Tempo estimado de leitura: 3 minutos
O paulista Júlio César Agripino, 33, conquistou nesta sexta-feira (30/8) a primeira medalha de ouro do atletismo do Brasil nos Jogos Paralímpicos de Paris.
O Brasil teve dobradinha no pódio dos 5.000m na classe T11 (deficiências visuais), com o sul-matogrossense Yeltsin Jacques, 32, conquistando a medalha de bronze. Os dois atletas recebem a categoria Pódio, a mais alta do programa Bolsa Atleta do Ministério do Esporte.
Júlio completou a prova com o tempo de 14min48s85, novo recorde mundial e paralímpico da distância. A prata ficou com o japonês Kenya Karasawa.
“Estou muito feliz, é muita emoção ser campeão paralímpico e quebrar o recorde mundial. Mostra a força da periferia, comecei a treinar só tinha um campinho. Mas com muita força e determinação eu consegui vencer, sempre tem altos e baixos na vida, mas agora sou campeão paralímpico. Dedico também essa medalha para o meu avô”, disse Júlio.
É a primeira medalha paralímpica de Júlio, que conquistou a prata na distância no Mundial de Kobe 2024, no Japão, ficando atrás de Yeltsin. Júlio foi o campeão mundial de outra prova de fundo em Kobe, os 1.500m, distância que ele e Yeltsin voltam a disputar em Paris no dia 2 de setembro, na semifinal. A final será em 3 de setembro.
Júlio teve ceratocone, doença degenerativa na córnea, diagnosticada aos sete anos. Ele era atleta convencional do atletismo e migrou para o paradesporto por meio dos treinadores do Centro Olímpico.
“Sempre tive dificuldade para controlar a parte mental, me concentrar. Eu chegava bem condicionado, mas falhava na concentração. Conversei ontem com minha psicóloga, falei que estava um pouco nervoso, mas hoje acordei e pensei, vou ganhar. Ela falou que eu iria reagir bem e foi o que aconteceu”, afirmou Júlio.
O atletismo teve seu primeiro dia de competições em Paris nesta sexta-feira e é a modalidade que mais medalhas deu ao Brasil na história dos Jogos Paralímpicos. As conquistas de Júlio e de Yeltsin elevaram o número a 172, agora somando 49 de ouro, 70 de prata e 53 de bronze em provas de pista e de campo.
Terceira medalha paralímpica
Yeltsin conquistou sua terceira medalha paralímpica em Paris, somando aos dois ouros em Tóquio 2020, um nos 5.000m e outro nos 1.500m, ambos na classe T11. O brasileiro é o recordista mundial nos 1500m com o tempo de 3min57s60, obtido nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020.
“Muito feliz pelo Júlio. Eu tive uma lesão, peguei uma virose, o que acabou atrapalhando um pouco a preparação. Mas como minha esposa disse, você ou chupa o limão azedo ou faz a limonada. Estou com sentimento de missão cumprida”, disse Yeltsin.
Yeltsin nasceu com baixa visão. Ele conheceu o atletismo ajudando um amigo, totalmente cego, a correr. Então, começou a treinar junto com ele para competir e iniciou sua carreira nos Jogos Paralímpicos Escolares em 2007.
“Cada atleta é um herói da natureza. E eles têm um desafio diário, principalmente por falta de investimento, por falta de ajuda. O Bolsa Atleta é comprovadamente um case de sucesso, já constatado em apenas dois dias de competições nos Jogos Paralímpicos Paris 2024”, comemora o ministro do Esporte, André Fufuca.
Comentários estão fechados.