Com salários de R$ 12 mil, um terço dos chefes de gabinete da Câmara de Maringá não tem formação superior

Dado consta em um levantamento realizado pelo Observatório Social de Maringá (OSM). Dos 92 assessores nomeados nos gabinetes dos 23 vereadores, 35 declaram ter apenas o ensino médio completo. Embora não exista a obrigação, lei aprovada em 2011 recomenda que parlamentares exijam formação acadêmica para ocupantes das chefias de gabinete.

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    Com salários que ultrapassam os R$ 12 mil por mês, um terço dos chefes de gabinete da Câmara de Maringá não tem formação superior. O dado consta em um levantamento realizado neste mês de agosto pelo Observatório Social de Maringá (OSM). O órgão de fiscalização solicitou, via ofício, informações referentes a atividade desempenhada e a formação acadêmica dos 92 assessores nomeados nos gabinetes dos 23 parlamentares.

    Os ofícios foram protocolados ainda em julho e todos os gabinetes responderam aos questionamentos. A íntegra das respostas está disponível no site do Observatório Social. O levantamento não considerou o aumento de cargos recentemente aprovado pelo legislativo.

    De acordo com o levantamento, dentre os 23 chefes de gabinete, apenas 15 declararam ter formação acadêmica. Seis deles afirmaram ter apenas o ensino médio completo, um afirmou ter ensino superior incompleto e outro autodeclarou-se analfabeto.

    A falta de formação superior também é observada em outros cargos: entre os 23 assessores parlamentares, que recebem remuneração mensal de R$ 9.748,85, 16 afirmaram ter diploma acadêmico, cinco declararam ter apenas ensino médio, um afirma ter ensino superior incompleto e um afirma ter estudado apenas até a quinta série.

    Entre os 46 assessores de gabinete, que são dois para cada vereador, são 20 sem formação acadêmica. Os salários da função são de R$ 7.365,83 mensais para cada servidor. Ao todo, são 35 comissionados entre os 92 assessores de vereadores sem titulação acadêmica.

    Embora o requisito da formação não seja obrigatório para a nomeação, uma lei aprovada pela própria Câmara (Lei Nº 8.875/2011) em 2011 recomenda que os vereadores exijam diploma de ensino superior para os ocupantes dos cargos de chefia de gabinete.

    De acordo com a vice-presidente do Observatório Social de Maringá, Cristiane Tomiazzi, o levantamento visa mostrar para a sociedade como é a dinâmica de trabalho dos gabinetes, bem como deixar a população por dentro das informações.

    “Nós fazemos acompanhamento da Câmara todo ano, a questão da produção legislativa, tudo aquilo que é movimentado ali dentro do Legislativo e essas informações relativas aos assessores não estavam disponibilizadas no Portal da Transparência. Isso é uma informação pública que deveria estar disponibilizada. Diante dessa questão que veio à tona agora com relação ao aumento do número de assessores, nós fizemos um questionamento aos vereadores com relação à qualificação e atividade desenvolvida dentro dos gabinetes para nós entendermos o que cada gabinete faz, o que cada assessor dentro do gabinete faz e até essa questão da formação, para que a gente entenda como é que é a dinâmica de funcionamento. Para que seja avaliado, nós compilamos todas as informações, divulgamos para a sociedade, para que a sociedade possa realmente avaliar se existe a necessidade de ter um aumento do número de assessores nos gabinetes”, disse.

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