A necessidade de “parecer hétero” que nasce do machismo

Por: - 21 de outubro de 2021

 

Educar é a melhor maneira de trazer luz ao caminho das pessoas; mas será que tais ensinamentos são repassados – ou ao menos compreendidos?

 

É muito comum a gente ouvir por aí coisas como “o homem gay/mulher lésbica ativo(a) é bem menos gay que o(a) passivo(a)”, “tudo bem gay, mas viado daí é demais”, “quer ser lésbica tudo bem, agora parecer um macho?”, “ué, mas se for pra ficar com algum homem afeminado, fica direto com mulher” ou “mas se a lésbica é masculina, porque não fica com um homem logo?”, e tantos outros insultos contra nossa própria história e nossa própria decisão de, socialmente, sermos quem a gente quer ser.

Mas é pequeno demais pensar que esse discurso vem apenas da comunidade “externa”, de quem nos vê de fora: infelizmente, esse discurso é MUITO comum dentro da própria comunidade. Pessoas LGBTQIA+ também discursam (e até acreditam) nas falas acima e em tantas outras. Mas isso tem uma causa.

Caio Graneiro, psicólogo e sexólogo pela Universidade Católica da Bélgica disse recentemente, em seu Instagram, sobre isso. Ele apontou, no vídeo que está disponível no link, que tais comportamentos têm uma origem: nossa criação. Recomendo que assistam, só clicando ali no link.

A gente tá acostumado – e isso não quer dizer que seja normal – a crescer vendo e entendendo que um discurso machista e LGBTfóbico (pois um nasce do outro) é “natural”. É por isso que, mesmo dentro de uma condição onde nós já sabemos quem somos e nos entendemos como pessoas LGBTQIA+, ainda haja deslizes e discursos errados. Discursos que, com uma boa rede de apoio e conversa, podem ser repensados, elaborados e entendidos sob qual motivo é um discurso ruim, pejorativo e segregador.

Lógico, é claro que ser natural não significa que é normal – e assumir uma posição de sair da ignorância e jogar luz em cima de um discurso que é falado há anos, para mudar, pode ser mais difícil do que se pensa. Mas não é impossível. A grande questão é que, entre crescer aprendendo sobre inclusão e diversidade e ter que mudar a chave para compreender que tudo o que se viveu até aqui, ouvindo, é preciso mudar, incomoda e chega a doer. Mudar um costume, uma cultura, não é fácil.

É por isso que quando nós dizemos que é urgente educar e não punir, dialogar e não prender, ensinar e não amedrontar, é sobre isso que estamos falando: pessoas LGBTQIA+ existem. E entre essas existências, o apagamento da realidade de repassar, desde cedo, ensinamentos sobre essas pluralidades podem trazer questões complexas como essa, deste texto.

Por enquanto, o que nos cabe é reaver o que é nosso por direito: ensinar sobre nós mesmos. Mas mais do que isso, aprender sobre nós mesmos e sobre como podemos ser diferentes, fugindo  do comum e fazendo a real diferença é, talvez, o melhor e primeiro caminho a ser tomado.

 

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