para Magda Féllix e Elisabete Kobayashi, a falta de servidores e de verbas são os principais problemas enfrentados pelo HUM. Porém, Elisabete afirmou que também é necessário recuperar a credibilidade do hospital com a sociedade. “Será uma gestão voltada tanto para o público interno, quanto para o externo que são nossos pacientes”, prometeu.
A professora do departamento de Medicina também declarou que pretende buscar recursos para a reforma da área de internação do HUM que, segundo ela, “está com sérios problemas estruturais”. Elisabete defendeu a reposição do quadro de servidores e disse que vai trabalhar para que o Governo do Estado assuma a folha de pagamento dos profissionais credenciados, que hoje são pagos com recursos próprios do hospital.
Nas respostas, Magda Félix defendeu o diálogo com o governo estadual e com as lideranças locais para que os problemas do hospital sejam resolvidos. Caso seja eleita, a prioridade no início da gestão será evitar a interdição ética do serviço de urgência e emergência. “Teremos 30 dias de prazo após assumir a gestão de superintendente e diretores do HUM para responder ao CRM-PR. O que faremos, de imediato, é buscar a adequação do serviço às exigências”.
A eleição vai ser realizada por meio de votação direta no dia 11 de março, das 6h30 às 21h. Além da escolha do superintendente, também serão eleitos o diretor Médico, diretor de Enfermagem, diretor de Análises Clínicas e Farmácia Hospitalar, diretor do Hemocentro e diretor do Administrativo do Hospital Universitário de Maringá. A posse está marcada para 18 de março.
Magda Lúcia Félix de Oliveira
Magda Félix é graduada em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade Federal de Goiás (UFG), mestra pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e doutora pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em Saúde Coletiva.
Ela é professora adjunta no departamento de Enfermagem na UEM e atua na equipe do Centro de Controle de Intoxicações do HUM desde 1990. Magda também já foi diretora de Enfermagem e superintendente da unidade.
Confira a composição da “Chapa 1 – Unidos Pelo HUM”
- Superintendente: Magda Lúcia Félix de Oliveira
- Diretor Médico: Luiz Guilherme de Oliveira Ximenes
- Diretora Administrativa: Zenilda Soares Beltrami
- Diretora de Enfermagem: Jorseli Angela Henriques Coimbra
- Diretora do Hemocentro: Paula Cella Giacometto
- Diretora de Análises Clínicas e Farmácia Hospitalar: Simone Aparecida Galerani Mossini
Maringá Post – O Serviço de Urgência e Emergência do Hospital Universitário de Maringá (HUM) enfrenta um indicativo de interdição ética do Conselho Regional de Medicina. Se eleita, quais ações imediatas a senhora pretende tomar para resolver essa situação?
Magda – O Ato Indicativo de Interdição Ética do Conselho Regional de Medicina do Paraná tem prazo de 120 dias, a partir de 20/12/2018, para que sejam sanadas as irregularidades apontadas. Portanto, teremos 30 dias de prazo após assumir a gestão de superintendente e de diretores do HUM para responder ao CRM – PR.
O que faremos, de imediato, é buscar a adequação do serviço às exigências. Lembrando, a interdição não é nosso desejo e os servidores do Hospital Universitário não devem ser culpabilizados. Essa será uma das nossa prioridades de início de gestão.
MP – A senhora poderia apontar os três principais problemas do Hospital Universitário e o que pretende fazer para resolvê-los, caso seja eleita?
Magda – Carência de recursos humanos, uma vez que os agentes universitários (nível Operacional, Médio e Superior) se aposentam ou deixam as atividades por outros motivos e não têm reposição imediata garantida, e serviços e ações de interesse do SUS são pactuadas sem a adequada contratação de recursos humanos para desenvolve-las, o déficit de materiais e equipamentos (parque tecnológico sucateado) e o déficit orçamentário diante dos desafios do crescimento do HUM.
Estes problemas repercutem no ensino e na assistência, e impedem pensar sobre pesquisa no cotidiano o hospital. A solução não é mágica, pressupõe participação dos servidores, contribuindo no apontamento de saídas, diálogo permanente com o legislativo municipal e estadual, e a negociação com o governo municipal e estadual.
MP – Em dezembro do ano passado o HUM inaugurou 108 leitos que não poderiam ser usados porque não havia profissionais e equipamentos. Quais são as propostas da sua chapa para que esses leitos possam ser usados?
Magda – A [resposta da] questão anterior fornece diretrizes. A possibilidade de utilizar essa nova estrutura física, fundamental para a ampliação de nossa capacidade operacional e para assistência em saúde do SUS regional, deve ser realizada de uma forma segura para os servidores e, consequentemente, para a população assistida, com número adequado de servidores e equipamentos.
MP – De acordo com relatório apresentado pela reitoria da UEM em dezembro do ano passado, o Hospital Universitário tem déficit de 139 servidores. Caso seja eleita, como a senhora pretende resolver essa situação?
Magda – Para resolver a questão do déficit de servidores, o que iremos fazer é discutir, junto ao Governo do Paraná, uma solução rápida e efetiva. Estamos abertos a negociação e precisamos do engajamento da classe política.
MP – O governador Ratinho Junior congelou recursos para obras e custeio da Universidade Estadual de Maringá e do HU no valor de R$ 153 milhões. Sabendo do déficit de profissionais e dos problemas de estrutura, o que a senhora pretende fazer para lidar com a falta de verbas do Governo do Estado?
Magda – O Estado do Paraná está em uma transição de governo, mas o governador e os demais membros dos poderes Executivo e Legislativo devem dar os recursos que a UEM e o HU merecem, pelo significado de nossa universidade no desenvolvimento e na participação para a diminuição das desigualdades regionais. Nós buscaremos o diálogo em busca da melhor solução para o hospital e para a comunidade que dele necessita.
Elisabete Mitiko Kobayashi
Graduada em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Elisabete Mitiko Kobayashi é mestre e doutora em Ortopedia e Traumatologia pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto. Atualmente ela é professora adjunta do departamento de Medicina da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Elisabete também é coordenadora adjunta do curso de Medicina da UEM, chefe da área de Ortopedia e Traumatologia do Hospital Universitário (HU) de Maringá e membro da Comissão de Qualidade do HU. Entre outras atividades, ela também foi coordenadora do Internato médico, chefe da Clínica Cirúrgica e coordenadora das Ligas Acadêmicas de Medicina da UEM.
Confira a composição da “Chapa 2 – Somos Todos HUM”
- Superintendente: Elisabete Mitiko Kobayashi
- Diretora Médica: Daniela Álvares Matsumoto
- Diretor Administrativo: Hermes Souza Barboza
- Diretora de Enfermagem: Viviani Guilherme
- Diretora do Hemocentro: Márcia Momesso
- Diretora de Análises Clínicas e Farmácia Hospitalar: Solange Cardoso Martins
Maringá Post – O Serviço de Urgência e Emergência do Hospital Universitário de Maringá (HUM) enfrenta um indicativo de interdição ética do Conselho Regional de Medicina. Se eleita, quais ações imediatas a senhora pretende tomar para resolver essa situação?
Elisabete – Efetivamente, o indicativo de interdição somente ocorreu na Unidade de Pronto Socorro, não Incluindo as UTIs que seguem funcionando. A reitoria e a atual administração assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta juntamente com o Município de Maringá e com a Promotoria Pública da Saúde. Este termo busca solucionar o problema e vamos honrar este TAC, até porque tem penalidades se assim não o fizermos.
Em conjunto com essas ações, vamos ampliar a discussão com as secretarias Municipal e Estadual de Saúde, consolidando o papel do HUM na assistência regional, pactuando serviços de forma organizada e racional, sem deixar o eixo do ensino e pesquisa.
MP – A senhora poderia apontar os três principais problemas do Hospital Universitário e o que pretende fazer para resolvê-los, caso seja eleita?
Elisabete – Credibilidade junto à sociedade, déficit de recursos humanos e dificuldades financeiras.
Para resolvê-los, vamos recuperar a credibilidade junto à comunidade, mostrando o que fazemos de melhor na assistência. Fazer um trabalho interno, motivando os funcionários com ações pontuais, resolvendo os problemas setoriais e institucionais. Será uma gestão voltada tanto para o público interno quanto ao externo que são os nossos pacientes.
Na parte de Recursos Humanos, vamos dimensionar o número de servidores respeitando a legislação de cada categoria profissional e buscar junto ao Governo do Estado estas adequações. Conjuntamente, melhoraremos fluxos e processos internos que diminuam o retrabalho e sobrecarga dos funcionários.
Na situação financeira, vamos fazer uma gestão eficiente, otimizando os recursos existentes e reavaliar as contratualizações de serviços. Trabalhar efetivamente na busca de recursos em todas as instâncias e buscar aproveitamento melhor dos programas oficiais do governo.
MP – Em dezembro do ano passado o HUM inaugurou 108 leitos que não poderiam ser usados porque não havia profissionais e equipamentos. Quais são as propostas da sua chapa para que esses leitos possam ser usados?
Elisabete – Efetivamente, a construção não estava e ainda não está totalmente pronta, algumas obras essenciais para o seu funcionamento ainda estão sendo realizadas. Em número de leitos, o HUM de Maringá hoje é menor do que os de Londrina, Cascavel e Ponta Grossa. Colocar estes leitos em funcionamento é essencial para minimizar a falta de leitos da região e colocar o hospital no espaço de destaque que merece.
Infelizmente a atual área de internação do HUM está com sérios problemas estruturais (áreas construídas há mais de trinta anos), necessitando de reformas. Vamos comunicar esta situação aos órgãos que auxiliaram na busca de recursos para a construção dos 108 leitos e propor, neste primeiro momento, a transferência destes leitos para a construção nova, enquanto uma reforma nas atuais enfermarias é realizada.
Paralelamente a isso, estaremos buscando junto ao Estado os recursos humanos e os equipamentos necessários para implantação dos leitos definitivos.
MP – De acordo com relatório apresentado pela reitoria da UEM em dezembro do ano passado, o Hospital Universitário tem déficit de 139 servidores. Caso seja eleita, como a senhora pretende resolver essa situação?
Elisabete – Esse déficit se refere apenas aos servidores que se aposentaram, faleceram ou pediram demissão. O número hoje é maior, pois desde 2014 não há reposição. Além dessa situação, o HUM necessita também de profissionais para manter em funcionamento serviços que foram criados em atendimento às necessidades do hospital e à legislação vigente. Lutar por esta reposição imediata é condição primordial para manter o funcionamento do hospital.
Temos consciência que o Governo do Estado tem limitações para contratação em função dos limites estabelecidos pela legislação, mas não podemos continuar nesta situação. Hoje, o HUM consome mais de 60% de seus recursos próprios com o pagamento de profissionais credenciados. Buscaremos junto ao Governo do Estado para que o mesmo assuma essa folha de pagamento.
MP – O governador Ratinho Junior congelou recursos para obras e custeio da Universidade Estadual de Maringá e do HU no valor de R$ 153 milhões. Sabendo do déficit de profissionais e dos problemas de estrutura, o que a senhora pretende fazer para lidar com a falta de verbas do Governo do Estado?
Elisabete – Os recursos bloqueados do HUM foram aproximadamente 31,3 milhões, principalmente sobre os valores destinados à folha de pagamento. O Governo do Estado já se comprometeu a desbloquear estes recursos conforme a necessidade. Vamos demonstrar a importância desta liberação e trabalhar para a ampliação deste valor, considerando a situação atual de necessidade de investimentos.
Outra questão extremamente grave é a retenção de 30% dos recursos próprios do HUM através da Desregulamentação das Receitas dos Estados e Municípios (DREM). Este decreto retira recursos próprios do HUM e transfere para o Estado, que pode aplicá-los em áreas totalmente alheias à saúde. Vamos atuar em frentes para que estes recursos não sejam mais retidos e/ou retornem integralmente para o Hospital.
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