Geração Z: domina a internet, mas não sabe usar o “velho” PC

Muitos jovens da Geração Z revelam dificuldades em operar sistemas operacionais tradicionais e aplicativos de escritório.

  • A era digital transformou radicalmente o cenário profissional, colocando em cheque a suposição de que a Geração Z, nascida entre 1995 e 2010, possui habilidades tecnológicas inatas.

    Surpreendentemente, essa geração enfrenta desafios significativos ao interagir com tecnologias consideradas básicas no ambiente de trabalho, como computadores pessoais e softwares profissionais.

    Nativos digitais?

    Contrariando a percepção de que são “nativos digitais”, muitos jovens da Geração Z revelam dificuldades em operar sistemas operacionais tradicionais e aplicativos de escritório, como o Pacote Office.

    Essas limitações vêm à tona durante processos seletivos, onde a falta de familiaridade com ferramentas de edição de texto, planilhas eletrônicas e plataformas de videochamada pode representar um obstáculo significativo.

    Empregadores e recrutadores notam uma discrepância entre a fluidez digital demonstrada em smartphones e a habilidade para navegar em ambientes de computação mais convencionais.

    Foco no celular

    A raiz do problema parece residir na mudança de hábitos tecnológicos.

    A Geração Z, embora imersa em um mundo conectado, tende a priorizar dispositivos móveis, relegando o computador a um papel secundário.

    Dados da pesquisa TIC Domicílios de 2023 ilustram essa tendência, com um uso predominante de smartphones para acesso à internet, em detrimento do PC.

    Essa preferência molda um perfil de usuário mais habituado a interfaces simplificadas e aplicativos de consumo de conteúdo, em vez de ferramentas de produtividade.

    A transição para o mercado de trabalho, por conseguinte, impõe a necessidade de adquirir competências tecnológicas específicas.

    O que as empresas esperam

    Empresas, mesmo em vagas de estágio ou aprendizagem, esperam um domínio mínimo de softwares profissionais, como planilhas eletrônicas, que são essenciais para a execução de tarefas cotidianas.

    A falta de preparo nessa área pode levar à exclusão de candidatos de processos seletivos, sublinhando a importância de habilidades digitais básicas.

    Procura por cursos

    Reconhecendo essa lacuna, cresce a procura por cursos de capacitação em informática focados no ambiente de trabalho.

    Essas iniciativas, reminiscentes dos “cursinhos de informática” das décadas de 1980 e 1990, buscam equipar a juventude com as ferramentas necessárias para uma atuação eficaz no cenário profissional atual.

    A formação oferecida varia desde o manuseio de softwares de escritório até programas mais especializados, atendendo a uma demanda por habilidades que muitas vezes são negligenciadas no percurso educacional formal.

    Limitação também aparece na educação

    Além disso, a necessidade de adaptação não se limita ao âmbito profissional.

    Educadores observam dificuldades tecnológicas mesmo entre estudantes do ensino médio, sinalizando um descompasso entre a fluência digital aparente e a competência técnica real.

    Esse cenário evidencia a necessidade de uma abordagem mais integrada ao ensino de tecnologia, que prepare os jovens não apenas para o consumo de conteúdo digital, mas também para a participação ativa e criativa na sociedade e no mercado de trabalho.

    Em suma, a inserção bem-sucedida da Geração Z no mercado de trabalho demanda um reconhecimento das habilidades digitais como competências essenciais, não apenas complementares.

    À medida que a tecnologia continua a evoluir, a capacidade de adaptar-se e aprender continuamente emerge como um diferencial crítico, tanto para o desenvolvimento pessoal quanto profissional dessa geração.

    Foto: Arquivo / EBC

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