Professoras de Maringá oferecem tratamento especializado para alunos autistas com ‘natação adaptada’

Diante de uma crescente demanda por aulas de natação para crianças autistas, elas decidiram se adaptar para oferecer tratamento especializado a esse público.

  • Nesta terça-feira, 2 de abril, é comemorado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo – uma data criada com o objetivo de difundir informações sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e, com isso, reduzir a discriminação e preconceitos que cercam as pessoas com essa condição.

    Embora o transtorno possa apresentar vários desafios, muitas pessoas autistas conseguem viver de forma plena e independente, principalmente com a ajuda de tratamentos especializados. Entre tantas formas para ajudar no desenvolvimento de pessoas autistas, uma modalidade vem se destacando: a prática de esportes.

    Para indivíduos autistas, participar de atividades esportivas pode ser uma experiência transformadora. Além de promover um estilo de vida saudável, o esporte também oferece uma variedade de benefícios físicos, emocionais e sociais.

    A natação, em particular, destaca-se como uma atividade terapêutica altamente benéfica. Em Maringá, duas professoras de natação estão fazendo a diferença na vida de alunos autistas com seu trabalho especializado.

    Camila Vane Crozatti Santana de Carvalho e Fabiele Cristiane Pegoraro de Oliveira trabalham na Clínica de Terapias Integradas Som Maior, na área de Natação Adaptada. Há alguns anos, elas perceberam uma crescente demanda por aulas de natação voltadas especificamente para alunos autistas.

    “A ideia surgiu quando nós trabalhávamos em uma escola de natação da cidade, e a procura dos pais das crianças autistas aumentou muito. Por isso, decidimos fazer um grupo de estudos e buscar um atendimento mais especializado para esse público.”

    Segundo as profissionais, a natação oferece uma série de benefícios tanto para crianças quanto para adultos autistas.

    “A água aquecida e a marola da piscina ajudam na regulação sensorial dos pacientes, auxiliando no desenvolvimento motor, percepção corporal e espacial. Além disso, a natação proporciona relaxamento através da água aquecida, fazendo com que os pacientes se sintam mais ‘leves’ ao final do atendimento, estimulando também a autoconfiança.”

    No entanto, ensinar natação para alunos autistas não vem sem dificuldades. As professoras explicam que o maior desafio no trabalho é lidar com as crises – reações comuns em pessoas autistas que estejam passando por uma sobrecarga emocional ou sensorial. Essas crises podem ser desencadeadas por diversos fatores, o que torna a situação ainda mais imprevisível.

    “Por mais difícil que seja, temos que manter a maior calma nesse momento e ajudar o paciente a controlar essa crise”, elas reforçam.

    Através de muito estudo e dedicação, Camila e Fabiele estão sempre em busca de mais conhecimento, para que seja possível atender às necessidades individuais de cada aluno autista.

    “Para termos um bom desenvolvimento dos pacientes na piscina, precisamos ter conhecimento sobre as características do autismo e das necessidades de cada paciente”, explica Fabiele. “Temos que ter paciência, amor, alegria e sempre lembrar que todos são capazes de se desenvolver, só precisamos estimular.”

    Fabiele Cristiane Pegoraro de Oliveira, com seu aluno Benjamin / Foto: Arquivo pessoal

    E, no final das contas, todo esse esforço vale à pena, pois é por meio deste trabalho que elas conseguem transformar a vida de seus alunos. São nos pequenos gestos que elas conseguem ver o desenvolvimento dos pacientes e esse é um motivo de orgulho para elas.

    Um exemplo disso é uma história contada pela professora Camila, que compartilhou uma lembrança emocionante com um de seus alunos durante a aula de natação.

    “Um dos momentos que mais recordo é de um paciente autista que ainda não tinha a fala desenvolvida. Estávamos em uma atividade com autoengajamento e eu disse ‘mais’, com o intuito de repetirmos a atividade, e ele repetiu ‘mais’. Nesse momento, meus olhos encheram de lágrimas, e eu só o abracei forte para ele saber como eu estava feliz por ele ter falado comigo.”

    Camila Vane Crozatti Santana de Carvalho, com sua aluna, Fernanda / Foto: Arquivo pessoal

    Para essas professoras, a importância de criar um ambiente inclusivo para pessoas autistas nas atividades esportivas é fundamental. “Sabemos que o esporte é um bem para todas as pessoas”, destaca Fabiele. “Através do esporte, conseguimos incluir e desenvolver todos os pacientes.”

    Foto: Divulgação

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