Após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter rejeitado o pedido de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores decide quais os próximos passos, tanto em relação às eleições quanto à possível prisão.
Um dos pontos de pauta da reunião, segundo informou nesta quinta-feira (5/4) o deputado federal maringaense Enio Verri (PT), é se Lula simplesmente vai se entregar ou será escolhido um lugar para ele ser preso, onde a militância partidária possa estar ao seu lado em uma grande manifestação.
Segundo Verri, que por compromissos na região de Maringá não participará da reunião nesta quinta-feira, quem vai discutir é o PT, mas a palavra final é do ex-presidente:
– O que posso garantir é que não faz parte do pensamento do presidente Lula pedir asilo político ou ter resistência física à sua prisão. Isso não vai ocorrer, ele não admite isso. De maneira nenhuma vai haver enfrentamento físico, mais vai ocorrer manifestação, o que é natural da democracia.
De acordo com Verri, neste primeiro momento, o partido deve seguir os caminhos jurídicos. O primeiro plano é aguardar a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) sobre a última possibilidade de recurso do ex-presidente na segunda instância.
Os “embargos dos embargos”, como é chamado este último recurso, não mudam a sentença do tribunal e devem ser apresentados pela defesa de Lula até dia 10 de abril.
Depois do recurso, o partido pretende que o STF julgue a ação declaratória de constitucionalidade (ADC) para evitar a condenação do réu, antes que todos os recursos em todas as instâncias judiciárias sejam julgados.
Para isso, Verri reconhece que a presidente do STF, ministra Carmem Lúcia, é quem define se coloca ou não a discussão em pauta. Ele lembra porém, que ela encerra o mandado na Corte em setembro:
– Quem vai assumir é o Toffoli, que é favorável a se votar logo a tese e discutir o ADC.
Para o deputado, a maioria dos ministros do STF votaria contra a prisão em segunda instância.
– A ministra Rosa Weber é a favor e vai votar contra a prisão em segunda instância. O resultado vai ser 6 a 5.
Se Lula for preso, Enio Verri diz que a defesa do ex-presidente vai pedir ao STF um habeas corpus e, na sua opinião, em uma possível soltura Lula terá ainda mais apoio popular.
– Ele sai da cadeia com mais intenção de voto que tem hoje. A população terá mais certeza ainda que ele é uma pessoa perseguida politicamente.
Lula é pré-candidato mesmo preso
A reunião do nacional do PT também vai aprofundar as discussões no campo político e definir os próximos passos do partido, que segundo Enio Verri devem continuar os mesmos.
– Não está descartada em momento alguma a pré-candidatura de Lula. Ele é nosso candidato, preso ou não, e vai ser registrado no dia 15 de agosto. Enquanto o Tribunal Superior Eleitoral não dizer o seguinte: ‘Lula não é candidato’, ele vai continuar como pré.
O deputado reconhece que essa é uma forma de deixar Lula por mais tempo na corrida eleitoral, já que para o partido o ex-presidente tem o direito de ser candidato.
– Entendemos que quem deve decidir se ele deve ou não ser presidente é o povo. Se o Lula é tudo isso de ruim que a mídia fala, deixem que o povo julgue.
Para o deputado que presidiu o PT paranaense, a prisão de Lula não decreta como encerrada a carreira política do ex-presidente.
– Se você pegar os principais jornais sérios do mundo, ali o Lula é respeitado. O Lula é mais respeitado pelos jornais do mundo do que aqui, que são comprados. O Lula defende os pobres e a elite do país não quer que ninguém defenda os pobres.
Lula fora da disputa divide a esquerda
O deputado entende que Lula, como candidato, é uma “liderança que unifica” e a candidatura dele poderia unir outros pré-candidatos de esquerda, como Manuela d’Ávila (PC do B), Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL).
– Caso Lula não seja candidato, isso vai dividir a esquerda. Dividindo a esquerda, claro, quem ganha é a direita. Esse é o grande objetivo da direita.
No cenário estadual, Verri diz que o PT também já tem candidato próprio ao governo do Estado:
– Tudo indica que será o ex deputado federal Dr. Rosinha.
Enio Verri também já anunciou a pré-candidatura e vai tentar a releição como deputado federal. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, vai deixar o Senado e também concorrerá a uma cadeira na Câmara dos Deputados.
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