Era como meio dia, janelas escancaradas para a brisa da temporada. Trajava a veste cor de luto como se todo tempo fosse ingrediente para o mau humor.
Lia trechos de Mônica Bergamo sempre durante o café matinal antes da caminhada diária e cumprimentava os vizinhos como que um esforço clinico.
Não gostava de política, mas das muitas vezes era combalido a dar opiniões(devido o posto que ocupava). Funcionário do Banco Central, trinta anos de carreira, Católico apostólico Romano. Aristides não tinha filho, algumas namoradas, mas nada a sério.
Não gostava de se ver no espelho. Ao som de Bach era capaz quarentenas isolado.Bastava uma boa bebida e um jornal atualizado pra se sentir acolhido
Era a mais expressiva feição de Narciso. Na solidão se apaixonou por si mesmo numa leitura de Clarice Lispector.

Luiz Renato Vicente é acadêmico de Filosofia da UEM (Universidade Estadual de Maringá). Vencedor de duas Edições do Prêmio Melhor Leitor do Ano pela Rotary Club Internacional e Semuc. 2017 ( 2º lugar) e 2019 ( 1º lugar) na categoria adulto. Autor do Livro Desamparo ( Micro-Contos) Pela AR Publisher Editora.