Mais de 50% dos eleitores vivenciaram compra de votos, revela pesquisa do Inac

A corrupção, embora ocupe o oitavo lugar na lista de preocupações da população, é vista de maneira mais negativa conforme a idade e a renda dos entrevistados.

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    Uma pesquisa conduzida pelo Instituto Não Aceito Corrupção (Inac) revelou que a compra de votos é a conduta eleitoral mais repudiada pelos brasileiros. Realizado entre março e maio deste ano, o estudo abordou diversas práticas corruptas e sua aceitação pela sociedade, destacando também a prevalência de funcionários fantasmas, rachadinha e nepotismo como práticas consideradas inaceitáveis. As informações foram divulgadas pelo portal Bem Paraná.

    O levantamento consultou 2.026 eleitores de diferentes regiões, classes sociais e gêneros, que foram questionados sobre a percepção e experiência com corrupção eleitoral. Surpreendentemente, 62% dos entrevistados afirmaram conhecer alguém que trocou votos por dinheiro, enquanto 54% relataram terem sido alvos de tentativas diretas de corrupção durante os últimos dez anos.

    De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a compra de votos, tecnicamente conhecida como captação ilícita de sufrágio, ocorre quando um candidato oferece qualquer tipo de vantagem pessoal para obter votos.

    O presidente do Inac, Roberto Livianu, e também procurador de Justiça em São Paulo, comentou sobre os resultados, destacando a gravidade da situação. “A compra de votos é uma realidade concreta no Brasil”, afirmou.

    A pesquisa também revelou que apenas 20% dos entrevistados conhecem e acreditam na eficácia dos canais de denúncia disponíveis. A falta de confiança nos órgãos responsáveis reflete um desafio significativo na luta contra a corrupção eleitoral.

    Os brasileiros se preparam para mais um ciclo eleitoral, que inclui a escolha de prefeitos e vereadores em mais de cinco mil municípios. A corrupção, embora ocupe o oitavo lugar na lista de preocupações da população, é vista de maneira mais negativa conforme a idade e a renda dos entrevistados.

    Rita Biason, cientista política da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e diretora do Inac, destacou que a aceitação de certas práticas corruptas está ligada à carência e dificuldade de acesso a serviços essenciais. “A tolerância varia conforme a realidade econômica do país”, explicou.

    A pesquisa utilizou cenários hipotéticos para avaliar a percepção dos entrevistados sobre diferentes práticas de corrupção, com resultados que variaram de acordo com o tipo de crime. Desde a sonegação fiscal até o tráfico de influência, os resultados mostraram uma tolerância maior em situações relacionadas a serviços do que em desvios envolvendo a classe política.

    Livianu ressaltou a importância de respostas eficazes por parte do Sistema de Justiça para combater essas práticas. “É essencial que haja uma resposta consistente para aumentar a credibilidade das instituições”, concluiu.

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