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O Pequeno Príncipe, maior e mais completo hospital pediátrico do país, promove, de 11 a 14 de junho, a Semana da Coluna, com a realização de oito cirurgias de alta complexidade em pacientes com escoliose.
O tempo médio de cada procedimento é de quatro horas e 30 minutos, e duas equipes multiprofissionais, formadas por cerca de dez pessoas cada uma, terão o reforço de três ex-residentes da instituição.
De acordo com Luiz Müller Ávila, especialista do Serviço de Ortopedia do Pequeno Príncipe, a escolha dos pacientes – que têm entre 12 e 17 anos de idade – levou em conta o grau de gravidade e o tempo de espera. Os adolescentes passarão por uma cirurgia conhecida como artrodese da coluna.
A técnica tem como objetivo estabilizar a coluna vertebral e reduzir as dores, por meio de uma fusão em duas ou mais vértebras em pacientes com escoliose. Essa patologia se caracteriza por curvatura da coluna vertebral em forma de “S” ou “C” que, além de provocar desconforto e dores musculares, com o tempo pode causar alteração nos sistemas respiratório e cardíaco.
Troca de experiência
“Tivemos que encontrar um equilíbrio, porque algumas cirurgias são grandes e cansam bastante, física e mentalmente. Seria muito pesado realizar esse mutirão só com a nossa equipe. Então chamamos alguns colegas que fizeram a formação aqui e que, atualmente, realizam o mesmo tipo de cirurgia em outros lugares do Brasil. Teremos cirurgiões de Passo Fundo [RS], Natal [RN] e Recife [PE]. Além de eles virem nos ajudar, será uma boa oportunidade para trocar experiência”, explica Müller.
Para o neurocirurgião Anderson Matos, que atua no Rio Grande do Norte, a volta ao Pequeno Príncipe é como reviver seu sonho que se tornou realidade. “Durante os últimos anos, pude perceber que o Pequeno Príncipe não era minha segunda casa, mas minha casa em outro endereço. No Hospital, não só aprendi a fazer cirurgia de coluna infantil, mas também que tenho amigos que me abraçam e abraçam a causa da escoliose com todo o amor que podemos oferecer”, destaca o médico.
Com sua história ligada ao ensino, o Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Pequeno Príncipe foi o segundo do Paraná a capacitar residentes. Os primeiros profissionais – dois ao ano – iniciaram seu treinamento em 1969 e, em 1970, a residência foi reconhecida pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e pelo Ministério da Educação.
Incidência
O Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital Pequeno Príncipe é o maior do Brasil para atendimento exclusivamente pediátrico e, também, o maior do país para tratamento de escoliose em crianças e adolescentes. Segundo o ortopedista Luis Eduardo Munhoz da Rocha, do Pequeno Príncipe, as doenças graves da coluna estão cada vez mais evidentes no público infantojuvenil.
Essas condições podem ter como causas distúrbios congênitos, do desenvolvimento, traumáticos e síndromes. A escoliose apresenta quatro tipos. Com origem desconhecida, a mais comum é a idiopática, representando aproximadamente 80% dos casos, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde).
Quando o indivíduo já nasce com a coluna afetada por uma falha na formação óssea, visível desde o nascimento ou com o crescimento, a escoliose é considerada congênita. A neuromuscular, normalmente, ocorre secundariamente, por consequência de uma doença neurológica ou muscular, como a paralisia cerebral e a distrofia muscular.
Já a degenerativa é a que ocorre na fase adulta, pelo desgaste natural dos discos intervertebrais (desidratação discal) e articulações da coluna (hérnia de disco), e também por doenças como a osteoporose na coluna.
Em qualquer um dos casos, quanto mais cedo o problema for reconhecido, maiores serão as chances de um tratamento bem-sucedido. O diagnóstico e o tratamento precoce são essenciais para o desenvolvimento das crianças e adolescentes, além da melhora da qualidade de vida.
Ortopedia no Pequeno Príncipe
A ortopedia pediátrica é uma subespecialidade que inclui todas as doenças ortopédicas da infância. Além do atendimento de emergência 24 horas, o Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital Pequeno Príncipe realiza consultas e cirurgias, incluindo os procedimentos de grande porte. É referência nacional na área e recebe todos os dias crianças e adolescentes com patologias complexas que necessitam de cirurgias.
Atualmente, 20 médicos atuam no serviço, que conta com toda a estrutura necessária de apoio ao diagnóstico por imagem, interação com profissionais de outras áreas da medicina e suporte na reabilitação. No Centro Cirúrgico, é mantida uma das salas mais modernas do Brasil, equipada com intensificador de imagem, ar-condicionado com fluxo laminar e mesas cirúrgicas adequadas para os diferentes tipos de procedimentos.
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