i7 Group, de CEO maringaense, promete devolver valor investido: em 24 vezes, mas só para quem não teve lucro

  • A empresa de marketing multinível digital i7 Group, que prometia lucros financeiros gigantescos a curtíssimo prazo, depois de ficar meses sem pagar ninguém e ser denunciada por inúmeros investidores no Brasil e no exterior, nesta segunda-feira (27/11) colocou um novo site no ar, para expor um plano de pagamento que guarda estreita semelhança a conhecidos contos do vigário.

    No site, a empresa que tem como CEO o maringaense André Luiz Pucca Bernardi, apresenta um plano de pagamento extrajudicial que propõe o ressarcimento, em 24 meses, dos valores originalmente investidos. Ressalta, porém, que quem já recebeu dividendos superiores aos montantes originalmente aplicados, nada mais terá a receber. A promessa é que os pagamentos serão feitos no dia 20 de cada mês.

    Ou seja, quem pensava em ganhar, aderindo ao plano extrajudicial proposto pode, no máximo, reduzir parcialmente os prejuízos. Além disso, o plano não faz absolutamente nenhuma referência aos investidores na moeda digital criada pelo i7 Group, a nestcoin, que prometia altíssima valorização quando foi lançada. Um netscoin foi vendido a US$ 0,01 dólar e hoje não há compradores que paguem US$ 0,0001.

    Não está escrito, mas pela lógica estabelecida no edital que comunica a promessa de ressarcimento, há de se deduzir que a empresa também pretenda descontar os dividendos do montante originalmente investido e ressarcir, em 24 pagamentos mensais, apenas o excedente, já que no comunicado ressalta que quem já sacou mais do que investiu não terá nada a receber.

    Para se ter uma ideia do que prometia a empresa que atraiu cerca de 50 mil investidores no Brasil dispostos a correr os riscos que envolvem promessas de lucros fáceis, quem comprava uma cota President, desembolsava R$ 6.761,70 à vista e, após 52 semanas, teria um lucro de R$ 24.618,00, já excluída a mensalidade de R$ 165,00.

    Em resumo, quem aplicasse R$ 6,76 mil, ganharia R$ 511 por semana. Um negócio para deixar chinês esfregando as mãos. Mas essa não é a primeira vez que o maringaense André Pucca figura em supostos casos de fraude digital. Outra empresa dele, que atuava no mesmo ramo, a Futhure Global, teve o mesmo fim nada glorioso – pelo menos para quem  investiu.

    Um líder de grupo em Maringá, que prefere não ser identificado, desabafou nesta manhã de terça-feira (28): “Agora dizem que vão nos pagar em 24 vezes, fora o tempo que já estamos sem receber nada. Um absurdo, decidido por eles. Esperamos tanto tempo por uma posição e vem essa bomba”.

    Acrescenta que “os advogados da i7 não sabem informar mais nada, se vão transferir em real, direto na conta… E todos do grupo já estão dando como calote, ninguém acredita nesse recebimento”.

    A 17 Group tinha atuação internacional. Diante da completa ausência de pagamento e de falta de comunicação com a empresa, investidores de outros países também procuraram o Maringá Post para formalizar denúncias. Um dos e-mails, enviado por um líder de grupo, veio dos Estados Unidos, no qual J.A.M. diz que levaria o caso ao FBI.

    O esquema da i7 Group lembra muito o da conhecida pirâmide financeira, no qual ganha quem está no topo e perde quem está na base. Até o sistema saturar e ruir, deixando como saldo uma pequena minoria, que iniciou o processo, com os bolsos cheios. E a imensa maioria amargando o infortúnio.

    No Brasil, as investigações sobre a i7 Group correm sob sigilo no Ministério Público Federal do Espirito Santo (Tribunal Regional Federal da 3ª Região). No novo site, a i7 informa que contratou Carlos de Souza Advogados, especialista em atendimento a empresas de venda direta de marketing multinível, para atender todos os afiliados que possuem valores a receber e preparar ps acordos e documentos.

    • Primeira atualização, com a inclusão do comentário de um líder de grupo da i7 Group, de Maringá, feita às 11h14 desta terça-feira (28/11/2017).

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