Estudos para recuperação do lago do Parque do Ingá iniciaram há três anos; Relembre

Nesta semana, a Prefeitura de Maringá abriu uma licitação, no valor de R$ 1,9 milhão, para a construção de dois canais de drenagem no entorno do Parque. Em 2021, município contratou uma fundação para estudar e sugerir medidas para solucionar o baixo volume das águas do lago, com testes sendo realizados ao longo do período.

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    Nesta semana, a Prefeitura de Maringá abriu um novo edital, por meio do Instituto Ambiental de Maringá (IAM), visando solucionar o baixo volume de águas do lago do Parque do Ingá. A licitação, no valor de R$ 1,9 milhão, visa contratar uma empresa de engenharia para a construção de dois canais de drenagem no entorno do Parque.

    O objetivo é canalizar a água das chuvas e direcioná-las para o lago, passando por um processo de filtragem, conforme descreve o memorial descritivo. A medida, além de aumentar o nível das águas do lago também ajudaria, diretamente, a evitar pontos de alagamentos nas avenidas do entorno do Parque do Ingá, problema verificado nos últimos anos.

    A solução é uma das medidas apontadas por um estudo da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico (Fadec), vinculada à Universidade Estadual de Maringá (UEM), instituição que começou a estudar os problemas do lago ainda em 2021, quando foi contratada pela Prefeitura de Maringá para a realização dos primeiros estudos.

    Naquela altura, o objetivo das pesquisas eram identificar os motivos pelo qual o nível das águas do Parque haviam caído drasticamente nos últimos anos. Em junho de 2022, a Fadec apresentou os resultados da primeira fase dos estudos. Apesar dos poços artesianos, comumente, serem apontados como o principal problema, eles não foram apontados como os únicos responsáveis. Os pesquisadores identificaram, na época, a impermeabilização do solo como uma dos fatores.

    Em outras palavras, significa dizer que a medida que a região foi ‘concretada’, a água das chuvas que, normalmente, eram absorvidas pelo solo e enviadas naturalmente ao lago, não tinham para onde escorrer, o que também ajudou a formar os pontos de alagamento.

    Em outubro do mesmo ano, o município começou a colocar em prática as primeiras soluções apontadas pelo estudo da Fadec: a instalação de poços de infiltração. Foram dois poços, um deles instalado na Avenida Laguna.

    Os poços, de forma específica, tinham o objetivo de melhorar a absorção da água da chuva por parte do solo, questão que ajudaria a resolver outro problema que a região enfrenta há alguns anos, que é o das inundações. Em abril de 2023, o Maringá Post conversou com o professor de Engenharia Civil e coordenador do programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Sandro Lautenschlager, que apontou alguns motivos que levaram Maringá a desenvolver pontos de alagamento.

    “São dois objetivos principais (da instalação dos poços): o primeiro é minimizar as inundações que ocorrem em parte da cidade e o segundo objetivo, derivado desse, é permitir que a água da chuva possa infiltrar no solo da mesma forma que isso ocorria antes da urbanização da cidade, com a construção de edifícios, asfalto, calçadas impermeáveis. Eu diria que ainda há um terceiro objetivo, tão importante quanto os dois iniciais, que é permitir que a água da chuva possa sofrer um pré-tratamento antes de ser lançada no corpo receptor. Atualmente, quando ocorre a chuva, ela meio que “lava” as ruas e toda essa sujeira acaba indo para os rios. […] Os poços não tem esse objetivo direto de lançar água no lago, mas indiretamente ele prevê a recuperação das nascentes que há na cabeceira do lago. Ali, existiam algumas nascentes de água, que desapareceram possivelmente devido a impermeabilização do solo e esses poços de infiltração visam reverter essa situação no longo prazo”, explicou o professor na época.

    Como todo estudo científico, no entanto, o monitoramento dos poços viveu alguns percalços no último ano. Um deles foi o volume de chuvas abaixo do esperado no período. Sem água passando pelos sensores, não é possível calcular, com precisão, o nível de vasão que se passa pelos poços. Os dois primeiros poços instalados são experimentais, com os dados servindo de parâmetro para a implementação de outros pela cidade.

    “Como trata-se de um trabalho experimental, ainda estamos coletando resultados. Nós implementamos os poços em um período de chuvas, mas nós não tivemos sucesso com a instrumentação dos poços. Os primeiros sensores que nós instalamos não conseguiram coletar os dados que nós esperávamos que coletassem, com isso novos sensores foram instalados e os novos também apresentaram problemas técnicos. Também tivemos o problema do volume de chuvas no período ter sido abaixo do esperado após a instalação dos novos sensores. Agora, precisamos correlacionar dados de chuva com dados de vasão de água na região para poder medir onde instalar novos poços”, afirmou o professor na ocasião.

    De acordo com a Prefeitura de Maringá, a licitação para a construção dos canais, aberta nesta semana, leva em consideração uma nova fase de sugestões da pesquisa contratada junto a Fadec. Conforme o edital, o prazo de execução da obra será de 270 dias, a contar da assinatura da Ordem de Serviço. Os envelopes com as propostas serão abertos no dia 25 de setembro.

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