Numero 14

14 era meu numero de chamada na equipe de segurança. somados eram 6 igualmente qualificados a desempenhar as competência de vigilante. Dividíamos as alas para vistoria e fechamento durante a carga horaria de 12×36 noturno. Ali compartilhávamos historias e aprendizados… Roberto o mais velho ancião dava dicas de postura e como tal, trazia consigo uma gama de trajetórias positivas que lhe renderam o posto de encarregado no ano de 2009. Martins fazia o café quando era perto da meia noite. Eu e Agnaldo jogávamos cartas enquanto o silencio reinava na quadra que era parte composta do Shopping Center. Somente Roberto tinha filhos, tinha fama de dedo duro quando seguranças saiam da reta. Com o passar do tempo em nossa companhia se apegou a equipe que acabou por se engajar as praticas dos mais jovens agregados na turma daquela empresa com séria reputação. Mas a má sorte me levou daquele lugar sombrio que estava acostumado e quando fazia rondas do lado de dentro, para um hospital repugnante onde a falsidade era quase que estampada nas faces das meninas que comportavam o quadro de atendentes. Fui torturado por calunias. depreciado, pedi pra sair… Mas não resolveu de nada a problemática situação. Foi ai que descobri que meu perfil de segurança era do tipo diplomático e não evasivo. Não tinha que bater em pessoas, não tinha que bancar o forte que resiste a tudo como se fosse inatingível. Voltar a ser o que era de fato (reservado) não me punha na condição de fraco…mas me convidava a serenidade de um bom livro, a calma que a casa própria nos devolve. Hoje não resta ninguém daquela equipe do fim de tarde. A empresa se desligou do Shopping e se concentrou em outras localizações mais frutíferas.
Continuo nas andanças da vida. Com a cara e a coragem busco a completude de um ser invadido pela antipatia…Foi assim que me desliguei dos serviços hospitalares sem qualquer forma de remorso doa a quem doer.

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