Duelando com a consciência

 

Nos pegámos quase todo fim de tarde. Ela intelectualizada acusava-me sem modéstias precavida de represálias na cabeceira da cama centralizada no quarto onde ficavam os quadros prediletos até o culme da janela ontológica na parede lateral.
A agonia daquelas falácias costumava incomodar meses, sempre a desfrutar aliciadamente de um reles extrato que fosse de minha paciência a trunfos indenizatórios.
Brigar com ela a troco de ser dono da razão seria desleal se não terminasse me vencendo a toda e cada discussão.
Um tapa na cara, um cuspe no chão, ventilador ligado ressecando a atenção a seus gestos folclores, foram tantas às vezes debruçado por sobre os joelhos meditando minha função, de ser amigo, pousada, autor de jargões.
Também concordávamos de vez em quando, principalmente sendo o ponto de vista o cerne da questão. Questão de tempo e espaço.
Não gosto da insistência que tem de me afrontar logo cedo no banheiro no barulho do gargarejo recitando rouca meus deveres e defeitos. Não gosto quando some fingindo que repara e diz tudo estar bem; pois nestas horas é que em desalento uma pergunta indecente tem manejo e provem.
Contradizendo gosto da autoritária que me joga repuxando-me as coxas quem é dono de quem? E depois do café na varanda abraçando-me chora sem pertencer a ninguém.

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