Da Arquitetura à Estrutura; criar e executar!

Por: - 25 de agosto de 2021
O Copan é um dos mais importantes e emblemáticos edifícios da cidade de São Paulo, localizado no número 200 da Avenida Ipiranga, no centro da cidade, e foi inaugurado em 1966

Por @yoshiokaengestrutural

 

Desde as monumentais construções romanas, gregas e egípcias antigas, os principais objetivos da construção só serão garantidos se esta estiver estável e puder resistir aos efeitos das intempéries e da circulação de pessoas. O que antes era pensado mais empiricamente, nos dias atuais temos a Matemática e a Tecnologia para nos auxiliarem nos cálculos e modelos. A ideia hoje é mostrar todo o processo criativo pensado pelo arquiteto até à concepção de uma estrutura econômica e resistente, tarefa do engenheiro estrutural.

É bastante comum em obras residenciais de pequeno porte, em reformas e até em barracões contratar um construtor ou algum metalúrgico “de confiança” para executar o serviço. No entanto, essa prática é pouco benéfica e poderá ter resultados catastróficos em função de um mau dimensionamento dos elementos, como as lajes, pilares (colunas) e vigas. O mais correto a se fazer é contratar primeiro um/a arquiteto/a, a fim de se chegar a um projeto de acordo com as normas de ventilação e iluminação. 

Processo de criação da arquitetura, croqui. Fonte: Construindo Casas

A partir de então, a arquitetura ficará responsável por distribuir melhor os ambientes de acordo com as preferências e costumes do cliente, pensando na funcionalidade e em como aproveitar melhor os espaços. Também nesta etapa, poderão ser incluídos elementos estéticos que poderão fazer parte ou não da estrutura, sendo neste último caso contabilizados como carga adicional. Outras tarefas importantes são definir qual tipo de fechamento será utilizado (alvenaria, gesso acartonado, madeira etc.), especificar o tipo de piso cerâmico e telhas, e estabelecer os pontos de saída de água e de descarte dos resíduos da rede de esgoto. No que tange às características a serem aproveitadas na fase do projeto estrutural, é imprescindível que o/a arquiteto/a indique os locais onde haverá carga (“peso”) adicional, como floreiras e reservatórios (caixa d’água, principalmente). Um ganho interessante nessa fase é ter um projeto arquitetônico já prevendo soluções mais práticas do ponto de vista estrutural, ou seja, que tenha fluidez no traçado e na distribuição dos ambientes. 

Charge mostrando a “Profissão Invisível” exercida pelo Engenheiro de Estruturas. Charge elaborada pelo Professor Engenheiro José Sérgio dos Santos.

Quando o projeto arquitetônico está finalizado, será encaminhada uma versão para cada engenheiro civil responsável por um ou mais projetos complementares (estrutural, fundações, de instalações elétricas, de instalações hidrossanitárias/esgoto etc.). Em termos de projeto estrutural, inicia-se o processo criativo do/a calculista – a arte de conceber uma estrutura que seja “invisível” aos olhos dos usuários da edificação –, distribuindo bem os elementos estruturais de maneira que as cargas sejam encaminhadas à fundação e solo de maneira fluída, sem o uso de muitos elementos de transição, como pilares nascendo em vigas ou em lajes. Um bom profissional pensará em não deixar pilares muito visíveis ou vigas que atrapalhem a continuidade dos ambientes, tendo como prioridade a manutenção da estética sem comprometer a resistência da edificação, tudo pensado em termos de custos e praticidade de execução nas etapas construtivas. 

“Sede da ONU, em Nova York”

Um exemplo bastante conhecido por todos é o nosso arquiteto Oscar Niemeyer, que idealizou alguns edifícios como o Copan, o Congresso Nacional Brasileiro e a Sede da ONU (em parceria com o arquiteto famoso Le Corbusier). Ao imaginar as curvas expressivas que o trouxeram o prestígio merecido, Niemeyer também dispunha de bons engenheiros calculistas para a tarefa de manter tudo “em pé”, a fim de garantir as formas por ele pensadas, de maneira que o projeto estrutural pudesse ter harmonia com a estética e funcionalidade arquitetônicas. Em se tratando de ousadia, podemos dizer que são obras hoje bastante consagradas principalmente por oferecerem desafios à engenharia estrutural, destacando alguns nomes como José Carlos Sussekind, Bruno Contarini e Joaquim Cardozo. 

Portanto, arquitetura e estrutura deverão caminhar juntas em toda a fase de projeto: a cada revisão do projeto arquitetônico, o/a calculista deverá observar a mudança das cargas ali presentes e conceber as melhores soluções estruturais com o menor custo possível, garantindo que as necessidades do cliente sejam atendidas. 

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