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Na manhã desta segunda-feira (19), um bebê de quatro meses morreu após se engasgar em uma “creche clandestina” de Curitiba (a cerca de 420 km de Maringá). Os proprietários do local – um homem e uma mulher – foram presos em flagrante.
De acordo com o delegado da Polícia Civil do Paraná, Fabiano Ribeiro, o bebê de quatro meses tomou a mamadeira e foi colocado para deitar de lado em uma cama de solteiro. Minutos depois, a cuidadora percebeu que a criança estava com os lábios roxos.
O casal tentou fazer procedimentos de massagens cardíacas e acionou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). No entanto, quando os socorristas chegaram, a criança já estava morta.
No momento da prisão, cerca de 20 crianças estavam no imóvel. Após a situação, os responsáveis foram chamados para levá-las embora.
A superlotação teria ocorrido porque creches municipais da região estavam fechadas. Para o delegado, os proprietários tentavam ajudar os pais que precisavam ir ao trabalho, mas “acabaram assumindo o risco”.
A polícia precisou fazer o isolamento do local após moradores da região tentarem incendiar o imóvel, que estava em funcionamento há 10 anos sem autorização legal.
As investigações continuam e será definido se o casal responderá por homicídio culposo ou doloso. A defesa afirma que o homem e a mulher não tratavam o local como uma creche, mas sim faziam o trabalho de cuidadores de crianças.
Leia a nota completa:
O advogado Junior Ribeiro, constituído como defensor do casal envolvido no trágico falecimento de uma criança sob os cuidados da sra. Maria Eliza, vem, por meio desta, prestar os seguintes esclarecimentos à sociedade e à imprensa de Curitiba e região:
Maria Eliza atua como cuidadora de crianças há mais de uma década, sempre no mesmo endereço, e jamais houve qualquer tipo de incidente, reclamação ou apontamento negativo por parte dos pais ou responsáveis. Ao longo desses anos, nunca se registrou sequer um relato de ferimentos, maus-tratos ou negligência envolvendo qualquer criança sob seus cuidados.
No dia do lamentável ocorrido, a mãe da criança a deixou aos cuidados de Eliza pela manhã, informando que a bebê ainda não havia se alimentado. Eliza procedeu a amamentação, aguardou que a criança arrotasse e, em seguida, a colocou para dormir em segurança, deitada de lado, em um ambiente visível da cozinha, onde preparava o almoço para as demais crianças.
Cerca de dez minutos depois, ao verificar o estado da bebê, percebeu alteração em sua coloração e, imediatamente, em estado de desespero, chamou seu esposo, que iniciou os procedimentos de emergência. Simultaneamente, ela entrou em contato com o Samu, que a orientou, por telefone, a colocar o bebê em decúbito frontal e iniciar massagem cardíaca, a qual foi mantida até a chegada da equipe médica.
É importante esclarecer que, há cerca de dois anos, o local recebeu uma visita do Conselho Tutelar e, após vistoria, não foi identificado qualquer indício de abuso ou negligência. As crianças estavam bem cuidadas, alimentadas e apresentavam bom estado geral, razão pela qual não houve qualquer medida ou sanção.
De igual forma, a Vigilância Sanitária realizou visita orientativa, recomendando apenas a busca por regularização formal, sem determinar o encerramento das atividades nem aplicar qualquer penalidade, reconhecendo que a sra. Eliza prestava um serviço de caráter social, que muitas vezes supre a ausência de políticas públicas adequadas.
O casal lamenta profundamente a perda irreparável dessa criança, compartilha da dor da família e permanece à disposição das autoridades para esclarecimentos, colaborando de forma transparente com todas as investigações.”
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