Quase foi atropelado quando tentava atravessar a avenida com sinalização na hora do rush. Estava atrasado para entregar a encomenda nos correios. Na pasta, contratos embargados ha meses.  Parecia um final feliz para aquela jornada. Mas algo estava saindo errado… Faltava o calculo da mora em que estado se encontrara. Sua pequena firma de cartuchos para impressora estava ha beira da falência.

Seu nome de batismo Jorge Samuel. Solteiro morava com a  mãe em seus plenos 34 anos. Foi educado pelo pai para levar o trabalho em primeiro lugar, estudos era coisa de gente relaxada… Era seu lema.

No caminho dos correios se deparou com uma loja de sapatos infantis. A lembrança recuperou o instante perdido no tempo em que o pai passara com  Jorge ainda pequeno e Jorge lançando os olhos á um pequeno sapatinhos  que estava a mostra na vitrine.

Seus olhos inocentes lançaram ao pai importunado o pedido: “Pai compra um pra mim “ era a pergunta retórica do pequeno. Seu velho sagaz respondeu oportuno: ”Claro meu filho, um dia ei de compra-los .”

Hoje Jorge tem 34 anos e seu pai já falecido. Engoliu as lagrimas… O pai nunca deu o tão enamorado  sapatinho social preto. Mas ele tinha que seguir o caminho, era um homem de negócios…

Ao sair da unidade dos correios sentiu uma dor forte no peito. Algo que estava afogado pelo tempo que reacendeu como fogueira. Era a magoa que nutria com o velho… Pensou meu Deus como superar o que me furtou a paz, questionara… Jorge tinha por obrigação dar o perdão ao pai que já não se fazia presente e sendo assim sem oportunidade de lhe olhar nos olhos  e reconstruir o momento machucado no passado.

Mas ele não sabia dizer a palavra “Perdão”… Porém tinha um trunfo. Ele aprendeu a dizer “Deus te abençoe onde estiveres  velho amado”. Com essa atitude o desamor do pai voltou em forma de benção curando os cortes que habitavam por muitos anos o jovem coração.

E assim se construiu o novo, perdoando o passado,. sacralizando o presente…

E chegando em casa abraçou sua já idosa mãe e para não perder o tempo e suas rédeas disse a ela “ Te amo nunca irei te deixar partir”.

 

 

Luiz Renato Vicente é acadêmico de Filosofia da UEM (Universidade Estadual de Maringá). Vencedor de duas Edições do Prêmio Melhor Leitor do Ano pela Rotary Club Internacional e Semuc. 2017 ( 2º lugar) e 2019 ( 1º lugar) na categoria adulto. Autor do Livro Desamparo ( Micro-Contos) Pela AR Publisher Editora.