Mulher suspeita de homicídios com bolo envenenado pode ter cometido assassinatos em série, diz polícia

Deise Moura dos Anjos é investigada por quatro homicídios dolosos qualificados, incluindo o sogro, e três tentativas de homicídio.

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    A Polícia Civil do Rio Grande do Sul acredita que Deise Moura dos Anjos, de 39 anos, suspeita de envenenar um bolo com arsênio em Torres (RS), seja responsável por homicídios em série que ocorreram ao longo de vários anos.

    O caso veio à tona após a morte de três familiares que consumiram a sobremesa no dia 23 de dezembro de 2024. Durante as investigações, a perícia confirmou que o sogro de Deise, morto em setembro de 2024, também foi vítima de envenenamento pela mesma substância.

    “Ela planejou e executou os crimes com o uso do veneno,” afirmou a delegada Sabrina Deffente em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (8). “Estamos lidando com homicídios e tentativas de homicídios em série realizados ao longo do tempo,” acrescentou.

    Plano premeditado

    Deise foi presa no último domingo (4) e está detida temporariamente no Presídio Estadual Feminino de Torres. Até o momento, ela é investigada por quatro homicídios dolosos qualificados, incluindo o sogro, e três tentativas de homicídio.

    A delegada destacou que a suspeita adquiriu o arsênio de forma planejada e conduziu pesquisas online sobre venenos. Dados extraídos do celular de Deise corroboram as evidências contra ela. “As provas são robustas e mostram premeditação,” afirmou o delegado Marcos Vinicius Veloso, responsável pelo caso.

    A morte do sogro, Paulo, inicialmente atribuída a uma intoxicação alimentar, foi reexaminada após o envenenamento da sobremesa que vitimou outros três familiares. Perícias confirmaram a presença de arsênio em concentrações letais tanto no corpo de Paulo quanto na sobremesa consumida em dezembro.

    Entenda o caso

    No dia 23 de dezembro, durante um café da tarde na cidade de Torres, seis membros da mesma família passaram mal após consumirem um bolo preparado por Zeli dos Anjos, 60 anos, em Arroio do Sal. Três pessoas morreram: Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos; Maida Berenice Flores da Silva, 59 anos; e Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos. As três vítimas eram irmãs ou filha de Zeli.

    Outros dois familiares, incluindo uma criança de 10 anos, também passaram mal, mas receberam alta hospitalar. Zeli, que preparou a sobremesa, permaneceu internada.

    A perícia identificou “concentrações altíssimas” de arsênio no bolo, cerca de 350 vezes acima do limite para envenenamento. Já no corpo das vítimas, as quantidades detectadas chegaram a ser 2.700 vezes maiores do que as encontradas na sobremesa.

    Novos desdobramentos

    Com os resultados da perícia e a análise das provas, a polícia trabalha para esclarecer a motivação de Deise, que permanece em silêncio. As acusações contra ela podem aumentar à medida que novos elementos sejam descobertos.

    A investigação já considera a hipótese de que Deise tenha praticado outros envenenamentos anteriores, ainda não identificados. As autoridades seguem apurando a possível extensão dos crimes.

    “Estamos lidando com uma situação que envolve planejamento detalhado e indícios de reincidência,” reforçou a delegada Sabrina Deffente.

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