O orgulho é o que nos une e deve estar conosco

Por: - 12 de julho de 2021
protesto cartaz
Cartaz levantado durante a 5ª Parada LGBT de Maringá, em 2016 (Foto/Randy Fusieger)

 

Como diria Emicida: “tudo o que nóis tem é nóis”

 

Oi! Muito prazer. É muito bom ter você aqui, quero que saiba disso.

Além de estar muito feliz, eu acho que começar essa nossa troca com um simples “oi” pode ser a chave para tudo o que vamos construir juntos aqui, a partir de agora. A Queer Post é a mais nova coluna sobre diversidade sexual e de gênero e a comunidade LGBTQIA+ aqui no Maringá Post. Mas este espaço vai muito além: há barreiras para falarmos sobre nós? É por acreditar que não que eu estou aqui.

Meu nome é Randy Lucas Fusieger, o nome complicado, mas eu sou fácil de lidar: vamos nos conhecer muito ainda. E eu já tenho algumas coisas para compartilhar.

Dei início à minha caminhada na pesquisa e no debate sobre gênero e sexualidade após ter a oportunidade de entender e conhecer os direitos que nossa comunidade conquistou – e mais – que ainda precisam conquistar. Depois disso, costumo dizer que consigo reduzir todo o meu discurso em quatro palavras: pessoas morrem por isso.

Partindo desse pressuposto, nós precisamos elencar numerosos pontos que situam as pessoas que, ainda em 2021, relutam em conhecer e respeitar nossa comunidade. O primeiro deles é fazer que as pessoas entendam exatamente isso: que o respeito e a consciência diante da comunidade LGBTQIA+, sobretudo com as pessoas que não se identificam com o corpo biológico que habitam ou a orientação sexual normativizada que performam não é opinião. Não é uma questão de escolha, é uma questão de segurança. Alguém pode não gostar de verde, de paçoca, de milho cozido na manteiga, e preferir comer refogado na panela, tudo bem. Só que com a comunidade LGBTQIA+ não é assim.

Toda pessoa LGBTQIA+ já passou ou presenciou um diálogo, ou até já ouviu questionamentos em algum momento do tipo “é, mas esse pessoal precisa entender também que pra nós é difícil explicar. Como explicamos para os nossos filhos?”, ou ainda “essas pessoas aí querem só direitos, mas não têm paciência de ensinar quem não sabe sobre o que é ou não correto fazer contra eles”, e isso beira o absurdo. Por que há um abismo que separa o nosso papel de também educadores que dialogam sobre nossa própria vivência daquele que nos responsabiliza pelo fato de sofrermos crimes e preconceitos. 

Então quer dizer que além de sofrermos ataques físicos, morais e psicológicos, recebemos uma punição dupla por ainda levar a culpa de ter sofrido isso “porque não ensinamos que isso era errado?” Além de ser vítima da violência, somos responsabilizados duas vezes por ter sofrido e por não ter evitado o acontecimento caso tivéssemos explicado que a nossa vida é importante? Eu preciso mesmo deixar claro o óbvio, que é o meu direito de viver e exercer minha cidadania? Eu tenho que explicar o mínimo?

Nós precisamos resistir. E essa resistência precisa ser firme, inclusiva e esclarecedora para que um dia, os números de agressão e morte diminuam.

Nunca foi cobrado que pessoas da comunidade LGBT recebessem tapetes vermelhos para caminhar, o que se cobra é que o sangue das pessoas dessa comunidade não vire tapete para a intolerância, o ódio e a violência contra quem morre apenas por ser quem é.

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