Doralina a velhinha mais simpática da comunidade tinha fama de boa no trabalho com as mãos. Era costureira  de mãos cheias.Tinha um atelie em sua modesta casa…Fez a batina do Bispo da cidade o que lhe rendeu uma especial renda mensal e reconhecimento.

Era católica apostólica e seguia ao pé da letra as palavras bíblicas proferidas na santa missa. Bispo Nicolo  de almeida  tinha a idade avançada.Mas tinha pulso forte na condução da paróquia.

Lá ela comungava e confessava toda semana.Morava sozinha desde o falecimento do único filho. Um jovem de vinte e sete anos perdeu a vida em um grave acidente… Esse era o unico desgosto que guardava a sete chaves dentro do coração.Sua irmã Clarice fazia de tudo pela recuperação de Doralin. Ambas se amavam ao  máximo mesmo o amor sendo uma foice que corta até a raiz… Doralina adora arte impressionista, principalmente Van goh. Seu atelie era cheio de suas obras…

mas um dia sem calcular sem agendar a sorte virou inimiga.. A hora de Quevedo lhe pegou distraída e como que pregando uma rasteira tocou fogo em seu estúdio de trabalho… Dotada de capacidade reergueu seu atelie sozinha…

Em uma noite de calor, de joelhos Doralina fazia sua prece de sempre.. mas seu coração não lhe deu segunda chance. Enfartou ali mesmo aos pés da cama…

Reza a lenda de que muitos de seus trabalhos estejam guardados onde bem Clarice sabe dizer… Diga o Bispo Nicolo amigo intimo de Doralina. fez a extrema unção da querida amiga e sua memória ficou para quem conheceu a dama costureira.

 

 

Luiz Renato Vicente é acadêmico de Filosofia da UEM (Universidade Estadual de Maringá). Vencedor de duas Edições do Prêmio Melhor Leitor do Ano pela Rotary Club Internacional e Semuc. 2017 ( 2º lugar) e 2019 ( 1º lugar) na categoria adulto. Autor do Livro Desamparo ( Micro-Contos) Pela AR Publisher Editora.