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No Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, celebrado em 3 de dezembro, o Ministério da Saúde lançou uma campanha nas redes sociais que destaca o enfrentamento ao capacitismo como tema central.
A proposta é promover o letramento da sociedade sobre essa forma de discriminação, destacando como ela impacta a vida das pessoas com deficiência e reforçando a necessidade de construir uma sociedade mais inclusiva.
A pasta criou ainda uma cartilha que traz orientações para o respeito à diversidade humana, promovendo uma comunicação mais respeitosa.
Conheça a cartilha ‘Combata o Capacitismo’
O que é capacitismo?
Capacitismo é qualquer tipo de discriminação ou exclusão direcionada a pessoas com deficiência, seja por ação ou omissão, que prejudique ou negue o reconhecimento de seus direitos fundamentais.
Essa forma de discriminação está enraizada em atitudes, políticas e estruturas que limitam a dignidade e as oportunidades das pessoas com deficiência. Superar o capacitismo requer mudanças estruturais de comportamento no âmbito pessoal, social e institucional.
Cinco passos para enfrentar o capacitismo
1 – Entenda que a deficiência não define a personalidade de ninguém. A deficiência é apenas uma condição que, em interação com barreiras, pode afetar a participação plena na sociedade. Cada pessoa é única, com direitos, capacidades e individualidade como qualquer outra. Conheça o Estatuto da Pessoa com Deficiência;
3 – Elimine expressões preconceituosas de seu vocabulário. Terminologias com características de pessoas com deficiência não podem ser utilizadas como referência de incapacidade, limitação ou desvantagem. Na dúvida, pergunte às pessoas como preferem ser chamadas;
3 – Respeite o protagonismo das pessoas: dirija-se à pessoa com deficiência quando quiser solicitar alguma informação. Não use diminutivos ou voz infantilizada;
4 – Não use a pessoa com deficiência como sinônimo de superação: evite olhar com estranheza, pena ou pensar em milagre, o que associa a ideia de uma vida feliz apenas à ausência da deficiência.
5 – Reconheça a existência de marcadores sociais e atue para eliminar barreiras. Forneça oportunidade e não ‘romantize’ o esforço que pessoas com deficiência fazem para conseguir ocupar os espaços sociais.
Promovendo a inclusão e o bem-estar
O capacitismo faz mal à saúde. Ele impacta o bem-estar emocional e psicológico das pessoas com deficiência, gerando isolamento, estresse e sofrimento. Além disso, perpetua desigualdades que limitam o acesso à saúde de qualidade e a uma vida plena. São ações simples, mas essenciais, para começar a mudar suas atitudes e contribuir ativamente para a desconstrução do capacitismo.
Acompanhe a entrevista com Arthur de Almeida Medeiros, coordenador-geral de Saúde da Pessoa com Deficiência do Ministério da Saúde, que trouxe informações relevantes sobre o tema e a importância de rever comportamentos e atitudes.
Como enfrentar o capacitismo?
O primeiro passo para combater o capacitismo é reconhecer sua existência e compreender como ele opera. Muitas vezes, crenças capacitistas são normalizadas, como assumir que pessoas com deficiência são menos capazes ou que precisam constantemente de ajuda. É importante refletir sobre essas ideias, buscar educação sobre o tema e ouvir as vivências das pessoas com deficiência.
Como o Ministério ampliou a participação das pessoas com deficiência na formulação de políticas públicas de saúde?
Em 2023, houve o processo de reformulação e atualização da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas com Deficiência, e este processo contou com duas consultas públicas. Estas consultas públicas foram fundamentais para identificar as reais demandas da sociedade para que pudéssemos avançar em uma política que de fato busca atender as necessidades de saúde da população.
Qual a participação da sociedade no enfrentamento ao capacitismo?
Reconhecer o capacitismo é o primeiro passo: É preciso identificar ideias preconcebidas e buscar aprendizado sobre o tema. Promover a acessibilidade é outro ponto importante e vai além de rampas. Inclui recursos digitais e atitudes respeitosas. E por último, uma sociedade inclusiva exige ação coletiva. Empresas, escolas e órgãos governamentais devem adotar práticas inclusivas.
O senhor poderia exemplificar alguns termos capacitistas?
Alguns termos que podem ter substituições práticas:
• “Se fazer de surdo” → “Parece que não ouviu ou entendeu”.
• “Deu mancada” → “Faltou com o compromisso”.
• “Está muito autista” → “Está distraído”.
Essas adaptações ajudam a construir uma comunicação mais respeitosa. Enfrentar o capacitismo e promover a inclusão é um compromisso coletivo que beneficia toda a sociedade. Uma comunidade verdadeiramente inclusiva valoriza a dignidade humana, celebra a diversidade e garante que todas as pessoas tenham as mesmas oportunidades para prosperar e participar plenamente.
Por Vanessa Rodrigues/Ministério da Saúde
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