Morre de infarto a ex-vereadora Lizete Ferreira da Costa

Professora, advogada e ex-secretária municipal, Lizete passou os últimos anos em um residencial para idosos

  • Lizete Ferreira foi a única mulher a fazer parte da sétima legislatura, em uma época em que a Câmara de Maringá tinha 21 cadeiras

    Por: Luiz de Carvalho

    Foto: Rafael Silva

    Morreu nesta segunda-feira, 7, vítima de um infarto enquanto tomava café no abrigo em que morava, a professora, advogada, ex-secretária municipal e vereadora Lizete Ferreira da Costa. Ela tinha 76 anos, foi casada com um médico, depois com um juiz de Direito e deixa três filhos, todos médicos.

    O velório acontece na Capela do Prever da Zona 2 e o sepultamento será nesta terça-feira, 8, em horário ainda a ser definido.

    O abrigo em que vivia por sugestão dos filhos, o Residencial Geriátrico Maanaim, no Jardim Cidade Alta II, era um ambiente sofisticado, com muito espaço a ampla área verde e onde os internos podem receber visitas e até sair. As restrições – como em todos os outros ambientes – vieram com a chegada da pandemia de covid-19.

    Segundo funcionários da casa e mesmo os internos, apesar da idade, Lizete era a mais elétrica de todos e não parava quieta. Sempre com passos rápidos para cima e para baixo com sua inseparável pochete vermelha, desproporcional ao tamanho da dona.

    “Eu gosto muito daqui. Tudo é do melhor, os funcionários são atenciosos, a comida e boa e o ambiente é extremamente limpo e bonito”, dizia a seus visitantes sobre o ambiente. “O problema é que não posso sair, não sei mais como é minha cidade”.

    Uma vida de altos e baixos

    Lizete Ferreira nasceu em Curitiba, era filha de médico, vinda de uma família que tinha desembargadores e juízes, que estudou piano durante 9 anos em uma época em que só as meninas de famílias ricas podiam se dar a este luxo, estudou nas melhores escolas de Curitiba e se formou em uma faculdade de Belas Artes, casou-se com um médico, formou uma bela família com um filho e duas filhas, deu aula em 15 escolas de Maringá e em 1976 tornou-se a segunda mulher eleita para a Câmara de Maringá.

    Quando Lizete Ferreira foi vereadora, a Câmara de Maringá tinha 21 cadeiras e ele era única mulher. Aliás, ela era um caso raro, pois já fazia algum tempo que Maringá não elegia uma vereadora e depois dela continuou um bom tempo sem mulheres na Câmara.

    Mas, o período de glória começou a ruir tão logo terminou o mandato de vereadora. A professora, que a esta altura já era também advogada e tinha mudado de marido, começou a perder. Pouco tempo depois já não tinha o marido, depois ficou sem o casarão em que vivia na Zona 5, ficou sem carro e era vista caminhando para cima e para baixo a pé, carregando pesadas bolsas cheias de livros de Direito, os vestidos vistosos foram dando lugar a vestes surradas.

    Um dia Lizete estava vivendo em uma casinha de dois cômodos no Maringá Velho, depois passou a viver em hotéis, primeiro alguns de padrão médio, depois foi baixando até os hoteizinhos da Rua Joubert Carvalho, próximos à Rodoviária Velha. Depois sumiu, tanto da vista quanto da lembrança dos maringaenses.

    Da política não restou nem saudade

    A ex-vereadora era uma das mulhes mais jovens do abrigo, estava sempre de sobrancelhas tiradas, olhos contornados com rímel, alguma maquiagem e unhas bem pintadas. E dizia não sentir falta da política. “Vi muito jogo sujo na política, aquilo não serve para mim”. O que afirmava ter saudade era dos filhos, que sempre a visitavam, embora não morem em Maringá, e dos netos. Disse que ainda tinha capacidade e vontade para voltar a advogar e a dar aulas. “Sinto falta do piano. E de homem, grande, bonito e gostoso”.

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