Um ano depois, Prefeitura e UEM seguem em busca de soluções para o lago do Parque do Ingá

Em outubro de 2022, município realizou a instalação de dois poços de infiltração nas imediações do Parque, com o objetivo de minimizar o problema dos alamentos em vias públicas, medida que ajudaria indiretamente a recuperar as nascentes do lago.

  • Em outubro de 2022, município realizou a instalação de dois poços de infiltração nas imediações do Parque, com o objetivo de minimizar o problema das alagamentos em vias públicas, medida que ajudaria indiretamente a recuperar as nascentes do lago. Agora, técnicos da Universidade sugeriram uma nova solução.

    Por Victor Ramalho

    Nessa quinta-feira (19) completou-se 1 ano que a Prefeitura de Maringá concluiu a instalação de dois poços de infiltração no entorno do Parque do Ingá. A medida foi executada após um estudo contratado pelo município ainda em 2021 junto à Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico (Fadec), órgão ligado à Universidade Estadual de Maringá (UEM), que visava encontrar soluções para resolver o problema do nível das águas no lago do Parque do Ingá.

    Um dos poços foi instalado na Avenida Laguna e o outro no entroncamento das ruas Furtado de Mendonça e Santos Dumont. Cada um deles, medindo 1,5m de diâmetro, é acompanhado de Retentor de Impureza de Águas Pluviais (Riap), que visa auxiliar na filtragem da água.

    Os poços, de forma específica, tem o objetivo de melhorar a absorção da água da chuva por parte do solo, questão que ajudaria a resolver outro problema que a região enfrenta há alguns anos, que é o das inundações. Em abril, o Maringá Post conversou com o professor de Engenharia Civil e coordenador do programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Sandro Lautenschlager, que apontou alguns motivos que levaram Maringá a desenvolver pontos de alagamento.

    O professor é o mesmo que hoje coordena os estudos que envolvem os poços de infiltração no entorno do lago. Em nova conversa com o Maringá Post nessa quinta-feira (19), ele fez uma avaliação do primeiro ano de funcionamento dos dispositivos. Ele explica que além de ajudar a conter os alagamentos nas vias públicas, a melhor canalização da água da chuva também ajudaria a recuperar as nascentes do entorno do lago do Parque do Ingá, uma medida que, em longo prazo, poderia recuperar o nível das águas naturalmente.

    “São dois objetivos principais (da instalação dos poços): o primeiro é minimizar as inundações que ocorrem em parte da cidade e o segundo objetivo, derivado desse, é permitir que a água da chuva possa infiltrar no solo da mesma forma que isso ocorria antes da urbanização da cidade, com a construção de edifícios, asfalto, calçadas impermeáveis. Eu diria que ainda há um terceiro objetivo, tão importante quanto os dois iniciais, que é permitir que a água da chuva possa sofrer um pré-tratamento antes de ser lançada no corpo receptor. Atualmente, quando ocorre a chuva, ela meio que “lava” as ruas e toda essa sujeira acaba indo para os rios. […] Os poços não tem esse objetivo direto de lançar água no lago, mas indiretamente ele prevê a recuperação das nascentes que há na cabeceira do lago. Ali, existiam algumas nascentes de água, que desapareceram possivelmente devido a impermeabilização do solo e esses poços de infiltração visam reverter essa situação no longo prazo”, disse.

    Como todo estudo científico, no entanto, o monitoramento dos poços viveu alguns percalços no último ano. Um deles foi o volume de chuvas abaixo do esperado no período. Sem água passando pelos sensores, não é possível calcular, com precisão, o nível de vasão que se passa pelos poços. Os dois primeiros poços instalados são experimentais, com os dados servindo de parâmetro para a implementação de outros pela cidade.

    “Como trata-se de um trabalho experimental, ainda estamos coletando resultados. Nós implementamos os poços em um período de chuvas, mas nós não tivemos sucesso com a instrumentação dos poços. Os primeiros sensores que nós instalamos não conseguiram coletar os dados que nós esperávamos que coletassem, com isso novos sensores foram instalados e os novos também apresentaram problemas técnicos. Também tivemos o problema do volume de chuvas no período ter sido abaixo do esperado após a instalação dos novos sensores. Agora, precisamos correlacionar dados de chuva com dados de vasão de água na região para poder medir onde instalar novos poços”, afirmou o professor.

    E a água do lago?

    Como os poços de infiltração não tem o objetivo direto de recuperar o nível das águas do lago e a recuperação das nascentes é um trabalho a ser feito em médio prazo, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) apresentou uma solução imediata para o problema, que inclusive já está tendo seu projeto executivo licitado pelo Instituto Ambiental de Maringá (IAM).

    A ideia é canalizar parte da água da chuva diretamente dentro do lago, após a mesma passar por um processo de filtragem. O IAM pretende gastar até R$ 83 mil para a contratação do projeto via dispensa de licitação. De acordo com Sandro, a canalização ajudaria, além de recuperar parcialmente o nível das águas do lago, a conter a erosão do Córrego dos Moscados, que recebe a água das chuvas em Maringá.

    “Quando ocorre a precipitação, essa água que escoa pelas calçadas, a água passa por dois canais a leste e oeste do lago. A nossa sugestão é que essa água seja canalizada para dentro do lago depois de um certo tempo. Analisamos a qualidade da água e, após 15 minutos de chuva, ela faz a limpeza do pavimento e nós podemos aproveitá-la para a recarga do lago. Essa recarga é uma solução de curto prazo que resolve o problema do nível do lago, além de minimizar um outro problema que talvez não seja visível para a população, mas que é o de diminuir a erosão do córrego que recebe essa água da chuva em Maringá”, finalizou.

    Foto: Ilustrativa/PMM

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