O Dia Mundial do Trabalho foi instituído por uma organização sindical, a Segunda Internacional, realizada em Paris, em junho de 1889. Tratava-se de uma homenagem a trabalhadores mortos em uma série de reivindicações que começaram no dia 1º de maio de 1886 em Chicago (EUA). Eles pediam melhores condições de trabalho porque as suas eram desumanas. A jornada de trabalho era de, no mínimo, treze horas, mas chegava a 17 horas. O primeiro país a aderir à data comemorativa foi a França, em 1919. E o Brasil legalizou-a em 1925.
Dentro de mercado de compra, venda e avaliação de empresas, a maior fonte de valorização de empresas são os ativos intangíveis, entre os quais está a equipe de trabalho, sua experiência, conhecimentos, etc. Em alguns casos, o investimento nessa equipe já é responsável pelo mais significativo aumento do valor da empresas no mercado.
De fato, a compreensão do valor das pessoas no mundo do trabalho se amplia ao longo da história. Contudo, alguns dados ainda impressionam. A existência de trabalho escravo em nosso país e no mundo é um deles. Mas, nesse post, nos deteremos em outro aspecto.
Desde, pelo menos 2009, a Organização Mundial da Saúde alerta para a depressão como uma epidemia silenciosa que precisa ser vista como um problema de saúde pública. Isso, sob pena de comprometer a economia dos países, por baixar a produtividade dos trabalhadores e aumentar os gastos com tratamento e reposição de empregados.
De acordo com a Isma – BR, organização internacional de pesquisa, prevenção e tratamento de estresse, nove em cada dez brasileiros no mercado tem algum sintoma de ansiedade e 47% tem algum nível de depressão. O Fórum Econômico Mundial estima gastos em torno de 6 trilhões de dólares até 2030 com tratamento de transtornos mentais e emocionais em todo mundo.
No Brasil, esse tipo de transtorno já está entre as maiores causas de afastamentos do serviço. E chama atenção uma pesquisa feita pela Regus, empresa multinacional líder na oferta de espaços de trabalho flexíveis, com 16 mil pessoas em que 60% delas atribuiu ao trabalho, e não a vida pessoal, a maior causa de irritação, tristeza e cansaço.
O impacto dos afastamentos de colegas de trabalho também é grande para quem fica na empresa porque o acúmulo de funções gera sobrecarga e perda de eficiência.
A instabilidade político-econômica, a hiperconectividade e excesso de informações são causas evidentes do aumento desses males. Mas parece-nos importantes pensar sobre a qualidade de nosso ambiente de trabalho dentro das empresas e sobre o quanto isso também pode impactar a saúde das pessoas.
A percepção de que elas são importantes já existe. O problema é que muitas vezes as organizações têm uma retórica moderna, mas atitudes impregnadas por uma cultura tradicional e até autoritária. É claro que também existe o outro lado, o dos funcionários, que nem sempre estão realmente comprometidos e também devem assumir a postura de colaboradores.
Justamente pela importância e delicadeza dos fatores envolvidos nas relações de trabalho, é preciso pensar em como qualificá-las. Maior transparência, maior coerência entre discurso e ações, diálogo e interação ainda são práticas essenciais à qualidade das relações de trabalho nas empresas.
Criar espaços de trocas em que se possa efetivamente falar e ouvir, premissa do diálogo, é muito importante para estimular uma cultura participativa e qualificar as relações de trabalho. Nutrir a coerência entre o que se fala e o que se faz ajuda a manter a credibilidade. O contrário gera hipocrisia e descrédito.
Algumas empresas chegam a desenvolver programas de saúde mental para seus colaboradores, embora ainda sejam poucas.
Qualificar os relacionamentos no mundo do trabalho é um meio de criar valor, mas sobretudo é uma maneira de reduzir o sofrimento mental e emocional, em vez de maximizá-lo. É, em sua, um ato de sobrevivência, considerando que as próprias organizações estão sendo afetadas pelas consequências dele.
Os comentários estão fechados, mas trackbacks E pingbacks estão abertos.