Dava para acompanhar o transito da janela rústica de madeira herdada de seus avós… Noberto era um desses caras que nascem privilegiados em termos de grana. Estudou no Colégio Marista e a educação que recebeu foi de primeira linha.

Mas Noberto gostava da sua solidão. Sua vida era um  livro fechado, constante variável que lhe soava como brasa em festa de São João…. Mas festas não eram de seu apreço. Gostava mesmo era de seus livros do avô Deoclecio Maneiro falecido a poucos anos. Foi Diplomata do Itamaraty serviu a nação na França por onde se estabeleceu em seus ultimos cinco anos de vida.

Noberto guardava rancor de seu pai Narciso… Um velho que para consigo foste um cara dotado de velhice e extremamente apegado ao dinheiro  ( seu Totem).Noberto era campeão em concursos de leitura de sua cidade ” Santa Fé”. Não havia oportunidade de ligação concreta com o pai… O sentimento era de estagnação  quando o assunto era família.

As poucas memorias do avô Deoclecio eram fotografias de cor preta e branco guardadas em um caixa em MDF escondida no sóton da casa.

Noberto só saia de casa para ir a igreja aos domingos sozinho. Lia muito e escutava musicas de varios géneros dentro da escala do Rock…Este era seu momento de exorcizar os seus demónios…

somente um verso calhava – lhe o coração sem ninguém no seu pequeno escritório ruminava ….

Meu refúgio, Minha rocha protetora , Meu Deus eu confio em vós” Esse era sua motivação para não cometer algo contra sua fé. 

Extrato do salmo 91

Luiz Renato Vicente é acadêmico de Filosofia da UEM (Universidade Estadual de Maringá). Vencedor de duas Edições do Prêmio Melhor Leitor do Ano pela Rotary Club Internacional e Semuc. 2017 ( 2º lugar) e 2019 ( 1º lugar) na categoria adulto. Autor do Livro Desamparo ( Micro-Contos) Pela AR Publisher Editora.