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Por Jussara Costa
Vivemos em uma era marcada por uma onda de estresse e ansiedade sem precedentes. O aumento de casos clínicos, tanto na psiquiatria quanto em clínicas de psicologia e psicanálise, reflete uma inquietação coletiva que parece se agravar com o passar dos anos. A pergunta que ecoa em muitos estudos e discussões é: o que, exatamente, nos leva a essa crise de saúde mental?
É inegável que as mudanças globais – do avanço tecnológico às questões climáticas e ao impacto da pandemia – contribuíram para a necessidade de uma nova perspectiva sobre o cuidado com a saúde mental. No entanto, este texto não se dedica aos eventos em si, mas ao que podemos fazer para nos adaptarmos e mantermos o equilíbrio diante deles. Com hospitais atendendo diariamente pessoas que confundem crises de ansiedade com infartos, torna-se urgente explorar maneiras de viver de forma mais saudável em meio à agitação do mundo contemporâneo.
A era digital e o paradoxo do tempo
A tecnologia trouxe inovações que facilitam nosso dia a dia, economizando tempo em várias tarefas. Paradoxalmente, parece que estamos cada vez mais sem tempo. Redes sociais, que deveriam nos aproximar de amigos e familiares distantes, frequentemente nos desconectam daqueles que estão ao nosso redor. Essa contradição alimenta a sensação de sobrecarga e esgota nosso bem-estar mental.
Charles Darwin, em sua célebre frase “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”, talvez não pudesse prever a intensidade das mudanças que vivenciávamos em poucas décadas. A evolução que presenciamos nos últimos 50 anos mudou fundamentalmente nossa relação com o tempo e com nós mesmos.
Estratégias para cultivar a calma
Para contrabalançar essa aceleração, precisamos de estratégias que nos ajudem a desacelerar e reconectar com o presente. Eis algumas abordagens que podem fazer a diferença:
1. Valorize o ócio criativo: Permitir-se momentos de descanso genuíno é essencial. O ócio, frequentemente subestimado, proporciona insights valiosos e renova a mente. Uma pausa revigora nossa criatividade e nos prepara para os desafios diários.
2. Conheça e respeite seus limites: O autoconhecimento é a chave para evitar a exaustão. Nosso corpo emite sinais de cansaço que devem ser levados a sério. Estudos mostram que muitas doenças têm origem emocional, reforçando a importância de reconhecer quando precisamos parar.
3. Pratique o uso consciente da tecnologia: Use a tecnologia a seu favor, mas com consciência. Aproveite ferramentas digitais para organizar sua rotina, mas defina horários para se desconectar. Experimente estar plenamente presente durante as refeições, sem distrações digitais, praticando a atenção plena.
4. Desacelere o ritmo: Muitas vezes, a sensação de que o tempo voa vem do hábito de estarmos constantemente conectados. Reservar momentos para atividades sem interrupções tecnológicas ajuda a perceber e valorizar o tempo vivido.
Uma reflexão cinematográfica
Se busca uma reflexão leve e impactante sobre como é viver sem perceber o tempo passar, recomendo o filme Click (2006), dirigido por Frank Coraci. Essa comédia dramática ilustra, de forma tocante, as consequências de viver no modo automático, negligenciando o presente em busca de um futuro que, muitas vezes, nunca chega da maneira como imaginamos.
A saúde mental na era digital exige uma abordagem que vá além do reconhecimento dos problemas. Trata-se de encontrar equilíbrio, respeitar limites e fazer escolhas conscientes que promovam uma vida mais tranquila e saudável. Afinal, no meio da correria, a calma é um ato de coragem.
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