Alerta: Mentiras sobre a tragédia no Rio Grande do Sul prejudicam o trabalho de ajuda às vítimas

Em meio à tragédia no Rio Grande do Sul, a disseminação de notícias falsas tem se tornado uma preocupação adicional.

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    Enquanto o Rio Grande do Sul enfrenta a sua maior tragédia da história recente com chuvas e inundações, a disseminação de informações falsas tem se tornado uma preocupação adicional.

    Essa onda de desinformação tem sido alimentada, inclusive, por autoridades na política – que são justamente aqueles que deveriam estar lutando pelo bem da população. Um exemplo disso é a fala da vereadora Cris Lauer, de Maringá, que utilizou a tribuna da Câmara Municipal para compartilhar declarações distorcidas sobre o que está acontecendo no Rio Grande do Sul.

    Entre as alegações feitas pela vereadora, destacam-se a afirmação de que a polícia e o exército estariam proibindo barcos de pessoas não habilitadas para resgate. Contudo, autoridades competentes, como a Brigada Militar do Rio Grande do Sul, esclareceram que não há nenhuma restrição desse tipo durante as operações de salvamento das vítimas das enchentes.

    Vereadora Cris Lauer, na Câmara Municipal de Maringá / Foto: TV Câmara

    Outra declaração de Cris Lauer foi sobre caminhões estarem sendo supostamente obrigados a retornar carregados de comida por falta de nota fiscal. A notícia falsa foi inicialmente propagada pelo empresário Pablo Marçal e depois divulgada pelo SBT.

    No entanto, o secretário-chefe da Casa Civil do governo gaúcho, Artur Lemos, desmentiu essa informação, assegurando que as doações estão sendo isentas de impostos e não estão sujeitas a taxas. Posteriormente, a matéria foi retirada dos canais digitais do SBT.

    Além disso, a vereadora alegou que Pablo Marçal teria sido impedido de pousar na Base Aérea de Canoas, mas a Força Aérea Brasileira (FAB) esclareceu que a aeronave do empresário realmente pousou no local para entregar doações às vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul.

    CONSEQUÊNCIAS DAS MENTIRAS

    A disseminação de notícias falsas parecem ter o objetivo principal de descredibilizar o trabalho realizado pelo governo do Rio Grande do Sul e do governo federal. No entanto, as consequências são ainda mais graves, pois colocam a vida da população gaúcha em risco.

    Em entrevista ao UOL News, ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social) Paulo Pimenta, as fake news estão prejudicando o trabalho de resgate e assistência às vítimas das fortes chuvas que assolam o Rio Grande do Sul.

    “Parte da energia que estamos usando para desmentir essa ação organizada e criminosa nós poderíamos utilizar para salvar vidas, ajudar no abastecimento e pensar em coisas urgentes. Cada hora surge uma nova fake news”, declara.

    O comandante do Exército, general Tomás Paiva, também alertou sobre os prejuízos causados pelas fake news em uma entrevista à GloboNews.

    “Já foram resgatadas mais de 60 mil pessoas por todas as forças, e aqui eu estou colocando todo mundo: não tem que ter diferença entre Exército, Marinha, Aeronáutica, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, os voluntários que estão trabalhando. Toda a ajuda é importante nesse momento, mas as fake News prejudicam o trabalho”, disse.

    Além de atrapalhar os esforços de socorro e assistência às vítimas de desastres como as enchentes no Rio Grande do Sul, a disseminação de fake news também pode desencorajar as pessoas de oferecerem doações, o que dificulta a obtenção de recursos vitais para ajudar aqueles que mais precisam.

    COMO AJUDAR?

    O Rio Grande do Sul contabiliza quase 70 mil (69.617) pessoas acolhidas temporariamente em abrigos, porque foram forçadas a sair de suas residências devido às fortes chuvas que caem no estado desde 29 de abril. O dado consta no boletim da Defesa Civil estadual atualizado às 9h desta sexta-feira (10).

    O documento mostra também que 337.116 pessoas estão desalojadas em todo o estado. Até o momento, 113 vítimas fatais estão confirmadas.

    Existem várias formas de ajudar a população gaúcha. A prefeitura de Maringá, por meio do Provopar, e o Corpo de Bombeiros está promovendo a campanha de arrecadação de donativos às famílias vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.

    A campanha segue até o dia 22 de maio. Na garagem do Paço Municipal (acesso pela Avenida Duque de Caxias), os maringaenses podem seguir com a doação de roupas e calçados. As doações podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, exceto aos feriados. 

    No Corpo de Bombeiros, podem ser doados colchões, cobertores, roupas de cama e banho, alimentos não perecíveis, água mineral, itens de higiene e limpeza e ração. As doações devem ser entregues no Quartel Central do 5º Grupamento do Corpo de Bombeiros, na Rua Benjamin Constant, das 8h às 20h, durante todos os dias da semana. 

    Além da doação de recursos, a população pode doar qualquer valor para a campanha ′SOS Rio Grande do Sul′, por meio de transferência via Pix. A chave para doação é o CNPJ: 92.958.800/0001-38, do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul).

    COMBATE À DESINFORMAÇÃO

    Em tempos de crise, é fundamental que nos mantenhamos informados por meio de fontes confiáveis. Veja algumas dicas de como fazer a checagem de fatos:

    1. Verifique fontes confiáveis de notícias: Sites de jornais respeitáveis e agências de notícias costumam relatar e desmentir fake news. Verifique portais de notícias locais e nacionais.
    2. Cheque agências de fact-checking: Existem organizações dedicadas a verificar a veracidade de notícias. Alguns exemplos são o “Agência Lupa” e o “Aos Fatos” no Brasil.
    3. Redes sociais das autoridades competentes: Muitas vezes, as autoridades responsáveis por gerenciar situações de emergência desmentem informações falsas em suas redes sociais oficiais.
    4. Sites oficiais do governo: Os sites oficiais do governo geralmente emitem comunicados e informações oficiais sobre situações de emergência e podem desmentir informações falsas.

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