Crianças relataram tapas no rosto recebidos de cuidadoras em abrigo municipal de Maringá, diz Polícia Civil

O Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria) instaurou um inquérito para acompanhar o caso envolvendo o abrigo municipal para crianças em Maringá. De acordo com a delegada responsável pelo caso, funcionários relataram déficit de servidores e problemas na estrutura do local.

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    Crianças acolhidas no abrigo municipal de Maringá relataram terem sido enforcadas e recebido tapas no rosto de cuidadoras dentro da instalação. Os depoimentos foram prestados à duas psicólogas da Assistência Social e foram entregues ao Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria), da Polícia Cívil, que instaurou um inquérito para apurar o caso.

    Na segunda-feira (26), seis crianças fugiram das instalações durante a madrugada. Na terça (27), os internos depredaram o abrigo e precisaram ser transferidas para um espaço provisório. Algumas das 26 crianças acolhidas foram recebidas, inclusive, por famílias voluntárias.

    Em entrevista ao Maringá Post nesta quinta-feira (29), a delegada-chefe do Nucria de Maringá, Karen Friedrich, explicou que a Polícia já teve acesso aos depoimentos das crianças e segue investigando o caso. As possíveis agressões teriam, inclusive, sido testemunhadas.

    “Fomos, nesta semana, até o abrigo municipal. As psicólogas realizaram dez escutas especializadas das crianças que estavam lá acolhidas e dessas escutas podemos destacar aí os relatos referentes a duas educadoras. De uma delas, eles relatam que ela desferiu tapas no rosto, enforcou uma criança e também uma testemunha que teria visualizado ela puxando o cabelo dessa criança e segurando, pegando os braços. Mas para essa testemunha, essa situação poderia ser uma contenção, o que caracterizaria talvez um excesso na contenção. Em relação a uma outra criança, que apresentou inclusive marcas, hematomas, estava com os braços roxos, ela disse que uma educadora segurou ela com muita força, mas ela disse que estava tentando fugir. Então, neste caso, a gente vai analisar se houve um excesso, uma tentativa de tentar conter essa criança ou se ela praticou um crime”, disse.

    As crianças ouvidas têm entre 7 e 12 anos de idade. Das 10 que foram chamadas para relatar a situação, duas se negaram a falar com as psicólogas. Os relatos, conforme as escutas, apontam para a conduta de duas educadoras. Ainda de acordo com a delegada, a Polícia também ouviu servidores do abrigo, que relataram déficit de funcionários e problemas na infraestrutura do local.

    “Ontem também realizamos as oitivas da assistente social, da psicóloga, a diretora também já foi ouvida. Todas relatam ali situações de bastante dificuldade, o déficit de servidores, a questão da estrutura que não é adequada para colher essas crianças. Relatam também ali o número de crianças no abrigo, que atualmente é 26, que é muito acima da capacidade que seria ideal para o local. Falam também sobre o abrigo ser um local de acolhimento provisório e que muitas crianças estão ali há muitos anos”, afirmou Karen.

    Conforme a delegada-chefe do Nucria, outros educadores da instituição serão ouvidos. O inquérito não tem data para ser finalizado.

    “Foram realizadas as escutas especializadas, vamos ouvir os demais educadores, servidores e vamos, então, diligenciar em relação a outros elementos que possam colaborar com as escutas especializadas dessas crianças”, finalizou.

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