Saúde esclarece sobre a raiva e medidas em caso de acidente

Transmitida por mamífero infectado, a doença é fatal na maioria dos casos e a melhor forma de combate é informação sobre prevenção e tratamento.

  • Foto: SESA 

    O mês de julho foi escolhido pela Organização Mundial da Saúde para alertar a população sobre a importância da prevenção e tratamento das zoonoses, doenças infecciosas transmitidas de animais para as pessoas. Uma delas é a raiva, causada por vírus presente na saliva e secreções do animal (mamífero) infectado. O protocolo estadual de prevenção contra a raiva é uma poderosa arma contra a doença, considerada fatal na maioria dos casos.

    De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o Paraná apresenta uma situação epidemiológica favorável quanto à doença, sendo considerada como área controlada para raiva canina, desde 2005, ano em que foi registrado o último caso desta variante no Paraná. Ainda assim, a Divisão de Vigilância de Zoonoses da Sesa alerta para os cuidados e a atenção em caso de acidente.

    Edilaine Aparecida Freitas, servidora pública, foi mordida por um cão há dois meses. O ferimento profundo a assustou, mas não causou preocupação, já que o animal era da família e estava com as vacinas e cuidados em dia. “Para me certificar que realmente estava segura, eu ainda procurei um profissional da saúde para ver se havia a necessidade de algum tratamento, se precisava tomar algum medicamento ou ainda tomar a vacina antirrábica. Por saber a procedência do cão, fui aconselhada a observar o bichinho”, disse.

    De acordo com a responsável pelo Programa Estadual de Controle da Raiva da Sesa, Tatiane Cristina Brites Dombroski, a transmissão ocorre através da saliva de um mamífero infectado, principalmente por mordida de animais. Existe um protocolo estadual, embasado no protocolo nacional que norteia tanto profissionais de saúde quanto a população sobre medidas a serem tomadas em casos de acidentes com os animais.

    “Nem todos os casos de agressões por cães e gatos exigem a administração do esquema profilático, como naqueles em que há apenas contato indireto com o animal agressor ou quando o cão ou gato são observáveis. Nesses casos em que não há indicação de profilaxia, a correta orientação evita indicação desnecessária de imunobiológicos para as pessoas”, explicou Tatiane.

    A vacina antirrábica humana está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e é indicada para a prevenção da raiva em todas as pessoas que tiveram um acidente com um animal possivelmente contaminado. Se o paciente se enquadrar nos critérios para profilaxia, o município de residência deverá agendar a vacinação. Caso não possua doses em estoque, poderá solicitar à Regional de Saúde de sua abrangência.

    CÃES E GATOS – Os principais critérios para a decisão no tratamento incluem fatores como a condição do animal no momento do acidente e a característica do acidente (leve ou grave). Um dos fatores determinantes é a possibilidade de observação do animal durante 10 dias. Se em todo esse período ele permanecer saudável e não houver morte, a raiva é descartada e, consequentemente, não há risco de transmissão do vírus.

    Se porventura o animal desaparecer, apresentar sinais de raiva, morrer e o diagnóstico de raiva não puder ser afastado, a profilaxia deve ser iniciada imediatamente.

    Alguns sintomas podem sinalizar a raiva no animal como mudança repentina de comportamento, dificuldade para ingerir ou recusa de água, engasgos, salivação excessiva, paralisia de cabeça, pescoço ou qualquer membro, arrastar as pernas, esconder-se, inquietação ou quietude anormais.

    “Cães e gatos são grandes parceiros, e muitos deles fazem parte da nossa rotina, mas precisam de cuidados quando necessário, tratamento adequado”, disse a coordenadora da Vigilância Ambiental da Sesa, Ivana Belmonte.

    Ela lembra que, além da raiva, a esporotricose (micose subcutânea que entra no organismo por meio de uma ferida na pele) e a brucelose (transmitida por animais terrestres e aquáticos infectados) são exemplos de doenças transmissíveis entre animais e seres humanos.

    “Devemos ficar atentos e procurar atendimento médico o quanto antes, em caso de acidente”, alertou Ivana.

    OUTROS ANIMAIS – Em caso de ocorrência com mamíferos silvestres (como raposa, macaco, quatis), a característica do acidente determinará a aplicação de quatro doses da vacina (se leve) ou de quatro doses e a administração do soro antirrábico (se grave).

    Os acidentes causados por morcegos de qualquer espécie entram na lista de exceções para a definição da conduta profilática. Como são sempre considerados graves, o protocolo de vacinação e soro antirrábico deverá ser aplicado de imediato.

    ALERTA À POPULAÇÃO – No caso de sofrer qualquer tipo de agressão por animais mamíferos: lavar o ferimento imediatamente com água corrente e sabão, procurar rapidamente uma unidade de saúde, fazer o tratamento quando for indicado sem faltar às vacinações. Evite tocar em qualquer morcego, vivo ou morto – são animais de hábitos noturnos. Quando encontrados caídos ou voando durante o dia podem estar doentes, com o vírus da raiva.

    O contato direto com morcegos por toque, arranhões ou mordidas é grave. Caso isso aconteça, procure a unidade de saúde mais próxima.

    Qualquer espécie de morcego pode transmitir o vírus da raiva, não apenas o hematófago. É importante a vacinação anual contra raiva de cães e gatos, mesmo para animais idosos e que não tenham acesso às ruas.

    Para humanos, não há indicação de vacinação prévia, com exceção dos profissionais que trabalham na área e com manejo de animais, conforme avaliação baseada no protocolo do Ministério da Saúde.

    MÊS DE JULHO – A Organização Mundial da Saúde (OMS) designou 6 de julho como Dia Mundial das Zoonoses em referência à aplicação, pelo cientista Louis Pasteur, da primeira vacina contra a raiva em um garoto de 9 anos que havia sido mordido por um cão infectado. Graças à vacinação, em 1885, na França, ele sobreviveu.

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