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A Polícia Civil do Paraná investiga duas mulheres – mãe e filha, de 64 e 49 anos – suspeitas de criar uma falsa mãe de santo para aplicar golpes oferecendo cirurgias espirituais por telefone, em Jandaia do Sul (a cerca de 40 km de Maringá).
O esquema causou um prejuízo de aproximadamente R$ 2 milhões a diversas vítimas, que pagavam entre R$ 3 mil e R$ 75 mil pelos atendimentos.
Segundo o delegado Saulo Batista, as mulheres também são suspeitas de criar um segundo personagem, uma falsa advogada que dizia haver processos em nome das vítimas e prometia resolvê-los em troca de dinheiro.
Na manhã desta quarta-feira (25), a Polícia Civil cumpriu três mandados de busca e apreensão em endereços das investigadas. Na ação, um revólver e munições foram apreendidos e o marido de uma delas foi preso por porte ilegal de armas.
Ainda de acordo com o delegado, o Poder Judiciário também autorizou o sequestro de bens das suspeitas, como joias e um carro avaliado em R$ 200 mil. Um imóvel em Maringá está entre os bens que foram transferidos como pagamento.
As mulheres são investigadas pelos crimes de estelionato, extorsão, falsidade documental e exploração de prestígio. Elas estão respondendo ao processo em liberdade e foram intimadas para prestar depoimento na sexta-feira (27).
Como o esquema funcionava
A polícia informou que as vítimas eram conhecidas das suspeitas, e acreditavam estar sendo atendidas por uma líder espiritual chamada “Vozinha”. Mas, na verdade, a personagem era interpretada por uma das mulheres.
Durante os “atendimentos”, que aconteciam exclusivamente por telefone, falsa líder espiritual dizia que as vítimas ou familiares iam desenvolver tumores e outras doenças e, para que isso não acontecesse, precisavam fazer as sessões e realizar os pagamentos.
“Essa mãe de Santo, supostamente seria da Bahia, entrava em contato com as vítimas através de número de telefone com o DDD do estado do Paraná. As investigações demonstraram que a proprietária dessa linha telefônica era justamente uma das suspeitas. Então ela não era só intermediária. Ela provavelmente simulava ser essa mãe de santo para se aproveitar de momentos de fragilidade dessas vítimas”, explicou o delegado Saulo.
Os golpes teriam começado a ser aplicados em 2012. Os pagamentos eram feitos por transferência bancária ou entregues em dinheiro diretamente a uma das suspeitas.
Segundo o delegado, a primeira denúncia surgiu quando o filho de uma das vítimas identificou um desfalque em uma das empresas da família. Ao investigar, descobriu que a mãe destinava os valores ao pagamento dos supostos serviços oferecidos pelas personagens criadas pelas investigadas.
Mais um golpe: Falsa advogada
As suspeitas também criaram outra personagem para aplicar golpes: uma advogada chamada Sandra, que supostamente morava na Europa e realizava atendimentos apenas por telefone. Uma das investigadas se passava por ela para enganar as vítimas.
A falsa advogada afirmava que as pessoas estavam envolvidas em processos judiciais — que na verdade nunca existiram — e cobrava valores alegando ter influência sobre juízes e promotores, prometendo decisões favoráveis. Em algumas abordagens, chegou a dizer que as vítimas poderiam ser presas caso não resolvessem a situação rapidamente.
Para reforçar a farsa, mãe e filha também são suspeitas de falsificar documentos e processos judiciais. Uma das vítimas chegou a levar um desses documentos a um cartório, onde foi constatado que ele era falso.
As investigações continuam, e a Polícia Civil reforça que denúncias podem ser feitas pelo telefone (43) 3432-4000.
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