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O vereador Rodrigo Inhoatto (MDB), de Francisco Beltrão, foi preso nesta sexta-feira (28) sob suspeita de desviar dinheiro de um clube recreativo e atacar as casas de dois conselheiros com coquetéis molotov, segundo informações da Polícia Civil.
O parlamentar, que também é presidente do Marrecas Clube, teria coordenado os atentados na madrugada do dia 25 de maio, pouco antes de uma assembleia que discutiria a gestão da diretoria e a prestação de contas.
Um homem de 34 anos, prestador de serviços terceirizado do clube, também foi preso temporariamente. Durante a operação, a polícia cumpriu seis mandados de busca e apreensão, inclusive no gabinete do vereador na Câmara de Francisco Beltrão.
“As investigações ainda apontam indícios de ameaças, extorsões e outras ilicitudes. […] Cabe salientar por cautela que, apesar de um dos detidos exercer o cargo de vereador, não há nenhuma ligação entre a investigação em tela com a função parlamentar”, afirma a Polícia Civil.
A defesa de Inhoatto declarou que o vereador se considera inocente e que os advogados só se pronunciarão após o acesso aos autos.
O Conselho de Ética da Câmara informou, por meio de nota, que abrirá um procedimento interno para investigar se a conduta de Inhoatto fere o Poder Legislativo e o Decoro Parlamentar, mesmo não tendo relação direta com a atividade parlamentar.
O partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB) também se manifestou, afirmando que Inhoatto se filiou ao partido em abril de 2024 e que tomará as medidas legais necessárias, encaminhando o caso à Comissão de Ética.
Detalhes dos Atentados
Na madrugada de 25 de maio, em um intervalo de aproximadamente uma hora, duas residências nos bairros Alvorada e Água Branca foram alvo de artefatos explosivos. A rápida ação dos moradores evitou que os ataques causassem maiores danos.
A Polícia Civil descobriu uma conexão entre os atentados, já que as casas pertenciam a membros do Conselho Deliberativo do Marrecas Clube. A assembleia geral do clube, marcada para o dia dos ataques, tinha como pauta principal a prestação de contas da diretoria.
As investigações também revelaram que as ameaças aos conselheiros já ocorriam anteriormente via aplicativos de mensagens. Sócios do clube relataram que a transparência na execução de serviços, aquisições de materiais e prestação de contas eram motivos de questionamento à diretoria, resultando na necessidade da assembleia geral.
“É importante frisar que sem a presença dos dois sócios conselheiros (vítimas dos atentados) a assembleia não se realizaria, o que denota, em tese, que os fatos ocorridos naquela madrugada teriam a intenção de intimidar as vítimas e evitar que a assembleia geral se realizasse. Apesar de toda angústia e medo, a assembleia geral ocorreu e aprovou uma auditoria no clube”, destacou a Polícia Civil.
Suspeitas de Desvio de Dinheiro
Durante a assembleia, surgiram suspeitas de desvio de dinheiro no Marrecas Clube. Entre setembro e dezembro de 2023, mais de R$ 92 mil foram gastos com tintas e materiais de pintura para uma área de 1.200 m², um valor 120 vezes maior que o usual, suficiente para pintar 4.095 m² segundo preços de mercado. Em junho de 2023, foram gastos mais de R$ 39,5 mil na compra de 573 m² de porcelanato, mas apenas 280 m² foram revestidos, e o restante do material não foi encontrado.
Outros gastos suspeitos incluem mais de R$ 35,5 mil em uniformes em sete meses, R$ 60,3 mil em artefatos de cimento, e R$ 19,3 mil em duplicatas para pessoa física sem comprovação fiscal. Todos esses pontos foram discutidos na assembleia, que decidiu por uma auditoria completa no clube.
“Cita-se a presente ata apenas como exemplo das celeumas financeiras que são objeto de apuração interna do clube e que compõem o cerne da investigação policial, sendo certo que os elementos coligidos na data de hoje quando dos mandados de busca servirão para a continuidade e avanço investigativo”, conclui a Polícia Civil.
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