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O Paraná continua a liderar o número de cirurgias bariátricas realizadas pelo Sistema Único de Saúde no Brasil (SUS), com 1136 cirurgias entre os meses de janeiro a julho de 2024. O volume supera em 13,26% os 9 estados do Nordeste, que juntos somam 1.003 cirurgias no mesmo período e o segundo colocado São Paulo, que soma 1088 cirurgias realizadas pelo SUS.
Já em 2023, os números da rede pública totalizaram 1.884 procedimentos no estado, sendo que Curitiba liderou o ranking entre as capitais com 693 cirurgias realizadas no último ano, seguida por São Paulo (239) e Goiânia (230).
O presidente do Capítulo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica (SBCBM) no Paraná, José Alfredo Sadowski, conta que o principal objetivo da cirurgia é a remissão de comorbidades como doenças cardiológicas, hipertensão arterial, doenças renais, hepáticas, a remissão do diabetes tipo 2, entre outras.
“Este não é o caminho mais fácil como muitas pessoas pensam, pelo contrário, a bariátrica exige uma mudança completa no estilo de vida”, afirma Sadowski. Segundo ele, a perda de peso é uma consequência deste processo, com objetivo principal de devolver a qualidade de vida aos pacientes que já tentaram tratamentos clínicos – envolvendo medicamentos, dietas e exercícios – sem sucesso.
O Paraná possui políticas públicas voltadas ao controle da obesidade e – diferente da maioria esmagadora – é um estado que quase não possui fila para cirurgia bariátrica.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, não existe fila nos três hospitais que fazem bariátrica na cidade. Adicionalmente ao protocolo do Ministério da Saúde, Curitiba conta com uma Linha de Cuidado do Sobrepeso e Obesidade na Atenção Primária, com consulta individual e em grupo, em que os pacientes são acompanhados por uma equipe multiprofissional.
População elegível para bariátrica no Paraná
Quando se avalia a população elegível para a cirurgia bariátrica e metabólica no Paraná, um total de 588.811 pessoas, segundo dados do SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional), o percentual de pacientes com acesso ao procedimento é de apenas 0,19%.
Segundo o SISVAN a obesidade grau 1 no Paraná (quando o IMC se situa entre 30 e 34,9) atinge 361.412 pessoas; grau II (IMC entre 35 e 39,9) 150.390 pessoas e a obesidade mórbida de grau III ( IMC ultrapassa 40) foi diagnosticada em 77.009 pessoas.
Os dados estão presentes em um levantamento – realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) – em prol do Dia Nacional de Combate à Obesidade, nesta sexta-feira (11), e que reforça a necessidade de políticas mais eficazes no país.
Legenda:
Mudança de vida
A analista financeira, Franciele Mendes da Silva, lutou contra a obesidade por muitos anos. Ela passou por duas gestações, sendo uma de risco em 2018 e outra em 2019 quando sua filha nasceu. “Depois disso tentei perder peso de todas as formas e nada resolvia, estava no meu limite, não tinha ânimo nem para brincar com a minha filha”, conta. Com 116 quilos ela foi em busca da bariátrica. “Muitas pessoas me julgaram, mas não desisti e hoje não me arrependo em nenhum momento”, completa Franciele que foi operada pelo Dr José Alfredo.
Com a cirurgia, perdeu 41 quilos, chegou a 69 e adquiriu o gosto pela atividade física. Buscou alimentação de qualidade e ganhou seis quilos de massa muscular. “Hoje tenho saúde, disposição e uma nova vida”, conta.
Dados Brasil SUS e ANS
O levantamento Nacional da SBCBM apontou que o tratamento cirúrgico da obesidade foi disponibilizado no ano de 2023 para 0,0097% dos brasileiros com graus de obesidade 1, 2 e 3, aqueles que possuem recomendação para o para o procedimento no país.
Para chegar a este percentual, foram comparados o número de brasileiros com obesidade em seus níveis mais preocupantes (1, 2 e 3) com o volume de cirurgias realizadas – em 2023 – pelos planos de saúde, somados aos procedimentos realizados pelo sistema público (SUS) e cirurgias particulares.
Ao todo foram feitas 80.441 cirurgias no Brasil, sendo 7.570 cirurgias pelo SUS, conforme DATASUS, 3.830 cirurgias particulares e outras 69.041 cirurgias pelos planos de saúde, segundo os dados mais recentes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Em 2023, o volume de cirurgias realizadas pela ANS foi apenas 3,8% maior, se comparado com 2022, quando foram feitas 65.256 cirurgias bariátricas.
De acordo com o SISVAN , 8.239.871 milhões de pessoas teriam indicação de cirurgia no ano de 2023 no Brasil. Ao todo, segundo o SISVAN, 5.110.691 milhões foram diagnosticadas com obesidade grau 1 ou 20.62% do total, 2.041.747 milhões têm obesidade grau II (8.24%) e outras 1.087.433 de pessoas têm obesidade grau 3 (grave), representando 4.39% da população avaliada no ano passado.
Além disso, um novo estudo foi apresentado no Congresso Internacional sobre Obesidade (ICO) 2024, organizado pela Federação Mundial de Obesidade e comprovou que quase metade dos brasileiros adultos (48%) terão obesidade e mais 27% terão sobrepeso até 2044, conforme alerta
Indicação
Os critérios previstos nas portarias 424 e 425 do Ministério da Saúde para realização da cirurgia bariátrica pelo SUS são Índice de Massa Corporal (IMC) de 40 Kg/m², com ou sem comorbidades, sem sucesso no tratamento clínico por no mínimo dois anos e que tenham seguido protocolos clínicos. As portarias também permitem a indicação para cirurgia bariátrica de pacientes com IMC > 35 kg/m2 e comorbidades com alto risco cardiovascular, diabetes e/ou hipertensão arterial de difícil controle, apneia do sono, doenças articulares degenerativas ou outras que não tenham tido sucesso no tratamento clínico.
O paciente precisa ainda seguir, obrigatoriamente, um programa multidisciplinar de acompanhamento, que envolve mudanças na alimentação, prática de exercícios físicos e cuidados com a saúde mental.
Como é realizada a cirurgia bariátrica e metabólica
A cirurgia bariátrica é um dos principais tratamentos para a obesidade severa ou mórbida e pode ser realizada por meio de diferentes técnicas cirúrgicas, sendo o bypass gástrico e a gastrectomia vertical as mais utilizadas. Todas as cirurgias podem ser realizadas por videolaparoscopia ou por cirurgia robótica (técnica minimamente invasiva). Na cirurgia aberta, o médico precisa fazer um corte de 10 a 20 centímetros no abdômen do paciente. Na videolaparoscopia e na robótica são feitas de quatro a sete mini incisões de 0,5 a 1,2 centímetros cada uma, por onde passam as cânulas e a câmera de vídeo. Tratam-se de técnicas menos invasivas e mais confortáveis para o paciente, com um tempo de recuperação mais breve, com alta hospitalar antecipada e redução dos riscos de complicações.
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