Terceiro entrevistado da Série de Entrevistas do Maringá Post, o representante do Avante defendeu a criação de um planejamento de médio prazo para o crescimento da cidade. Telles, no entanto, é contra a ideia de ‘terra arrasada’: “Precisamos construir a partir do que os antecessores deixaram”.
Por Victor Ramalho
Nesta segunda-feira (18), a Série de Entrevistas do Maringá Post com os pré-candidatos à Prefeitura de Maringá conversa com Sidnei Telles, vereador, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e pré-candidato pelo Avante. Nas duas primeiras entrevistas, o Maringá Post ouviu Homero Marchese (Republicanos) e Humberto Henrique (Solidariedade).
Por ser engenheiro civil e especialista em Planejamento Urbano, grande parte das ideias de Telles expostas na entrevista tem foco na área da Infraestrutura. Na visão do pré-candidato, Maringá ainda carece da criação de um planejamento de médio prazo para o desenvolvimento da cidade.
Ele cita algumas questões práticas, como o asfalto e problemas de drenagem para a justificar a necessidade de pensar projetos não imediatistas.
“Eu olho para a questão da Infraestrutura. Não se faz Infraestrutura da noite para o dia. Com algum esforço, até é possível colocar uma equipe para tapar buracos, desentupir bocas de lobo, mas não se resolve problemas de drenagem, por exemplo, ou de buracos no asfalto, tampando buracos de última hora. Você precisa de planejamento e isso envolve um grande cronograma. Se você não planejou, você não fez, e aí quando o problema surge de uma vez, não adianta trocar o técnico de time. É o que vejo com a questão dos nossos asfaltos”, afirma Sidnei Telles.
O vereador afirma que, caso confirmado como candidato ao Executivo, adotará uma postura de independência da atual administração, a mesma que, segundo ele, mantém como parlamentar. Duas vezes candidato a vice-prefeito de Maringá, ele afirma ser contra a ideia de “terra arrasada”.
“Eu acredito que nós temos que ter um novo projeto para Maringá e que precisamos construí-lo a partir do que os antecessores deixaram. Eu sou contra aquela ideia de terra arrasada, de dizer que tudo que foi feito antes de mim está errado e me colocar como opção. Eu sou a favor da construção, fui parte do Governo Silvio Barros, dei apoio à vários projetos da gestão Ulisses Maia, fui candidato a vice com Enio Verri e tenho essa visão: administrar uma cidade não é como uma disputa pelo legislativo, onde a ideologia fala mais forte. No Executivo, precisamos construir. Vejo sim muitos problemas na atual administração, mas também reconheço muitos avanços e isso a gente encontra através do reconhecimento dos vários institutos que concederam prêmios para Maringá nos últimos anos. Temos problemas que não foram resolvidos e eu quero mostrar essas alternativas para a população”, explica o pré-candidato.
inda na entrevista, Sidnei Telles fez uma avaliação da atual administração, pontuou quais considera os principais problemas que a cidade enfrenta atualmente e defendeu a criação de dispositivos tecnológicos para aumentar a participação popular no planejamento urbano. Confira os demais pontos da entrevista:
- Neste momento, como está a questão política? O senhor é citado nas pesquisas que estão circulando, mas se considera pré-candidato?
Sidnei: “Eu fui por duas vezes, dentro de uma composição partidária, candidato a vice-prefeito de Maringá. Nessas duas vezes, eu fui responsável por organizar o plano de Governo, então já venho acompanhando as questões da administração da cidade há muito tempo. Considero que eu tenho uma visão clara dos problemas da cidade, tenho um projeto de soluções e o sonho de administrar essa bela cidade que nasci e que amo. Evidente que somos pré-candidatos pois ainda precisamos organizar todo o planejamento partidário. Ninguém é pré-candidato só por vontade pessoal, é sempre preciso haver um grupo e partidos que o apoiem”.
- Como tem sido as conversas com outras legendas? Já temos o desenho de uma possível coligação pensando em 2024?
Sidnei: “Eu tenho já um pequeno escopo de partidos, como o Avante, ao qual estou filiado. Tenho tido conversas com o PV, mas ele faz parte da Federação, então é mais difícil essa negociação, mas é possível. Também tenho tido conversas com o PSB, que hoje está na administração do grupo do atual prefeito e conversas com PSDB, Cidadania, Podemos. Todos ele têm pré-candidatos ou sonhando em lançar candidaturas. Tudo ainda é muito inicial, mas estamos conversando para tentar ter um grupo e aí cabe a gente ter a humildade de poder avaliar depois qual é o melhor nome. Não podemos considerar apenas capacidade eleitoral neste momento, pois ela é reflexo das pessoas mais conhecidas, aquelas que estão mais expostas na mídia, que já tiveram uma disputa anterior, e temos que levar em consideração quem tem condições de dirigir a cidade”.
- Considerando que o senhor se lance como candidato, assumiria uma posição de situação, oposição ou independência da atual gestão?
Sidnei: “Eu acredito que nós temos que ter um novo projeto para Maringá e que precisamos construí-lo a partir do que os antecessores deixaram. Eu sou contra aquela ideia de terra arrasada, de dizer que tudo que foi feito antes de mim está errado e me colocar como opção. Eu sou a favor da construção, fui parte do Governo Silvio Barros, dei apoio à vários projetos da gestão Ulisses Maia, fui candidato a vice com Enio Verri e tenho essa visão: administrar uma cidade não é como uma disputa pelo legislativo, onde a ideologia fala mais forte. No Executivo, precisamos construir. Vejo sim muitos problemas na atual administração, mas também reconheço muitos avanços e isso a gente encontra através do reconhecimento dos vários institutos que concederam prêmios para Maringá nos últimos anos. Temos problemas que não foram resolvidos e eu quero mostrar essas alternativas para a população. Devo lembrar que sou um especialista em planejamento e minha frustração com as administrações é de que não as vejo com um planejamento de médio prazo, que é justamente porque todos se preocupam em apresentar resultados imediatos. Assim, nós não construímos uma cidade”.
- De forma geral, que avaliação o senhor faz da gestão pública em Maringá atualmente?
Sidnei: “Eu olho para a questão da Infraestrutura, que não é feita da noite para o dia. Com algum esforço, até é possível colocar uma equipe para tapar buracos, desentupir bocas de lobo, mas não se resolve problemas de drenagem, por exemplo, ou de buracos no asfalto, tampando buracos de última hora. Você precisa de planejamento e isso envolve um grande cronograma. Se você não planejou, você não fez, e aí quando o problema surge de uma vez, não adianta trocar o técnico de time. É o que vejo com a questão dos nossos asfaltos. Vejo, por exemplo, a questão do Cine Teatro Plaza, um prédio antigo, que a revitalização custaria mais caro do que a compra, que o atual prefeito conseguiu a liberação de recursos por parte da Câmara, mas que a Execução do projeto ainda não saiu. Quando falta planejamento de médio prazo, isso resulta em vários projetos que não saem do papel ou que demoram para isso. Maringá carece disso, é uma cidade que cada vez mais recebe grandes eventos, mas ainda não temos um planejamento de médio prazo sobre isso, sinto que a administração deveria ter planejado um pouco melhor a cidade”.
- Na visão do senhor, qual o maior problema que Maringá enfrenta atualmente?
Sidnei: “Essa é uma resposta muito difícil, pois o atual prefeito fez grandes investimentos na Saúde e, mesmo assim, temos muitas reclamações da população nessa área pois o sistema de Saúde que funciona em nosso país, mesmo sendo uma referência, é uma questão que não se resolve nunca. Nós não podemos ignorar o fato de que a atual gestão pegou uma época de pandemia, que dificultou muito a gestão da Saúde não só aqui, mas em vários lugares. Mesmo assim, a administração fez escolhas corretas nesse período. A Saúde é uma área importante, pois sempre tem demanda, mas ela precisa ser melhor organizada, acredito que houve avanços, mas ainda precisa ser melhor tratada. A Educação, para mim, é onde se precisa de uma mudança mais drástica, não só de torná-la integral, mas de tornar possível o transporte gratuito para todos os alunos, pegando as crianças perto das casas delas, esse é um ponto que considero fundamental. Penso ainda que é importante organizar também os horários desse transporte, para que não fiquem tão desgastantes para as crianças. É preciso uma reforma nesse sentido. Mas, considero que o ponto mais importante é trazer a população de volta para a administração. Temos um projeto muito importante, que foi concebido na época em que estive no Paranacidade, que é o “Meu Campinho” e hoje temos muitos deles depredados, a população está distante e precisamos voltar a conversar com ela, para que ela participe junto e não precisemos ter tantos serviços refeitos na cidade. Não é uma simples questão da pessoa cobrar por ter pago o imposto, mas também de criar a consciência e dar as condições dela participar do planejamento. Essa questão é fundamental que retorne para Maringá”.
- O senhor citou a questão de aumentar a participação popular, tópico que foi citado anteriormente por outros pré-candidatos. O exemplo dado por eles foi o de ouvir as pessoas antes de projetos que envolvem um orçamento maior, como o Parque das Águas. É isso que o candidato também pensa sobre a participação popular?
Sidnei: “Essa questão do planejamento envolve a participação popular e a priorização dos serviços que irão gerar novas gerações preparadas. Eu jamais investiria dinheiro público em uma prainha, em virtude de dar para a população uma área de lazer. É claro que a população precisa de lazer, mas já era esperado que as piscinas de nossos centros esportivos tivesse piscinas aquecidas, não conseguimos. Também esperávamos a presença de professores das mais variadas modalidades nesses espaços, a abertura aos fins de semana e no período da noite, para que a população pudesse aproveitar melhor e também não conseguimos. Eu investiria nisso ao invés de uma grande obra que é bonita, as pessoas vêem, mas que traz pouco resultado. Investiria mais no que nós já temos e sou totalmente contra esse Parque das Águas”.
- Já conseguimos falar em propostas concretas para o ano que vem? Quais as primeiras medidas que o candidato tomaria, caso eleito?
Sidnei: “O que a gente precisa primeiro é ter uma reorganização para a construção do Orçamento, voltarmos a ter um Orçamento Participativo que utilize das redes sociais e aplicativos em sua elaboração. Podemos também fazer com que Maringá se torne mais ainda uma cidade digital. Reconhecemos os avanços do atual prefeito nessa área, mas penso que podemos avançar ainda mais. Há países onde isso acontece, temos feito as pesquisas para isso. Em alguns casos, são países com uma grande quantidade de pessoas idosas, onde pensa-se que elas tenham mais dificuldade no uso dessas tecnologias, mas têm funcionado bem, com aplicativos que permitem uma maior participação popular na gestão. Por fim, queremos abrir esse novo funcionamento da educação buscando crianças com transporte gratuito, com horários diferenciados e cuidando para que tenhamos uma próxima geração como a mais vitoriosa da história do Brasil”.
- O senhor já foi candidato a vice duas vezes, além de ser vereador no segundo mandato. Acha que essa vivência na vida pública te credencia para a nova disputa?
Sidnei: “Me ajuda muito. Acho que a gente recebe na vida o treinamento para aquilo que sonhamos em fazer. Meu tempo como engenheiro, empresário, gestor no Paranacidade, no mundo da religião onde atuei, tudo isso vai formando e treinando a gente. O legislativo é uma grande escola, com a vantagem de ter me colocado mais perto das pessoas, compreendendo melhor a atuação de cada um e o universo com o qual estão envolvidos”.
Sobre a Série de Entrevistas do Maringá Post com os pré-candidatos a prefeito
Iniciada na segunda-feira (11), a Série de Entrevistas do Maringá Post se propõe a ouvir todos os pré-candidatos à Prefeitura de Maringá. Dois pré-candidatos serão entrevistados por semana, com as reportagens indo ao ar nas segundas e quintas-feiras, sempre às 12h.
A ordem das entrevistas foi definida a partir da disponibilidade de agenda dos entrevistados e o calendário completo das publicações do mês de setembro pode ser conferido neste link. A agenda das entrevistas do mês de outubro será divulgada nos próximos dias.
Foto: Arquivo/Câmara de Maringá
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