Ato simbólico na Praça da Catedral reforça importância do combate ao feminicídio

Ao redor da cruz, 70 sapatos femininos representam as vidas de mulheres que já foram mortas em decorrência do feminicídio

  • Na madrugada de 22 de julho de 2018, a advogada Tatiane Spitzner foi encontrada morta pela polícia. O namorado de Tatiane é o principal acusado da morte da advogada. No dia em que Tatiana caiu do  4º andar do prédio em que morava, câmeras de segurança flagram uma briga do casal no elevador. No mesmo ano da morte da advogada, uma lei estadual instituiu o dia 22 de julho como “Dia Estadual De Combate ao Feminicídio”.

    Nesta quarta-feira (22/7), uma cruz de veludo preta foi estendida no chão da praça da Catedral de Maringá. Ao redor da cruz, 70 sapatos femininos representam as vidas de mulheres que já foram mortas devido ao feminicídio.

    Segundo a delegada responsável pela Delegacia da Mulher de Maringá, Luana Louzada Pereira Lopes, o ato público mostra respeito pelas vítimas, pelos familiares e reforça a força da integração do poder público em combater as violências de cunho doméstico e familiar contra a mulher.

    “O ato mostra e divulga determinadas situações que possam vir a acontecer com diversas mulheres. Além de mostrar a realidade nas situações de violência, a ação informa os serviços disponíveis e locais onde as mulheres  possam procurar ajuda”, diz a delegada.

    Veja o vídeo do ato público no combate ao feminicídio realizado em Maringá:

    Mesmo sendo uma grande quantidade de sapatos, 70, o número de calçados que contornaram a cruz se quer é suficiente para marcar a quantidade de mulheres que foram vítimas de feminicídio em 2019 no Paraná. Só no ano passado, 89 mulheres foram assassinadas no estado. Já no primeiro trimestre deste ano, mais 23 mulheres foram mortas.

    Em Maringá, foram registrados cinco casos de feminicídio desde o começo do ano. Um dos casos com maior repercussão na cidade e nacionalmente, foi o assassinato da bailaria Maria Gloria Poltronieri Borges, de 25 anos.

    Magó, como era conhecida pelos familiares e amigos mais íntimos, foi encontrada morta no domingo (26/1) em uma propriedade rural em Mandaguari. Apuração preliminar do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a causa da morte foi enforcamento.

    Na ocasião, a morte da jovem causou comoção nas redes sociais e levou milhares de pessoas a saírem em protesto nas ruas de Maringá. O caso também ganhou proporção em outras cidades com atos em repúdio no combate ao feminicídio.

    De 2017 a 2019, o Centro de Referência de Atendimento a Mulher Maria Mariá (Crammm) realizou 5.543 atendimentos por meio de assistentes sociais, psicólogos e advogadas. Neste mesmo período, 7.214 boletins de ocorrência foram registrados pela Delegacia Especializada da Mulher e 3.081 medidas protetivas foram adotadas.

    No primeiro semestre de 2020, foram cerca de 503 novas medidas protetivas só em Maringá. Em casos de risco iminente de morte, a mulher é encaminhada para a Casa-abrigo de Maringá. O local temporário, de endereço sigiloso, oferece proteção e atendimento integral às vítimas 24 horas por dia.

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