Disrupções no mercado imobiliário: locação digital e sob demanda

Agilidade, desburocratização e até valores mais atrativos nas negociações e contratos de aluguel são algumas das vantagens trazidas por novos modelos de negócio como a locação digital

 

É fato que os brasileiros querem investir mais em imóveis e as empresas estão focando em lançamentos planejados para esse público, querendo abocanhar uma fatia do mercado. Enquanto a rentabilidade dos investimentos tradicionais atrelados à Selic caiu, o mercado imobiliário se torna ainda mais interessante e vantajoso. Para se ter uma ideia, um levantamento divulgado em março deste ano pela Brain Inteligência Estratégica atestou a confiança e o interesse que o brasileiro tem pelo imóvel como forma de investimento, revelando que 57% daqueles que ainda não possuem imóveis como investimento desejam fazer uma aquisição com esse objetivo. E o melhor é que o contexto econômico brasileiro tem se mostrado extremamente favorável à aquisição de imóveis, com taxas de juros baixíssimas e preços atrativos. As pessoas estão buscando investimentos mais seguros, mas o mercado tradicional tem passado por uma grande transformação. De adquirir um imóvel para locar via Airbnb a se  tornar dono de quarto de um hotel e receber os lucros que este quarto oferece, ou ainda participar de FII – as opções são cada vez mais numerosas e práticas.

A tecnologia está trazendo disrupções constantes ao conservador e tradicional mercado imobiliário. Pouco a pouco, os novos modelos de negócio vão se expandindo e se consolidando. Agilidade, desburocratização e até valores mais atrativos nas negociações e contratos de aluguel são algumas das vantagens trazidas por novos modelos de negócio como a locação digital – não é nem preciso ir até a imobiliária, uma vez que todo o trâmite é feito remotamente e até mesmo a assinatura da documentação pode ser eletrônica, pela internet, facilitando ao máximo a vida do locador e do locatário. Vídeos, projetos em realidade virtual e tours em 360 graus substituem as visitas ao imóvel. Na prática, basta acessar o site da imobiliária, mostrar interesse pela contratação da locação e a empresa, por ali mesmo, coleta seus dados e faz o processo de garantia locatícia. Com a aprovação, o contrato é enviado por e-mail e o único encontro físico em todo esse processo é para a entrega das chaves do imóvel.

A locação digital é segura. É um novo momento e o reflexo de pormenores habituais de se pesquisar a empresa, buscar referências, saber algo em validação social deve ser uma prática mantida nessa extensão de novo mercado.. A assinatura digital, inclusive, está dentro das normas, e garante a autenticidade e integridade da validade jurídica dos documentos eletrônicos. O contrato, como qualquer outro, deve ser guardado para consultar em caso de dúvidas ou caso surja algum problema.

As vantagens desse modelo são muitas, para os inquilinos, os proprietários e até para as imobiliárias, já que suspende burocracias que tornaram o processo mais demorado e caro. Sem falar, é claro, na comodidade de poder procurar pela moradia e fazer todo o processo sem sair de casa. O dono do imóvel tem também o benefício da divulgação no ambiente digital, que dá muito mais visibilidade e alcance, facilitando inclusive os procedimentos de locações feitas em outras cidades, como no caso dos inquilinos que se mudam para o município onde fica o imóvel. Isso acontece muito aqui em Maringá, conhecido polo universitário que atrai estudantes de vários Estados.  

Outra modalidade que também chegou para ficar é o de moradia por assinatura, que inclusive não exige nem comprovante de renda ou apresentação de CPF – exige sim sua existência via cadastro de formulário próprio – como tudo no ambiente virtual. Esse modelo de locação cresceu na pandemia e funciona como um “streaming de casas” para facilitar o processo, da escolha da locação e até o cancelamento do aluguel. O uso surgiu na Europa e permite alugar residências por dias, semanas, com regulamentos que regimentam o tempo mínimo de vigência do acordo. No Brasil, por enquanto, alguns bons players internacionais já estão atuando no mercado – AIRBNB por exemplo e, já temos players nacionais com forte presença de mercado – HOUSI por exemplo.

O pensamento que sustenta esse modelo de negócio é uma vida completamente mais “cigana” que tem se vivido nesses novos tempos, onde endereços se tornaram provisórios, vidas profissionais trocadas a cada 3-4 anos, um mundo mais acelerado e perceptivo que, ainda por cima, nem mais fronteiras nacionais são limitantes para o dia a dia.

O modelo de moradia por assinatura também é totalmente digital e tem a vantagem extra de ser ainda mais flexível. Diferente das imobiliárias que exigem documentos, holerites e outras burocracias, nessa modalidade se exige apenas a apresentação do Registro Geral (RG) para fazer o cadastro. Até o pagamento é feito virtualmente, geralmente por cartão de crédito.

São milhares de opções e a definição do valor do aluguel de cada propriedade varia de acordo com as comodidades oferecidas e localização. As casas são equipadas com tudo, de talheres a serviços de tv por assinatura, assim não há custos extras – contas de luz e água, impostos, internet, condomínio… E existem serviços extras que podem ser contratados como lavanderia e limpeza. Outro detalhe é que não existe contrato com tempo mínimo de permanência.

Esse é o tipo de locação perfeito para quem quer tirar uma folga do dia a dia e tem como público alvo as pessoas que buscam disrupções, que buscam agilidade nos processos e o máximo de comodidade. As construtoras estão de olho nessas mudanças e já concebem cada vez mais unidades para serem vendidas a esses investidores focados nos investimento para ganho diário — e que podem oferecer uma das melhores rentabilidades do mercado.  

Tanto a moradia por assinatura quanto a locação digital trazem uma nova situação para o mercado imobiliário, onde a gente começa uma disrupção do que existe na tradição imobiliária. Eu acredito que o mercado imobiliário dificilmente sofrerá uma grande alteração em seu funcionamento como aconteceu em outros setores – vide Nubank no setor financeiro, Rappi com as entregas e Easy Taxi ou Uber, nos transportes, por exemplo. Mas as tecnologias agregadas ao funcionamento do mercado imobiliário são necessárias e estarão cada vez mais presentes.

Vamos considerar um sem número de pessoas que hoje estão em trânsito por questões profissionais e que precisam morar por poucos meses em alguma cidade ou manter dois endereços por um ano inteiro, sem sequer conseguir ir até um deles, e deixa vencer água, luz, condomínio… O quanto a moradia por assinatura pode ser prática para esse público? Você paga pela praticidade. Já a locação digital gera uma necessidade de digitalização do negócio que será cada vez mais comum, vide as locações por diária que não param de crescer!

As novas tecnologias são reais, necessárias e funcionais para esse momento de mercado. A burocracia terá cada vez menos espaço. a compra que leva entre três e cinco cliques no mundo digital chegou ao mercado imobiliário. O que você está fazendo para se adaptar a esse cenário?

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