Acordou de madrugada como de costume. E se levantou supersticioso colocando o pé direito como se fosse um vício. Beijou a cruz antes do delírio. E fez café pra tomar sozinho. E recitou a oração do dia como se fosse magica. E leu jornal pra se atuar do tempo. Um patamar,um circo e um presidente escroto. Declarações de um bem que não tinha como enxergar. Um homem de fé enfrenta o sacrifício que nasce de uma canção, estimulante como uma atitude Rock in Roll.Trabalhava com cerâmica independentemente em sua residencia. seus vasos sua cultura underground.
mantinha-se fechado em casa por opção, era suficiente para por em prática suas inspirações.
Morava sozinho a muito anos depois de sair da casa dos pais. Ambos eram aposentados pelo governo federal. O pai diplomata residia fora do Brasil, a mãe morava com a filha caçula…Ricardo era seu nome. Seu sonho era ser cantor, mas por ironia do destino sofreu um embate com uma guria que tão imediatamente que logo lhe encantou os olhos.
A moça devia ter em media sua idade…Estudava arquitetura e era solteira. A primeira vez que se encontraram foi na FLIM ( feira literária de maringá)Ela em busca de livros de urbanismo , ele atras de filosofia grega. se chocaram por acidente a jovem ia quase que caindo no chão quando Ricardo a tomou pelas mãos amparando aquela pequena que viria a ser seu tão sublime amor..
E trocaram telefones… Marcaram de tomar um pileque num bar próximo dali… assertivamente concordaram…E partiram dali com uma surpresa tal qual, sofre o encanto do encontro repentino.
E nasceu um romance. E foram morar juntos e vieram os gêmeos e aprenderam a compartilhar de tudo … Susana a agora mãe dos seus filhos era acanhada, de pouca palavras…Gostava de curtir discos de vinil. Dentre suas coleções estavam Pink Floyd, Ramones, e Iron Maidem… Os discos de Ricardo eram um tanto mais variados títulos como Belchior, Raul Seixas, Renato Russo e Bob Dylan.
As leituras de Ricardo giravam em torno de autores como Albert Camus e Jose Saramago e leu a coleção Fyodor Dostoevsky. Degustava de obras pesadas como se fosse musica.
Apesar da adversidades viviam em seu modesto apartamento na vila bosque. E Suzana fez doutorado enquanto Ricardo saia da graduação. E se tornou professor do ensino médio enquanto frequentava o mestrado. Se amavam com toda a sinceridade…e deixavam fluir uma família nuclear.
Quando chegou o inverno decidiram viajar pra Campos de Jordão… Ali aproveitaram duas semanas. Bons vinhos, um hotel aconchegante e uma paisagem singular. No retorno as rotinas não se alteraram; suas vidas simples continuaram as mesmas…
A próxima estação seria talvez a da saudade e agonia de um samba canção versado em poesia

Luiz Renato Vicente é acadêmico de Filosofia da UEM (Universidade Estadual de Maringá). Vencedor de duas Edições do Prêmio Melhor Leitor do Ano pela Rotary Club Internacional e Semuc. 2017 ( 2º lugar) e 2019 ( 1º lugar) na categoria adulto. Autor do Livro Desamparo ( Micro-Contos) Pela AR Publisher Editora.