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Por Agência Brasil
O fenômeno das apostas esportivas eletrônicas no Brasil tem avançado a uma velocidade surpreendente, superando até mesmo a propagação da Covid-19. Entre janeiro e julho de 2024, 25 milhões de brasileiros começaram a fazer apostas online, com uma média mensal de 3,5 milhões de novos usuários. Em comparação, o coronavírus levou 11 meses para atingir o mesmo número de pessoas no país.
Em cinco anos, o total de apostadores no Brasil alcançou 52 milhões, com 48% desses novos jogadores surgindo apenas nos primeiros sete meses deste ano. Esses números são comparáveis à população da Colômbia e superiores à de países como Coreia do Sul, Espanha e Argentina.
O estudo, realizado pelo Instituto Locomotiva, traçou o perfil dos apostadores: 53% são homens e 47% mulheres. A maior parte dos jogadores (40%) tem entre 18 e 29 anos, seguido por 41% na faixa de 30 a 49 anos, e 19% com 50 anos ou mais. A maioria dos apostadores pertence às classes sociais CD e E (80%), enquanto 20% são das classes A ou B.
A pesquisa revelou que 70% dos apostadores fazem pelo menos uma aposta por mês e que 60% dos que ganham um prêmio utilizam parte do valor para novas apostas. Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, destaca que o apelo das apostas é impulsionado pela facilidade de acesso via smartphones e pela intensa publicidade das plataformas.
Entretanto, o crescimento das apostas traz preocupações significativas para a saúde mental e a situação financeira dos jogadores. A pesquisa aponta que 86% dos apostadores têm dívidas, com 64% estando negativados na Serasa. Entre os endividados, 31% são apostadores. A principal motivação para as apostas é a busca por dinheiro (53%), seguida por diversão e entretenimento (22%).
O estudo também revela o impacto negativo das apostas na saúde mental. Sessenta e sete por cento dos entrevistados conhecem pessoas viciadas em apostas esportivas, e 51% acreditam que o jogo aumenta a ansiedade. Além disso, 45% admitem que as apostas já causaram prejuízos financeiros e 30% relataram danos em suas relações pessoais.
Apesar dos efeitos negativos, alguns apostadores relatam emoções positivas, como alegria (37%) e alívio (11%). A pesquisa foi realizada com 2.060 pessoas em 142 cidades, entre 3 e 7 de agosto de 2024, com margem de erro de 2,1 pontos percentuais.
O crescimento das apostas no Brasil segue a regulamentação da Lei 14.790/2023 e está sujeito à análise do Ministério da Fazenda, que atualmente avalia 113 pedidos de regulamentação para plataformas de apostas online.
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